15/01/2014

Aniversário Quádruplo


Começar o ano com o pé direito parece ter sido em tempos o lema dos sindicatos de distribuição de BD para os jornais nos Estados Unidos. A 7 de Janeiro festejaram o aniversário quatro heróis clássicos dos quadradinhos, que alimentaram – e ainda alimentam…? - os sonhos de sucessivas gerações.
Descubra quais, já a seguir.


Em 1929, Tarzan e Buck Rogers surgiram pela primeira vez nos jornais norte-americanos. O primeiro, grande sucesso da época, transpunha para a primeira banda desenhada de estilo realista o sucesso que já tinha experimentado nos romances de cordel e no cinema. Buck Rogers, também adaptação de um romance, foi o primeiro herói de ficção-científica dos quadradinhos e abriu caminhos que muitos viriam a explorar.
Cinco anos depois, no mesmo dia, curiosamente na mesma página de jornal e assinados pelo mesmo autor, surgiam Flash Gordon e Jungle Jim. Criações originais de Alex Raymond calcorreavam igualmente cenários exóticos e fantásticos – outros mundos e a selva (ainda) virgem – e correspondiam, uma vez mais à necessidade de escape e de libertação que viviam então os norte-americanos, ainda sob o peso do crash bolsista de 1929 que mergulhara o país numa depressão até então sem igual.
A resposta dos quadradinhos – a exemplo da literatura e do cinema, três áreas cujas referências e citações então (com0 agora) se cruzavam recorrentemente – chegou através deste “quarteto fantástico” e de muitos outros heróis de papel seus contemporâneos que constituíram a chamada Época de Ouro da BD norte-americana e que, no seu país de origem como pelo mundo inteiro, levaram crianças, jovens e adultos a sonhar (e a viver) aventuras vibrantes em locais extraordinários – reais ou imaginários – ao lado de heróis atléticos e belas mulheres, encontrando na ficção forças novas para enfrentarem a realidade e afastar da mente os problemas quotidianos.

Tarzan
Estreia
7 de Janeiro de 1929
Autor
Harold R. Foster (futuro criador do Príncipe Valente)
Resumo
Adaptação de Tarzan of the Appes, romance de 1912 de Edgar R. Burroughs, narra a história de um rapaz branco herdeiro de um lorde inglês que, na sequência do naufrágio e morte dos seus pais na costa africana, é recolhido e criado por gorilas, acabando por se tornar o rei da selva.

Buck Rogers in the 25th Century
Estreia
7 de Janeiro de 1929
Autores
Phil Nowlan (argumento) e Dick Calkins desenho)
Resumo
Baseado no romance Armageddon 2419 A.D., do mesmo Nowlan, tem como ponto de partida o desmaio de Buck Rogers na sequência de um acidente numa mina, para acordar no século XXV onde se torna um resistente no combate da América contra a ditadura mongol vigente.

Flash Gordon
Estreia
7 de Janeiro de 1934
Autor
Alex Raymond
Resumo
Face à eminente colisão com a Terra do planeta Mongo, Flash Gordon, a bela Dale Arden e o cientista Dr. Zarkov partem num foguete com a missão de o desviar mas acabam a combater o pérfido tirano Ming, lado a lado com os vários e surpreendentes povos locais.

Jungle Jim
Estreia
7 de Janeiro de 1934
Autor
Alex Raymond
Resumo
Inicialmente explorador e caçador nas selvas asiáticas, Jungle Jim rapidamente torna-se um aventureiro que, ao lado da sensual Shangai Lil, combate os mais diversos tipos de tráficos, muitas vezes orquestrados por mulheres com tanto de belas quanto de perigosas.

Quatro heróis em Portugal
Comum a estes quatro heróis é a sua publicação no Mundo de Aventuras, principal veículo das suas histórias no nosso país, embora também tenham sido publicados em diversos outros títulos da Agência Portuguesa de Revistas e, pontualmente, em álbum ou nas páginas de jornais portugueses.
O primeiro a estrear-se em Portugal foi Jungle Jim, em 1936, nas páginas da revista Mickey, rebaptizado João Valente. Da mesma forma, Flash Gordon, que se estreou apenas em 1949, foi Roldan o temerário e Capitão Raio ou Relâmpago.
Buck Rogers só chegou em 1960 mas Tarzan foi acolhido nas páginas do Diabrete logo em 1941, transitando depois para o Cavaleiro Andante. A sua aventura de estreia, Tarzan dos Macacos, foi publicada em álbum, em 2009, pela Libri Impressi de Manuel Caldas que, para a ocasião, restaurou cuidadosamente a arte original de Harold Foster.


(Versão adaptada do texto publicado no Jornal de Notícias de 7 de Janeiro de 2014)

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