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11/10/2023

Matteo Ricci + Carlo Acutis

Fazer discípulos

Carlo Acutis, lançado a pretexto das Jornadas Mundiais da Juventude, que tiveram lugar em Lisboa há cerca de dois meses, para tentar seduzir o potencial público-alvo alargado, e Matteo Ricci publicado - casualmente? - pouco após o final daquele evento, têm um ponto em comum: narram a biografia de figuras ligados ao catolicismo.

28/05/2021

Murena #9 e #10


Dupla continuidade

Disponível desde há poucos dias, a edição portuguesa do décimo volume do Murena - O Banquete - representa uma dupla continuidade.

A da série, após a substituição do desenhador original, Phillipe Delaby, devido à sua morte, e a da edição pela ASA, desta série de fundo histórico que decorre em Roma, durante o reinado de Nero.

26/03/2021

Tintin Super-Jeunes

Eram os fanzines (3/3)


Pelo terceiro dia, abro com a mesma introdução: 'Quando comecei a dedicar-me à banda desenhada - para além da minha posição de leitor - as publicações, grosso modo podiam dividir-se em três tipos: álbuns (segmento em crescimento), revistas (em declínio) e fanzines.
Estes últimos, tinham na época a seguinte definição (mais ou menos) consensual: 'publicação independente, sem fins lucrativos, destinada a divulgar o trabalho de novos autores'.
Hoje, tudo mudou. Os álbuns predominam, as revistas acabaram e os fanzines encontraram novas formas.'
Longe de ser um fanzine, nesta edição, a Super Tintin, de forma surpreendente, cumpre o pressuposto final daquela definição.

23/06/2020

Murena #1: A púrpura e o ouro

Sim, duas vezes



A reedição de obras - daquelas que fogem ao restito lote das série sempre disponíveis, como Astérix e Lucky Luke - é um sinal de maturidade de um mercado - por muito limitado que ele seja.
Por isso, as novas edições de alguns dos manga da Devir ou, no caso presente, deste primeiro volume de Murena, significam duas coisas: que por um lado a edição original esgotou; e que por outro há (novos) leitores interessados que justificam o seu regresso às livrarias.

10/12/2013

Blake e Mortimer: A Onda Septimus












A Onda Septimus, a mais recente aventura de Blake e Mortimer, chega hoje às livrarias portuguesas, poucos dias após a publicação original francófona que ficou disponível na passada sexta-feira, data assinalada com um rali alusivo à série nas ruas de Paris.
Saiba mais sobre o novo álbum já a seguir.

17/07/2013

Murena #8 - A vingança das cinzas








Dufaux (argumento)
Delaby (desenho)
ASA
Portugal, Junho de 2013
220 x 295 mm, 56 p., cor, cartonado
16,50 €


Este álbum encerra o 2.º ciclo de Murena (já com o nono tomo da série, primeiro do terceiro arco, nas livrarias) e a palavra que melhor o poderia definir – registo irónico à parte – seria rescaldo.
Decorrendo durante o combate e a extinção do grande incêndio que destruiu grande parte de Roma em 64 d.C. – e que as diversas fontes atribuem a Nero, aos seus inimigos ou aos cristãos e que Dufaux decidiu atribuir a Murena - a narrativa, de certa forma, deixa de lado aqueles que até agora conduziram este soberbo fresco histórico aos quadradinhos – Nero, Murena, Pompeia… - centrando as suas atenções nos efeitos do incêndio e das suas consequências junto dos cidadãos anónimos ou de algumas das personagens secundárias que esvoaçam em redor dos protagonistas.
Isto não implica que, na sombra, não continuem a existir conspirações, uma acesa luta pelo poder, ódios e intrigas, cujos efeitos (mais) nefastos certamente regressarão em força após a pausa que este álbum – que fecha algumas questões, ao mesmo tempo que lança as primeiras pistas para outras - de alguma forma constitui e que realça, novamente, a superior capacidade narrativa da dupla Dufaux/Delaby.



