Zona de conforto
Sem (a) protagonista
Ciao, amore...
Giancarlo Berardi (argumento e guião)
No desenvolvimento da investigação, Júlia terá ao seu lado Eldred Herron, amigo da vítima, jovem escritor de sucesso de um único romance, com quem vai estabelecer uma relação de grande proximidade.
criador de Júlia, mais uma vez, desenvolve uma bela história, na qual a investigação criminal e a exploração dos sentimentos dos protagonistas andam a par.
No que diz respeito à primeira, diverte-se a avançar com diferentes pistas para a resolução do assassínio – um eventual serial killer, apostas clandestinas, ligação a uma organização nazi, crime passional… - sendo que a solução não estará em nenhuma delas, o que acaba por dar mais interesse e uma grande credibilidade ao argumento, pois deve ser isso que muitas vezes acontece na vida real.
Mas, mais uma vez, são as relações humanas – e o que tantas vezes está por trás do seu (in)sucesso - que constitui o ponto forte de mais uma narrativa pautada por um tom intimista, desenvolvida em ritmo pausado, para permitir ao leitor digerir cada informação, cada avanço, cada recuo.
Veja-se a forma como o interesse inicial de Júlia pelo jovem escritor se vai modificando, progressivamente, até se transformar (quase?) em paixão – que assenta também na forma como o desenhador retrata olhares, pequenos gestos, pormenores aparentemente sem importância - colocando em segundo plano a resolução do crime.