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18/10/2013

Tif et Tondu: Enquêtes Mystérieuses

Intégrale #8











Tillieux e Desberg (argfumento)
Will (desenho)
Dupuis
Bélgica, Setembro de 2010
220 x 300 mm, 156 p., cor, cartonado
20,50 €


Regresso regularmente aos integrais franco-belgas.
Pela qualidade editorial, pelos dossiers que abrem os volumes (no caso presente dedicado á entrada de Desberg para a equipa criativa), pela boa relação qualidade/preço, pelo regresso a heróis e/ou géneros que me marcaram há (alguns…) anos e aos quais volto de forma recorrente e com prazer.
Este oitavo tomo da Tif e Tondu, marcado pela entrada de Desberg como co-argumentista de Tillieux, mostra o duo de protagonistas em duas situações distintas.
Na primeira história – Aventure Birmaine – deslocados do seu ‘habitat’ natural – funcionam mais como espectadores do que como actores principais de uma história com leves contornos políticos, centrada na busca de um tesouro arqueológico numa antiga colónia francesa, por um grupo em que nem todos são quem parecem, como se descobre no final - trágico.
No relato seguinte – Le gouffre interdit, a pérola deste integral – apesar dos espaços (aparentemente) abertos em que decorrem, Tif e Tondu movem-se num cenário (quase) fechado, balizado por três ou quatro pontos de referência, com uma galeria de personagens curta mas bem trabalhada, em que o clima de mistério e suspense atinge níveis bastante interessantes.
Na base da história, consistente e engenhosamente pensada e desenvolvida por Tillieux e Desberg, está um assalto a um banco seguido da morte (?) dos ladrões na sequência de um acidente junto a uma ravina funda e inacessível, cujo acesso foi convenientemente interditado.
Finalmente, Les passe-montagnes leva-os em pleno Inverno para a alta montanha, onde descobrem uma secreta estância de luxo para milionários, onde terá lugar um rapto. Apesar da abordagem de duas temáticas então actuais – a importância do petróleo e o terrorismo asiático – e do ritmo mais vivo, a acção a rodos é de certa forma cortada por um tipo de humor que não assenta bem no espírito da série e acaba por desmotivar um pouco a leitura.
Leitura que, no seu conjunto, não é novidade, vale pelo tom nostálgico e pelo reencontro com dois clássicos infanto-juvenis que marcaram (e replicaram) a BD franco-belga (mais) tradicional de aventuras das décadas de 60 a 80.

17/01/2013

Crève Saucisse









  
Pascal Rabaté (argumento)
Simon Hureau (desenho)
Futuropolis
França (10 de Janeiro de 2013)
195 x 265 mm, 80 p., cor, cartonado
16 €



Resumo
Didier é talhante, fã de banda desenhada e… um marido enganado pelo seu melhor amigo, desde as últimas férias que os dois casais passaram juntos.
Por isso, nada mais natural que arquitectar uma vingança, tendo por inspiração uma das suas bandas desenhadas de referência.

Desenvolvimento
Se há casos em que a ficção (aos quadradinhos) imita a realidade ou que a realidade imita a ficção (aos quadradinhos), a existirem, não devem ser muitos os casos como este em que a ficção (aos quadradinhos) imita (uma outra) ficção aos quadradinhos!
A história parece  enganadoramente banal: o marido descobre a traição, segue a mulher diversas vezes para confirmar, arquitecta um plano para se vingar e recuperar a  companheira, põe-no em prática e… algo corre mal.
Só que, “Crève Saucisse”, desenhado num traço solto e dinâmico por Hureau, que se revela bastante expressivo apesar da sua aparente simplicidade, está escrito de forma consistente e com um humor negro e ácido por Rabaté, o que o transforma em puro divertimento, bem ritmado e até com diversos momentos de suspense o relato da progressiva degradação da relação do casal.
Na sua leitura, enquanto (involuntariamente?) torcemos pelo sucesso do marido enganado, aparentemente um homem pacato e tranquilo que se revelará capaz de grandes horrores, que vai descarregando a sua fúria na carne que retalha, vamos acompanhando a passo e passo a descoberta da traição e a preparação do plano para recuperar a sua mulher, Sandrine, e livrar-se do seu amigo Eric, em novas férias em conjunto, durante as quais porá em prática os mais variados estratagemas para impedir que os dois consigam estar sós.
Mas, para além de teatro de costumes, “Crève saucisse”, é também uma bela homenagem ao magnífico “Gil Jourdan – La voiture immergée”, de Maurice Tilieux, bem como a muita da BD franco-belga, mostrada aqui e ali ao longo do relato. Aquela obra de Tillieux serve de base para Didier arquitectar o seu plano, levando o seu “concorrente” ao local real que a inspirou.
No final, no entanto, como esta BD é apenas um reflexo duma outra ficção (em BD), nem tudo acaba bem para o protagonista, cujo plano não resulta tão bem quanto pensava… denunciado por um insuspeito herói de (outra) BD…
O que, aos seus olhos - os olhos de alguém cuja mente está distorcida pelos quadradinhos que lê! - não se revela tão grave assim, porque com certeza existirá uma outra banda desenhada a imitar na (sua) vida real, para reparar o que a primeira acabou por destruir!

