Final épico
Volto a afirmar: não sou - nunca fui - fã de super-heróis - embora os leia desde a adolescência. Por razões várias, sou ainda menos fã de Thor.
No
entanto, tendo acompanhado de forma (ir)regular o (longo) período de
Jason Aaron, desfrutei nele de boas histórias de Thor. Corrijo:
desfrutei nele de boas histórias. Ponto.
Como
este final épico. Em grande.
Um final - ao contrário daquilo a que a Marvel nos habituou - desta vez, derradeiro e definitivo. Um término. Um fechar de portas. Um voltar da última página com um sentimento misto de satisfação e desilusão. Satisfação pelas belas histórias lidas; desilusão porque chegaram ao fim. Sem prejuízo que outras - naturalmente anteriores na imensa cronologia do deus de inspiração nórdica - nos possam vir a ser contadas - já o estão a ser.
Aaron, um dos mais interessantes argumentistas dos comics norte-americanos actuais - os mainstream e os outros - soube dotar o herói - quando o foi, porque por vezes esteve longe disso - da aura divina e da debilidade humana em doses acertadas, variáveis ao longo dos arcos, e (re)construir uma mitologia, uma galeria de personagens e (um) universo(s) apaixonantes e credíveis - no fantástico e maravilhoso que ostentavam.
Agora, volto ao que já comecei, o final tinha de ser assim, épico e grandioso. É verdade que podia ter sido um pouco mais curto e evitar os (longos) combates com Loki e Gorr - mas eu sei que este Thor continua a ser Marvel… - e, mais ainda, podia - devia até - ter evitado o tom (demasiado) caricatural da esperança ressurgida que quase encerra o volume.
Sim, se não retiro uma vírgula ao parágrafo anterior, perdoo a Aaron tê-lo forçado, porque a dignidade e a coragem que outorgou ao final de Thor, a elevação e o espírito de sacrifício com que o dotou, a forma épica, heróica, homérica - não consigo decidir-me pelo melhor adjectivo… - como nos leva através do tempo e do espaço - de tempos e de espaços - para glorificar o herói - o deus e o homem (ou o homem e o deus?) - não podem deixar ninguém indiferente, não deixaram este não fã de Marvel e, ainda mais, não fã de Thor.
Nota final
Até perdoo a Aaron, ter dispersado esta última centena de pranchas por uma plêiade de desenhadores, pois (quase) todos eles são deuses do traço e da cor. O que não perdoo, de novo, à Panini, é não (permitir através da ficha técnica) identificar correctamente qual o trabalho de cada um...
Thor
#4 - O crepúsculo do deus do Trovão
Inclui
King
Thor #1-#4 (2019/2020)
Jason
Aaron (argumento)
Esad
Ribic, Das Pastoras, Chris Burnham, Olivier Coipel, Russell
Dauterman, Mike Del Mundo, Aaron Kuder,Nick Pitarra, Andrea
Sorrentino (desenho)
Panini
Brasil, Agosto
de 2020
Distribuição
em Portugal: 14
de Maio
de 2021
170 x 260 mm,
112
p., cor, capa cartão
9,20
€
(capa disponibilizada pela Panini; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Tinha de terminar, concordo com o Pedro em tudo o que disse.
ResponderEliminarEsta mini casa bem com as percursoras: God Butcher e God Bomb.
Sem prejuízo para a arte dos fantásticos artistas convidados eu teria preferido que o fosse sempre o mesmo artista, do início ao fim, porque o sucesso deste Thor é indissociável da arte do Esad Ribic, seria bom sem ele? talvez, mas não seria a mesma coisa sem aqueles desenhos orgânicos, viscerais.
Espero que a Marvel no futuro não estrague ou contradiga o que foi exposto nesta excelente saga.
Um fim que une diversas pontas soltas.
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