14/09/2012

Murena #6/#7

O Sangue das Feras/Vida dos Fogos
 

 

  

 

 

 

Dufaux (argumento)
Delaby (desenho)
ASA (Portugal, Julho de 2012)
220 x 295 mm, 116 p., cor, cartonado
21,90 €

 
 

Se a banda desenhada, em diversos momentos e em diversos registos (como em Astérix, Alix ou As Águias de Roma, para citar apenas obras de fácil acesso em português) abordou de forma mais ou menos directa a época do império romano, possivelmente nunca o terá feito com o rigor histórico e a qualidade ficcional que Murena ostenta.
Acompanhando o percurso de Nero desde a sua juventude, narrando a sua ascensão ao poder, o seu comportamento despótico e, suponho, a sua (futura e) inevitável queda, Murena é um retrato cru e violento de uma sociedade romana já em decadência, minada desde o seu interior pelas intrigas e a podridão moral.
E Dufaux traça o percurso de Nero, balizando-o através das suas relações com as mulheres que marcaram e influenciaram a sua vida: a tia Domitia, a mãe Agripina, a escrava Acté, a mulher Pompeia…
Esse retrato – de Nero e de Roma – desvenda a vida nos palácios, o treino dos gladiadores, a violência na arena, as ruas esconsas e sórdidas ou as campanhas militares, e mostra o monarca convencido do seu estatuto de semideus, capaz de dar e de se dar, enquanto isso serve os (que pensa serem os) seus interesses, ou de afastar, tantas vezes de forma extremamente violenta (física e/ou emocionalmente) quando os respectivos caminhos deixam de ser comuns.
Se isto é aplicável ao relacionamento (mais ou menos) íntimo que teve com aquelas (e outras) mulheres, é também extensível a todos os que o foram rodeando: amigos, companheiros ou simples interesseiros, conselheiros, bajuladores, criados, escravos… Aos quais se julga superior, embora muitas vezes não passando de um joguete nas mãos dos outros.
Em paralelo, conhecemos também Murena, que até dá o título à série, cujo caminho diversas vezes – raramente pelos melhores motivos para ele – se cruza com o do (futuro) imperador. Murena revela-se mais humano – em oposição ao “deus” – construindo o seu caminho contra a adversidade (e as intrigas) ganhando nesse percurso, pejado de traições e de perdas dolorosas, uma força interior proporcional à perda da inocência e da tal humanidade que de início o distinguem.
Por isso, Murena é uma história de (tentativa de) afirmação pessoal e de vingança (de sucessivas vinganças) que anda a par da expansão do cristianismo (abordada até agora de forma apenas ligeira e secundária), da destruição de Roma (na dupla condição de império e de cidade), de uma forma notável e cativante, quer pela escrita competente e desenvolta de Dufaux que construiu uma história com inúmeras ramificações que se vão entrelaçando, fazendo-a crescer em complexidade e capacidade de apaixonar, quer pelo traço realista de Delaby, servido por uma excelente gama cromática, cuja melhoria de tomo para tomo é notória.
O díptico agora em análise, a parte central do 2º ciclo desta saga, termina com Roma em chamas, embora não devido à loucura (cada vez mais patente) de Nero, mas como parte (involuntária) de uma vingança que os seus inimigos vão orquestrando na sombra. 
Nota final
Volta à questão dos álbuns duplos, que já aflorei no texto sobre Bouncer.
Se aplaudo a ideia de o 1º ciclo de Murena (tomos 1 a 4) ter sido concluído com um volume duplo incluído na colecção “Os Incontornáveis da Banda Desenhada”, distribuída com o jornal Público, questiono qual a lógica de ter editado o tomo #5 sozinho, juntando agora o #6 e o #7, o que deixa isolado o tomo #8 que conclui o segundo arco desta série.
Uma vez que a opção inicial não passou por dividi-lo por dois volumes – o que teria sido o ideal – não faria mais sentido, depois de editado o #5, tê-lo encerrado com um volume triplo…?

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