Num ano em que as editoras nacionais têm apostado recorrentemente no western, regresso a Gus, que temo tenho passado despercebido aqui no blog. Injustamente.
Sem paralelo noutros meios - apesar de algumas obras de referência recentes no cinema e na TV - em termos de quadradinhos o western parece estar outra vez a ganhar força e relevância - e as editoras nacionais replicam o que vai acontecendo lá fora.
Num breve apanhado, posso recordar o classicismo (crepuscular) de Hermann em Duke, a originalidade e contemporaneidade de Undertaker, o Tex (de autor) com muitos - cada vez mais? -seguidores ou a bela homenagem de Bonhomme a Morris, Goscinny e Lucky Luke.
E, posto isto, reforçar que este Gus, do mesmo Blain de Procura-se Lucky Luke, corresponde à mais arrojada e singular de todas estas propostas de bandas desenhadas de cowboys.
Não vou repetir aqui o que escrevi há mais de uma década quando li a edição francesa - até porque me parece que, modéstia à parte, o texto de então, conciso e assertivo, está perfeitamente adequado ao álbum, na escrita e na forma - mas gostava de salientar brevemente três aspectos: o inusitado sentido de humor, o tom ligeiro, romântico e diferente, com assaltos, tiroteios e perseguições a darem o protagonismo a conquistas românticas e relacionamentos, e, finalmente, a forma como o inesperado e o surpreendente nos aguardam a cada voltar de página.
Nota final
Tudo isto - a excelência da obra, o que é diferente da sua universalidade ou acessibilidade para todos os leitores - não justifica algumas afirmações do prefácio de Sérgio Sousa Pinto, nomeadamente quando escreve “a actual enchente de publicações comerciais e menores”, num momento em que nunca se editou tanto, tão bem e tão bom - inclusive pela Gradiva - como nos últimos anos…
Gus
#1 Nathalie
Chritophe
Blain
Gradiva
Portugal,
Abril
de 2021
240
x 290
mm,
80
p.,
cor,
capa dura
16,50
€
(imagens disponibilizadas pela Gradiva; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)
Só que, para mim, uma banda desenhada, por ser desenhada, deve ser minimamente bem desenhada, o que não me parece que seja o caso!
ResponderEliminarA discussão sobre o que é um bom desenho, levava-nos muito longe. Em termos de BD, um desenho dinâmico e legível em termos narrativos é bem mais importante do que um desenho esteticamente belo.
Eliminar...mas, claro, o gosto pessoal de cada um é fundamental e quem nunca pôs de lado um álbum por não lhe agradar o desenho, que atire a primeira pedra!
Boas leituras, bonitas ou não!
Eu até comprava se não fosse a penca do "herói", só vejo um dildo ou o pinóquio...
ResponderEliminarEstraga a leitura.
Caríssimo na se deixe intimidar pelo dito cujo. Antes pelo contrário - "mergulhe" na obra e deixe-se envolver pela belíssima história e pela arte de Blain. Verá que vale pena...
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