O que há de comum entre o Homem-Aranha, Gog Mendonça e Pizza
Boy, John Carter de Marte e relatos autobiográficos? A resposta tem tanto de
simples quanto de surpreendente: são desenhados por autores portugueses e estão
a ser publicados no estrangeiro.
E se a publicação de autores nacionais de banda desenhada fora
de portas, nomeadamente nos EUA, já não é novidade, não deixa de surpreender a simultaneidade
num espaço de tempo curto de várias publicações numa mão cheia de países.
Uma delas é a nova revista “Marvel Universe: Ultimate
Spider-Man”, lançada nos EUA no final de Abril e acabada de chegar às lojas
especializadas portuguesas.
Baseada nas aventuras animadas do Homem-Aranha tem como um
dos desenhadores o português Nuno Plati que, após diversas colaborações soltas
com a Marvel, surge aqui como artista regular da revista “a desenhar uma das
histórias todos os meses” tendo já 3 histórias entregues.
Plati confessa-se triplamente satisfeito porque “para além
de estar a trabalhar regularmente, estou a trabalhar para um publico mais
jovem, o que me agrada, porque não sou fã do chamado grim and gritty, e
confesso que estar a trabalhar em algo relacionado de alguma maneira com animação,
é algo que me dá bastante gozo”.
E acrescenta: “o facto de poder mostrar à minha filha daqui
a um anito ou dois (ela tem 2 anos), os comics que desenho, diz-me muito. Não
passam de histórias divertidas, muito light e sem o mínimo de pomposidade, e
isso satisfaz me plenamente”.
Também para a Marvel trabalha Filipe Andrade, o desenhador
português com maior número de obras publicadas naquela editora, cujo trabalho mais
recente foi “John Carter: A Princess of Mars”, cuja edição terminou nos EUA em
Março último e que serviu de introdução ao filme da Disney, baseado no universo
criado por Edgar Rice Burroughs.
Andrade considera este o seu trabalho “mais importante em termos criativos, artísticos e de impacto público até hoje”, apesar de “a nível de carreira” ainda não ter tirado “grandes dividendos; veremos o que o futuro trará”.
Andrade considera este o seu trabalho “mais importante em termos criativos, artísticos e de impacto público até hoje”, apesar de “a nível de carreira” ainda não ter tirado “grandes dividendos; veremos o que o futuro trará”.
Bem acolhido pela crítica norte-americana, os 5 tomos desta
mini-série foram compilados num único volume, recentemente editado nos EUA,
França e Espanha, tendo neste último país a Panini disponibilizado uma longa
entrevista com o desenhador português
.
Trajecto diferente é o de Dog Mendonça e PizzaBoy,
personagens criadas por Filipe Melo e desenhadas pelo argentino Juan Cavia.
Depois do sucesso em Portugal, onde os dois volumes com as suas aventuras editados
pela Tinta-da-China já vão em 2ª edição, a Dark Horse Comics encomendou-lhes
histórias curtas inéditas, “porque John Landis, o autor do nosso primeiro
prefácio, enviou uma cópia do livro ao Mike Richardson, presidente da editora.
Quando recebi um mail com o convite não podia acreditar e pensei sempre que
algo correria mal e que não aconteceu”.
As referidas histórias curtas, inseridas nos números 4 a 7
da nova vida da revista “DHP - Dark Horse Presents” no final de 2011, tiveram boa
aceitação dos leitores, o que possibilitou que no início de Junho surja nas
livrarias especializadas norte-americanas “The Incredible Adventures of DogMendonça and Pizza Boy”, já “com algumas "advance reviews" que,
felizmente, têm sido boas. É bom saber que estamos a ser bem recebidos e que
querem mais trabalhos nossos, especialmente em tempos difíceis como estes”.
A edição brasileira correspondente, da responsabilidade da
Devir Livraria, “está prevista para o fim do Verão”, devendo na mesma altura sair
nos EUA "The Untold Tales of Dog Mendonça and Pizzaboy", a compilação
“com as histórias escritas para a DHP”, revela Melo que adianta estar já a
escrever o argumento do terceiro volume, que deverá estar pronto “para 2014”.
Finalmente, longe deste circuito mais comercial, pelo seu
tom autobiográfico e intimista, apresenta-se "O Amor Infinito que tetenho e outras histórias" (da Polvo, já em 2º edição), distinguido como Melhor Álbum de 2011 pelos Troféus Central Comics
e pelo Amadora BD.
Da autoria de Paulo Monteiro, que admite estar “muito feliz”
e a viver “uma fase muito mágica da vida enquanto autor”, será em breve
“publicado no Brasil pela Balão Editorial” e “em Fevereiro do ano que vem, no
Reino Unido e na Irlanda, pela Blank Slate Books” onde Paulo Monteiro já tem “página
e tudo! ,
caraças!!!!”
Isto, não impede que o autor, também director do Festival de
BD de Beja, já esteja a “trabalhar num novo livro, que ainda não tem nome, mas
será uma história com cerca de 120/130 pranchas” que pensa concluir “para o
final de 2014”.
No entanto, as propostas de autores portugueses de BD para fora
de portas não se esgotam nos livros apresentados.
Filipe Andrade, depois de “John Carter” e de uma paragem
forçada de três meses devido a um braço partido, vai voltar “aos contactos estabelecidos
em Angoulême, em Janeiro” havendo “algumas hipóteses de edição tanto em França
como nos EUA”.
Jorge Coelho, que há dois anos participou em “Forgetless”, uma
mini-série da Image, trabalha neste momento “para a italiana Passenger Press,
em “Odisea Nera", uma BD escrita por Valentino Sergi, que será publicada
em Novembro, no Festival de Lucca” e, em paralelo, desenha “a série
"Suckers", a partir de um argumento de Eric Skillman”, que surgirá “primeiro
em versão webcomic no site Trip City”, adiantando que “depois se verá quanto a uma
versão impressa. Começará a ser publicada em Agosto e terá episódios mensais de
6/8 pranchas”.
Quanto a Ricardo Tércio, já com trabalhos publicados nos EUA
e em França, dedica-se de momento “a um livro da colecção Dofus Monster,
escrito por Olivier Dobbs, para a editora francesa Ankama, que deverá sair em
2013”.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
21 de Maio de 2012)
Tenho orgulho de ser Portuguesa!
ResponderEliminarTemos bons musicos, bons compositores, bons ilustradores, bons escritores...e uma excelente história! Temos de saber aproveitar o temos...não somos pequenos, somos sim, pessimistas!
Sou uma escritora muito pequenina, ou melhor, sou uma apaixonada pela escrita...deixo o meu blog.
Muitos Parabens...e desejo...muito optimismo.
blog___http://odiariodacinderela.blogspot.pt/
Atenciosamente,
Sónia Santos