A reter
- O humor negro do relato, divertido e surpreendente.
- A legibilidade do traço de Hureau.
- A bela homenagem a Tillieux, expressa também nas sequências do álbum original redesenhadas e incluídas no actual relato.
- A conseguida ligação entre as duas narrativas desenhadas.


30/12/2011

Tif et Tondu

#7 – Enquêtes à travers le monde
Les Intégrales Dupuis
Tillieux (argumento)
Will (desenho)
Dupuis (Bélgica, Setembro de 2007)
218 x 286 mm, 160 p., cor, cartonado, 19,95 €

Resumo
Sétimo tomo dos doze previstos da reedição integral temática de Tif e Tondu, reúne os álbuns “Sorti des Abîmes” (19º da série), “Le Scaphandrier mort” (21º) e “Tif et Tondu à New York” (23º), originalmente publicados na revista “Spirou” entre 1971 e 1974, bem como um dossier sobre os autores.

Desenvolvimento
Sei que recorrentemente tenho referido aqui os volumes integrais em que as editoras francófonas têm apostado fortemente nos últimos tempos e só não me declaro viciado neles porque esse seria um vício caro – não pelo preço em si de cada tomo, altamente tentador, mas pela grande quantidade de títulos actualmente disponíveis.
E a verdade é que, neste formato, com esta roupagem, devidamente enquadradas pelos dossiers que geralmente abrem o livro, até séries, não menores mas de nível médio, como Tif e Tondu, revelam novos focos de interesse.
No presente volume, destaco mais uma vez o dossier inicial que, apesar de relativamente curto em termos de texto (da autoria do conhecedor Didier Pasamonik), é profusamente ilustrado com diversos documentos (fotografias, originais, inéditos, capas de revistas, etc.) e aborda de forma bastante completa e atractiva o método de trabalho e as rotinas de Will e Tillieux, enquadrando o seu trabalho na sua época e no âmbito da banda desenhada francófona, contribuindo assim para traçar mais um capitulo da história das histórias aos quadradinhos franco-belgas.
Tematicamente – é essa a forma que esta colecção adoptou – temos mais três aventuras de Tif e Tondu que se distinguem por os encontramos longe do seu habitat natural – em Londres, numa ilha distante do Pacífico, em Nova Iorque – onde levam a cabo os habituais inquéritos, nos quais mistério, fantástico, acção, humor e ingenuidade se complementam para proporcionar uma leitura leve mas bem disposta a quem nela se embrenhar.
Acompanhados pela bela – mas nem sempre paciente e razoável – condessa Kiki, assumindo cada um na sua vez diferentes graus de protagonismo nas narrativas, vêem-se envolvidos – sempre de forma involuntária - numa caça a um monstro marinho à solta no Tamisa, na descoberta de um segredo – um tesouro? – perdido nas profundezas marinhas e numa caça a mafiosos provocada por uma troca de malas.
Das três aventuras propostas, destaco a primeira, pelo seu tom de mistério e fantástico que mantém o suspense – e o interesse dos leitores – ao longo de mais de metade das suas páginas, criado pela expectativa do que poderá causar o suposto monstro marinho à solta nas nevoentas docas londrinas.

