Um mundo de
violência
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Marco Soldi e Luigi Pittaluga (desenho)
Mythos Editora
(Brasil, Abril de
2012)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado,
mensal
R$ 8,90 / 4,00 €
“Reencontro”
poderia ser o título desta crónica.
Reencontro
com Julia Kendall, depois de meses de ausência devido à decisão da VASP de não
distribuir este título da Mythos em Portugal.
Reencontro
possível porque mãos (muito) amigas me fizeram chegar um bom lote de números de
“J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga” e agora o difícil é resistir a
lê-los todos de enfiada e voltar a enfrentar (longos) meses de privação.
Em
“Um mundo de violência”, após a morte de um atleta no ringue, a pedido do
detective Leo Baxter – que desempenhará um papel crucial na história - a Julia
envolve-se com o lado mais negro do (baixo) mundo do boxe, dos combates
vendidos, dos atletas comprados e explorados e das apostas ilegais.
Retrato
duro e incisivo de um submundo que todos fingem não existir, esta é uma nova
oportunidade para Berardi e Calza traçarem um retrato assertivo das piores
facetas da sociedade de Garden City – da sociedade norte-americana, da nossa
sociedade ocidental – em que uns quantos controlam, exploram, violentam,
condenam à morte ou descartam quando já não têm mais serventia um grande número
de infelizes que da vida não conseguem mais do que sonhar pequenos sonhos, que
quem os domina torna inatingíveis.
De
forma contrastante com aquele universo violento, as habituais inseguranças e
vulnerabilidades de Julia – que fazem dela um caso tão especial nos
quadradinhos dos nossos dias – levam-na a expor-se mais do que é vulgar e a
quase terminar a sua carreira de forma violenta e definitiva, como mais alguém desfeito
pelo mundo do boxe, em mais um relato desenhado, de final trágico em que ainda
há tempo para redenção, numa prova de crença no melhor do ser humano.
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