Se há algo que é obrigatório reconhecer na banda desenhada franco-belga - a que estou a considerar neste momento e onde a prática e os exemplos abundam - é competência na execução de projectos que, sendo didácticos, escondem esse propósito na forma.
Prometeu e a Caixa de Pandora
- como já sucedia com Darwin
ou Magalhães,
igualmente traduzidos pela Gradiva - é um bom exemplo disso.
Na sua
origem está um dos contos da mitologia grega, o mito de Prometeu, o
titã responsável pela criação do homem, a pedido e
para distracção dos
deuses entediados com a sua vida perfeita no Olimpo.
Parco na
utilização de diálogos, assente numa grande legibilidade das
imagens, na composição dinâmica das páginas e na liberdade que
concede aos desenhos para conduzirem o relato, este álbum bem pode
ser um exemplo do que uma banda desenhada com propósitos educativos
deve ser. Porque conta a história pretendida
ao
mesmo tempo que é capaz de seduzir o leitor; porque respeita as
regras do género narrativo escolhido como suporte, sendo
auto-suficiente
na sua forma e estilo; porque se lê como uma boa
banda desenhada de aventuras, com intriga, traição, mistério,
crime (?) e castigo, redenção e consequências das acções.
Para
quem quiser saber mais do que o (muito) que é oferecido, tem no
final um dossier de oito páginas que aprofunda o tema. Necessário?
Eu diria que não. Luc Ferry, Giuseppe Baiguera e Clotilde Bruneau
dizem, aos quadradinhos, tudo o que vale a pena saber.
Prometeu e a Caixa de Pandora
Luc Ferry e
Clotilde Bruneau (argumento)
Giuseppe Baiguera (desenho)
Giuseppe Baiguera (desenho)
Gradiva
Portugal, Julho de 2019
233 x 313 mm, 56 p., cor, capa dura
16,50 €
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