Matt Fraction (argumento)
Gabriel Bá e Fabio Moon (desenho)
Panini Comics (Espanha, Março de 2011)
185 x 280 mm, 160 p., cor, cartonado
18,00 €
Resumo
“Casanova” é um relato de ficção-científica protagonizado
pela personagem que dá título ao livro, filho de Cornelius Quinn, o Director
Supremo de EMPIRE, uma força internacional encarregada de manter a paz e a
ordem na Terra a qualquer preço, e irmão gémeo de Zephyr, a melhor agente de
EMPIRE.
Avesso à autoridade e a cumprir ordens, Casanova é uma
constante fonte de problemas para a EMPIRE e a sua própria família, num relato
em que as surpresas – tal como os saltos espácio-temporais e as suas
indesejáveis consequências - se sucedem.
Desenvolvimento
Fã assumido dos gémeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá,
tenho seguido com atenção - e grande prazer – a sua carreira, feita a pulso e
com talento, sempre em sentido ascendente. Carreira na qual privilegio, sem qualquer dúvida, a sua
faceta mais autoral – revelada em títulos como “10 pãezinhos”, a meia-prancha
semanal “Quase nada” ou “Daytripper” (neste momento no topo das obras que tenho
para ler) - em detrimento dos trabalhos mais comerciais (deixem-me escrever
assim) que, no entanto, revelam a sua importância crescente no meio dos comics
norte-americanos, entre os quais se destacam a colaboração com Mike Mignola em “BPRD”,
“Umbrella Academy” ou este “Casanova”, em ambos os casos no que a Bá diz
respeito.
Em todos eles – independentemente das suas características
intrínsecas – os dois têm deixado a sua marca forte e personalizada a nível
gráfico. Porque quer Bá, quer Moon, apesar de algumas diferenças, cultivam um
traço não especialmente pormenorizado ou graficamente muito atractivo que, na
sua estilização está longe de ser aquilo que se costuma designar por um
“desenho bonito”. Mas que, apesar disso, é imediatamente reconhecível e
personalizado e revela uma agilidade e uma capacidade de transmitir movimento invulgares,
o que faz dele o veículo ideal para a narração em banda desenhada. Quer nas
suas obras pessoais, mais intimistas e profundas, quer em banda desenhadas de
ficção-científica – como “Casanova” ou “Umbrella Academy” - em que predomina a
acção.
Este álbum, agora editado em Espanha – aqui tão perto e tão
longe… - que compila os quatro primeiros comics da série, acrescentados de uma
BD curta extra – desenhada por Moon -, revela exactamente isso, sendo admirável
como Bá conduz a narrativa, como passa com facilidade de cenas intimas para
grandes espaços, de monólogos ou diálogos a dois para cenas repletas de
personagens e figurantes, sem que o leitor se sinta perdido.
Infelizmente – e aqui está a minha costela anti-comics
mainstream a dar de si – o mesmo não se pode dizer do argumento de Matt
Fraction – com provas dadas em títulos de Iron Man ou Thor – que por vezes
acelera, através do tempo e do espaço, arrastando consigo o leitor sem que este
consiga assimilar tudo o que o escritor transmite, o que obriga a paragens e
releituras que não beneficiam o ritmo de fruição da obra
Apesar disso, é inegável a originalidade do relato na
criação de um universo fantástico multifacetado e na recuperação de fórmulas
antigas dos comics e da literatura pulp de terror e ficção-científica, servidas
aqui com novas roupagens, que assenta em Casanova Quinn, um anti-herói movido
apenas pelo desejo de lucro, vendendo os seus talentos a quem der mais, num
mundo de múltiplas dimensões espacio-temporais onde convivem em abundância espiões,
agentes duplos e super-vilões - entre os quais se destaca Newton Xeno, um génio
do crime - e no qual, pelo que atrás ficou escrito, a entrada não é tão directa
ou simplificada quanto possa parecer à primeira vista.
Ou, quem sabe, talvez o problema seja meu pois, nos Estados
Unidos, depois da luxúria, em 2006, e da gula, em 2008, já está em publicação a
terceira temporada de “Casanova”, dedicado à avareza.
A reter
- O muito bom trabalho gráfico de Bá.
- A edição da Panini Comics, cuidada e bem complementada com
um texto introdutório de David Fernández, a tal história curta extra, as capas
originais dos comics e uma explicação de Bá e da (também brasileira) colorista Chris
Carter, sobre a selecção de uma apertada gama de tons para a recolorização da obra
para esta compilação – pois os comics originalmente foram publicados apenas
numa surpreendente combinação de branco, negro e verde.
Menos conseguido
- O argumento de Matt Fraction, algo confuso, apesar dos
aspectos originais que contém.
Nota: Com excepção da capa do livro, as imagens aqui
reproduzidas foram “pirateadas” do PaperBlog, a quem agradeço a involuntária
colaboração.
Bem legal. Só pra corrigir. O colorista não é Chris Carter. Mas é a brasileira gaúcha Chris Peter, que fez um trabalho tão fantástico quanto a arte recebendo por isso inclusive um prêmio Eisner de melhor colorista (o Oscar dos quadrinhos)
ResponderEliminarCaro Frodo Bacchi,
EliminarObrigado pela visita e pela correcção. Já alteeri no texto.
Boas leituras!
Valeu!!! ótima indicação
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