Uma das principais características de uma colecção como a Novela
Gráfica, que a Levoir e o Público têm disponibilizado ao longo das
últimas semanas e até 22 de Setembro, é a sua heterogeneidade que, se não
permite agradar a todos – longe disso – tem um leque de propostas capaz de
atrair – de forma diferente, para títulos diferentes – leitores de um vasto
espectro.
E, igualmente – mais do que isso até? – pela diversidade de
propostas que apresenta, possui um enorme potencial de surpreender aqueles
leitores que se atrevam a sair da sua ‘zona de conforto’.
Fogos
e Murmúrio, é um dos exemplos mais evidentes disto na selecção
de 2016 da colecção, especialmente porque é, prioritariamente, uma aposta
gráfica de Mattoti, em especial na cor, inovadora aquando do seu lançamento na
década de 1980, mas que hoje continua a apresentar potencial para desafiar e
surpreender os leitores.
Fogos e Murmúrio |
[Para mais podendo ser lidos em boas edições, em português ‘correctamente
escrito”, a preços sem concorrência.]
Se não renego o que atrás escrevi, é evidente que, à
partida, existem títulos fortes, ‘seguros’, que balizam e garantem o sucesso da
iniciativa. V de
Vingança, A
Garagem Hermética e Valentina,
pela sua importância histórica específica são três exemplos, a par dos livros
de Taniguchi
e Altarriba/Kim,
fruto da boa aceitação que as suas obras – respectivamente O
diário do meu pai e A arte
de voar - tiveram na colecção
homónima de 2015. Presas
Fáceis, pelo prestígio de Prado no nosso país, e Daytripper,
de Gabriel Bá e Fabio Moon, pelos prémios e pelas boas críticas que o
precederam, são outros títulos que podem ser associados a este grupo.
E são estes livros – com maiores tiragens logo à partida? –
que permitem a aposta – mais arriscada – em obras igualmente de qualidade – ou com
outras qualidades… - mas menos mediáticas.
Luna Park |
Sejam os motivos a falta (ou não) de argumento unificador em
A
Garagem Hermética, o ritmo excessivamente lento (ou não) de A
Dança das Andorinhas, a importância (ou não) da ausência da cor em Luna
Park, o excessivo envelhecimento (ou não) de Fax de
Sarajevo, a poesia excessiva (ou não) em Fogos
e Murmúrio, o hiato narrativo existente (ou não) em V de
Vingança ou Parque
Chas…
Porque, inevitavelmente – na BD como noutras áreas – é da diversidade
que vem a qualidade e é essa mesma diversidade que permite formar um gosto e estabelecer
hierarquias e juízos de valor.
Não é fácil agradar a gregos e troianos, mas julgo que numa próxima edição de novelas gráficas, obras como o Ici Même, de Tardi, e o Colecionador, de Toppi, seriam boas apostas. Boas histórias, autores consagrados e lucro garantido.
ResponderEliminarGP
O que o Pedro escreveu sintetiza perfeitamente o porquê de eu achar que as duas colecções novela gráfica são, pela quantidade, qualidade e variedade, a mais importante iniciativa editorial de bd em Portugal dos ultimos anos. Esperemos que continue com uma terceira.
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente a opinião do Pedro, a colecção Novelas Gráficas tem sido repleta de boas surpresas. Apesar de haver um título ou outro que me agradaram menos tenho sido surpreendido quase semanalmente com grandes obras que outra forma poderia nunca conhecer. Embora já conhece-se alguns autores e algumas obras (Daytripper tenho a versão brasileira) esta é sem dúvida uma excelente colecção, o único mal é o espaço e o dinheiro, ambos começam a escassear.
ResponderEliminarNão tenho o tempo que gostaria de ter para ler tudo o que compro (e já só estou a flar de BD)
ResponderEliminarLi o V assim que saiu e só este fim de semna li mais dois desta segunda série das NG.
Daytripper e a Dança das Andorinhas.
O Day foi agarrado devido a um post do Nuno Amado no seu blog onde fazia a sua apologia.
As andorinhas derivam de eu ter gostado muito do Persepolis e este (mal ou bem) se enquadrar no mesmo tipo de registo.
Excelentes os dois.
Obrigado à Levoir.