A reter
- O formato em si. Pela estrutura, pela recuperação de clássicos, pela boa relação qualidade/preço.
- A nostalgia provocada pelo tom saudavelmente ingénuo da série.

Menos conseguido
- Sendo uma reedição organizada tematicamente, esta colecção separa álbuns com alguma continuação, o que não faz muito sentido…

04/02/2011

Tif et Tondu

#2 – Sur la piste du crime
Les Intégrales Dupuis
Tillieux (argumento)
Will (desenho)
Dupuis (Bélgica, Setembro de 2007)
218 x 286 mm, 160 p., cor, cartonado, 19,95 €

Resumo
Segundo tomo da reedição integral temática de Tif et Tondu, reúne os primeiros álbuns que tiveram argumento de Maurice Tillieux, “L’ombre sans Corps” (1968/69), “Contre le Cobra” (1969/1970) e “Le Roc Maudit” (1970/71), respectivamente os 16º, 17º e 18º da cronologia da série, e também a história curta “À 33 pas du mystère” (1970).

Desenvolvimento
Entre as histórias do primeiro integral e estas transcorreram cerca de 15 anos e mais 10 álbuns, mas a verdade é que a grande diferença entre umas e outras é a mudança de argumentista.
Depois de Rosy ter tutelado os dois heróis, Tondu, o barbudo, e Tif, o calvo, levando-os para aventuras de tom cada vez mais fantástico, resolveu abandonar a banda desenhada, sendo substituído na escrita das histórias por Tillieux, autor – entre muitos outros – do notável Gil Jourdan.
E a mudança fez-se notar de imediato, com os heróis a voltarem aos relatos de carácter policial, com um pouco de mistério à mistura. Dessa forma fez crescer de novo o interesse (e a qualidade da série), sendo as três narrativas agora reunidas, excelentes exemplos do melhor que a revista Spirou publicou na época.
Assim, “L’Ombre sans corps”, leva Tif e Tondu até Londres, numa visita ao seu amigo inspector Ficshusset, da Scotland Yard, acabando envolvidos na descoberta de um misterioso ser, invisível e de força sobre-humana, votado a vingar-se em nome de um bandido morto por Ficshusset. Embora a explicação do fenómeno seja algo ingénua – se encarada à luz dos nossos dias – a verdade é que Tillieux mantém o leitor cheio de curiosidade ao longo de quase toda a história, doseando bem a acção e o mistério envolvidos.
Quanto a “Contre le Cobra”, marca a estreia da bela condessa Amélie d’Yeu, aliás Kiki, que será depois presença recorrente, transformando num trio o duo de protagonistas. Nesta primeira aparição, ela é o motor da acção, enquanto possuidora de um castelo, aparentemente assombrado, para o qual convida Tif e Tondu. As coisas precipitam-se e quando os heróis acordam estão a centenas de quilómetros do castelo, dentro de um carro que acaba de mergulhar no mar. Nesta história, ao contrário da anterior, a acção tem predominância sobre o suspense, mas o conjunto está bem imaginado.
Finalmente, “Le Roc Maudit”, apesar da forma algo forçada como o episódio inicial é encaixado na explicação final, é um belo exemplo de um policial passado em local fechado, no caso um farol isolado no meio do mar, onde as mortes se sucedem. Mais uma vez, Tillieux vai semeando as pistas ao longo do relato, permitindo ao leitor descobri-las – e interpretá-las – ao mesmo tempo que os heróis de papel.
Uma palavra final para o trabalho gráfico de Will, numa linha clara de traço arredondado, com destaque para a concepção das pranchas pela legibilidade e dinamismo que apresentam.

A reter
- Mais uma bela edição integral.
- O dossier inicial, profusamente ilustrado, que se debruça em especial sobre o trabalho de Tillieux na série.
- A qualidade das três histórias longas apresentadas.

Menos conseguido
- A obrigação de esperar pelo final desta reedição temática, para poder fazer uma leitura cronológica da série e perceber melhor a sua evolução.

