16/05/2011

Manuel António Pina

Prémio Camões 2011

Cronista lúcido, ácido e mordaz, cuja leitura da sua coluna Por Outras Palavras não dispenso diariamente na última página do “nosso” Jornal de Notícias, criador como há poucos de histórias infantis – adultas na forma como se apresentam aos seus pequenos (em tamanho) leitores, tratando-os como iguais, e como nos agradam a nós, ”grandes” leitores -, poeta de eleição, jornalista reconhecido, Manuel António Pina foi distinguido na passada quinta-feira com um justo e merecido Prémio Camões.
E se dessa obra vasta e diversificada nos últimos dias se encarregaram outros, uns melhor, outros nem tanto, mesmo sabendo que não são a sua área de eleição, quero destacar hoje duas intervenções que teve relacionadas com as histórias aos quadradinhos - nas quais sei que partilha comigo o gosto por obras como The Spirit ou Corto Maltese…
Como autor, em 1996, a convite da Gec Alsthom, uma das empresas concorrentes à adjudicação da construção do (então) futuro Metro do Porto, Manuel António Pina sonhou esse futuro sobre carris na cidade que há décadas adoptou como sua, levando nesse sonho aos quadradinhos os leitores de “Uma viagem fantástica”, desenhada por Rui Azul.
Antes, em 1987, como redactor responsável pela área cultural, quando acreditou em mim e me convidou para escrever no Jornal de Notícias, primeiro de forma irregular, depois assinando a coluna semanal Aos Quadradinhos que durou uma década. Por isso, se esta escrita (aos quadradinhos) é hoje o centro da minha vida, acredito que o devo, em grande parte, a ele.
Obrigado – também por isso – caro Pina.


Nota: Escrito para ser publicado na própria quinta-feira, este texto apenas surge hoje devido aos problemas que afectaram o Blogger e que me impediram de fazer actualizações mais cedo. Porque acredito que esta singela homenagem é justa e devida, ela aqui fica na mesma hoje.

9 comentários:

  1. E qualquer homenagem justa é sempre devida, não importa se foi no dia próprio ou uns dias depois!
    O que interessa é ser sentida!
    :)

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  2. Sempre comprei, mas espaçadamente, o Jornal de Notícias, por causa dos textos sobre banda desenhada (ou histórias aos quadradinhos) do F. Cleto e Pina (aliás, Pedro Cleto), e por causa da série Zits - que entretanto desapareceu -, e ultimamente tenho estado a comprar todos os dias por causa da tira diária de BD, a cores (um caso raríssimo nos média portugueses) que o JN começou a publicar na última página, e que já comentei no meu blogue.
    Devo dizer que também eu não dispenso a leitura da excelente rubrica "Por Outras Palavras", de Manuel António Pina.
    Já me tinha apercebido do interesse do jornalista e escritor pela banda desenhada, agora fiquei com a certeza, graças ao comentário elogioso do Cleto.
    Como costumo dizer, quanto mais elevado é o nível cultural das pessoas, mais consideração têm pela BD. Manuel António Pina vem confirmar esta minha teoria.
    Abraços.
    GL

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  3. Olá Bongop,
    Tens toda a razão...!
    E só lamento aquelas - justas e sentidas - que ficam por fazer.

    Olá Lino,
    Obrigado pela visita e pelas suas palavras...

    Abraço aos dois,
    Pedro

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  4. Não tenho palavras para descrever o que senti quando soube do desaparecimento do Manuel Pina. Grande poeta, excelente cronista e de certeza um bom contador de histórias com os amigos.
    Obrigado por tudo o que me deu e que fica comigo.

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    1. André,
      Subscrevo inteiramente as tuas palavras.
      Boas leituras... de Manuel António Pina.

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  5. Ver alguém, cujo trabalho deixou marcas, partir, é sempre difícil. Dizem por aí que ninguém é insubstituível, mas a verdade é que há gente que custará muito substituir. E isso fica bem patente nesta sua sentida homenagem. Ficam pelo menos as memórias que nos ajudam a preencher um pouco o vazio que se instalou. E, concordo que nunca é tarde, quando falamos de sentimentos genuínos. Um abraço.

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    1. Olá João,
      Sim, há alguns que são insubstituíveis, por muito que nos queiram dizer que não.
      O Manuel António Pina, uma voz inconformada e bem viva, vai fazer muita falta no momento atribulado que este país vive.
      Temos, para reler, para nos fazer pensar, para nos obrigar a agir, tudo aqueilo que deixou escrito. Essa será a única homenagem que fará sentido.
      Boas leituras... de Manuel António Pina.

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  6. Há, de facto, vozes que nos fazem muita falta, mesmo sem termos conhecido a sua pessoa física. Manuel António Pina tinha uma dessas vozes, que era escutada e apreciada por muita gente, tanto através dos seus poemas como das crónicas do JN, interventivas, lúcidas, independentes, desassombradas... para nos ajudarem a combater o cinzentismo e a abulia sem esperança dos dias que passam, e outros males ainda maiores. Voz incómoda para uns tantos? Sem dúvida, mas tão necessária, como a sua poesia, para muitos mais...

    Um abraço,
    Jorge Magalhães

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    1. Sem dúvida, caro Jorge Magalhães, sem dúvida...
      Resta-nos homenageá-lo, relendo o que deixou escrito...
      Boas leituras... das crónicas e da poesia do Manuel António Pina!

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