Como um vício
Como um vício - que no entanto faz cada vez menos efeito, mas ainda sem ter chegado ao ponto de o largar - continuo a ser atraído por Hermann - pela sua obra… - álbum após álbum, meio ano após meio ano…
Admiro sinceramente a sua dedicação, a sua necessidade de contar como de comer ou dormir, a forma como ainda consegue - mesmo sendo evidente a degradação do traço - continuar a surpreender, a deliciar, a (de)mostrar como a sua arte permanece inigualável quando planifica, quando confere ritmo, dinâmica e intensidade ao relato, principalmente quando trabalha a cor e as sombras, embora os seus rostos, que nunca foram belos - na verdade foram sempre feios - estejam cada vez mais monstruosos e torturados, talvez espelhando a escuridão do coração humano, o pior da humanidade que Herman sempre sublinhou nos seus livros
Brigantus, a história de um órfão adoptado pela legião romana que, no entanto, nunca lhe perdoou a origem bárbara, a diferença física ou o atraso mental, tornando-o alvo da troça, do ódio e da violência dos seus companheiros de armas, é o exemplo mais recente - à escrita destas linhas, pelo menos… - e encaixa perfeitamente numa carreira longa e profícua, única e singular.
Brigantus
#1
Yves
H.
(argumento)
Hermann
(desenho)
Arte
de Autor
Portugal,
Março de 2024
230
x 300 mm, 56 p. (cada), cor, capa dura
18,00
€ (cada)
(imagens disponibilizadas pela Arte de Autor; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as apreciar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre o tema destacado, se disponível)
Hermann, com o tempo, está a tornar-se no Francis Bacon da banda desenhada. Vale sempre a pena comprar mesmo que as histórias não sejam lá muito inspiradas, pela arte que mesmo quando já teve os seus dias é melhor do que muito do que é editado por aí.
ResponderEliminarSerá um dia triste aquele quando Hermann abandonar o nosso plano de existência.
Um dos eleitos...
EliminarExactamente.
EliminarBoas leituras!
Um dos últimos eleitos da sua geração...
EliminarBoas leituras!
E por isso mesmo temos de aproveitar e usufruir de cada álbum porque nunca sabemos se não será o último...
Eliminara evolução gráfica deste autor é interessante e rica mas as histórias sempre foram fraquinhas. Este album não foge a regra, um livro que se lê num ápice pois a próxima página é demasiado previsível .A aliás logo no inicio se percebia onde ia chegar. É pena pois fica sempre aquém da qualidade gráfica .
ResponderEliminarÉ verdade que o filho dele, o Yves Huppen, não é lá muito inspirado mas achei a maior parte das histórias do Jeremiah bastante interessantes.
EliminarAcredito que o Hermann já não tenha a mesma estamina para tratar dos argumentos e da arte ao mesmo tempo.
Por falar no Jeremiah, o Hermann continua a escrever e a desenhar as histórias deste, o último álbum, "Celui qui manque" (Tomo 40) saiu no ano passado mas confesso que não li e não tenho acompanhado as últimas saídas por isso não posso afiançar da qualidade.
Mas em dúvida que estes trabalhos não se comparam com as obras do Bernard Prince e do Red Dust, o argumentista Greg era excelente, tinha um talento inigualável para os diálogos.