Curiosidades
- Este volume reúne duas das quatro aventuras de Tif e Tondu publicadas em Portugal: “Contra o Cobra”, publicada pela primeira vez em 1979 na revista “Spirou” (2ª série) e depois no “Jornal da BD” (1984); “O Rochedo Maldito”, que ficou incompleta no “Jacaré” (1974) e na “Spirou” (2ª série), sendo finalmente publicada na íntegra no “Jornal da BD”.
- Antes disso, Tif e Tondu tinham feito a sua estreia no “Cavaleiro Andante” #540, de 5 de Maio de 1962, com “A Bomba” (informação do site BDNostalgia que não consegui confirmar na prática), tendo também passado pela “Spirou” (1ª série) em “A Matéria Verde” (1971), depois também republicada no “Jornal da BD” (1985).

14/07/2009

Gil Jourdan – L’Intégrale #1

Gil Jourdan – L’Intégrale #1
Maurice Tillieux (argumento e desenho)
Dupuis (Bélgica, Junho de 2009)
220 x 300 mm, 240 p., cor, capa cartonada


Resumo

Primeiro volume da reedição integral de Gil Jourdan, uma das mais marcantes criações de Maurice Tillieux (1921-1978), para além de um texto introdutório, inclui as histórias "Libellule s'évade", "Popaïne et vieux tableaux", "La Voiture immergée" e "Les Cargos du crépuscule".

Desenvolvimento
Clássico dos anos 50 e 60, criado quando Tillieux se juntou à revista Spirou, Gil Jourdan é o exemplo perfeito – e possivelmente o primeiro exemplo – de um conseguido casamento entre o tom policial e o registo semi-humorístico. Para o conseguir, foi necessário um autor de eleição como Tillieux hábil no desenvolvimento das histórias, convincente nos casos criados, equilibrado entre os momentos narrativos e os de acção, mestre na criação de situiações de suspense no fim de cada página, como obrigava a publicação semanal em revista, insuperável na construção dos diálogos, ao mesmo tempo credíveis e divertidos, contidos e esfusiantes, e com os incontornáveis trocadilhos de Libellule.
A galeria de personagens é outro dos trunfos desta série, que passou incólume quase meio século, com o protagonista Gil Jourdan, um recém-licenciado em Direito que se torna detective particular, a ser ladeado por Libellule, um criminosos que ajudou a evadir, Crouton, um inábil (para não dizer pior…) polícia e a sua eficiente secretária Queue-de-Cerise.
Nas quatro histórias aqui reunidas – na verdade apenas três, poisas duas primeiras formam um (pouco habitual na época) diptíco – Jourdan enfrenta e desbarata um bando de traficantes de arte e droga, descobre um assassino e neutraliza um plano para apropriação fraudulenta de um seguro. Erece um destaque especial "La Voiture immergée", um relato de pura dedução, que na sua maior parte se desenrola numa estrada (inspirada na realidade) entre o continente e uma ilhota, que fica submersa pela maré na maior parte do tempo, onde (quase) tudo acontece, no qual Tillieux consegue criar momentos de extrema tensão.

A reter- A frescura de uma obra com 50 anos.
- O ritmo e o tempo certos das histórias e o equilíbrio perfeito entre o registo policial e de humor.
- O texto introdutório que apresenta o autor e a personagem e analisa cada uma das histórias.

Curiosidades
- Se quase apetece copiar integralmente todo o (belo) texto introdutório de apresentação do autor e dos seus heróis, quero citar três curiosidades nele referidas: Tillieux foi “empurrado” para a BD por “não saber escrever nem desenhar”, o nascimento de Gil Jourdan deveu-se a uma mudança de editor e, por uma vez, foi mecânico de François Schuiten!
- Nas primeiras histórias de Gil Jourdan, Tillieux “reciclou” gags e ideias anteriormente desenvolvidas por si na série “Félix”.

Desabafo
- Eu sei que o país é diferente, que a realidade - económica e cultural… - também e até percebo as razões: tiragens mais levadas, inexistência de custos de tradução e legendagem, fotolitos já existentes, menores custos com direitos de autor… Mas não posso deixar de sentir inveja dos belgas, franceses e suíços quando olho para estas belas edições integrais com o quádruplo das páginas de um álbum normal e um preço que mal chega ao dobro…
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