04/05/2022

Lucky Luke: Os Choco-boys

E a montanha...




Sem a intensidade dramática e o grafismo soberbo de Bonhomme, sem as situações hilariantes e os conseguidos trocadilhos do Lucky Luke ciclista de Mawil e da mudez do Jolly Jumper de Bouzard, o que fica do Lucky Luke visto por... Ralf König?
Na verdade, não muito.

Confesso que conheço pouco da obra deste autor - porque o seu grafismo e temáticas nunca me despertaram grande interesse - mas tinha bastante curiosidade de ver como ele iria transpor as suas imagens de marca para (mais) uma versão do cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra, sabendo o terreno perigoso que ia pisar.

Se graficamente há alguns momentos interessantes e um certo dinamismo, mas apenas pontualmente utilizado, não consigo contornar a preguiça que revelam a repetição de cenários e posturas, que acabam por cansar e distrair do que deveria ser fundamental.

Quanto à história, entre a guarda de vacas (choco)lei(a)teiras e a corrida aos autógrafos (sic!), soa a pouco, parecendo apenas um pretexto como outro qualquer para introduzir a temática da homossexualidade n(o espírito d)a série, com a agravante de mostrar como vulgar o que - até em ternos da credibilidade narrativa - deveria surgir como excepção, entre relações assumidas e outras apenas sugeridas - e as reacções que provocam.

E apesar de um ou outro trocadilho bem conseguido e de referências mais ou menos evidentes, cujos efeitos não passam de um breve sorriso, e da presença de saudar dos sempre idiotas irmãos Dalton e de Calamity Jane, passei o álbum todo à espera de um clímax que na verdade nunca surge, e que poderia ter tornado uma história apesar da sua simplicidade, bem estruturada e consistente, em algo mais do que isso.

O que na verdade Bonhomme, Mawil e Bouzard conseguiram.


Lucky Luke: Os Choco-boys
Colecção Lucky Luke visto por...
Ralf König
A Seita
Portugal, Abril de 2022
220 x 290 mm, 64 p., cor, capa dura
16,95 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

2 comentários:

  1. O mais aborrecido livro que li do Lucky Luke e isto não tem nada a ver com a temática abordada. Nunca esbocei um sorriso. Chato mesmo...

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  2. Chato, também não diria; mas que é o menos divertido dos cinco, não tenho dúvidas.
    Boas leituras!

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