Nunca morre...?
Depois
do crescendo, com o avolumar dos horrores
da guerra - de todas as guerras... - este é
claramente um álbum de descompressão,
com a chegada dos aliados.
[E
sigam por vossa conta e risco porque, no texto que se segue, sem dizer
especificamente nada, posso ter escrito genericamente demais...]
Muitos acreditam que a normalidade irá voltar; outros, mais realistas, antevêem as dificuldades provocadas pela destruição e a devastação, os confrontos entre os que resistiram e os que se submeteram ou, pior ainda, aqueles que colaboraram.
Há muitas feridas abertas, há muito desejo de vingança, há tentativas de esconder o que se fez, assumindo agora posições radicalmente contrárias. São retratos de seres humanos, com medo, a querer sobreviver, ultrapassar, esquecer, em muitos casos sem olhar ao preço.
Émile Bravo continua apoiar-se em Spirou e Fantásio para mostrar posições antagónicas e contrabalançar o humor do segundo com o pessimismo realista e desiludido do primeiro. A facilidade da festa que a libertação pelos aliados podia promover, é substituída pela crueza realista do que perpassa perante os nosso olhos, o que só abona a favor de Bravo e deste seu retrato cruel e sincero de uma realidade que ninguém quer experimentar.
...e a fechar, porque convém não esquecer o que ficou para trás, no iniciático Diário de um ingénuo e nas partes Primeira, Segunda e Terceira, há ainda uma revelação que se torna chocante embora talvez expectável no registo escolhido, e que nos leva a questionar se, realmente, a esperança nunca morre...
Spirou:
A esperança nunca morre… - Quarta
parte
Émile
Bravo
ASA
Portugal,
Abril
de 2024
240
x 320 mm, 48
p., cor, capa dura
19,90
€
(capa disponibilizada pela ASA; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre o tema destacado)
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