A primeira surpresa deste livro, é encontrar nele o nome de
Pierre Christin – inventor dos mundos maravilhosos de Valérian em parceria com
Mezières ou de algumas das intrigas políticas em que Bilal se revelou.
O porquê destas palavras surge já a seguir.
A razão é simples, estamos aqui em presença de uma biografia
– desenhada – de Robert Moses que, com toda a propriedade, pode ser considerado
‘o’ arquitecto de Nova Iorque.
Proveniente de boas famílias, visionário como houve poucos,
sentindo na pele a marca do judaísmo que herdou de nascença mas lutando por se
tornar igual aos outros – em direitos, reconhecimento e méritos – Moses ao longo
de mais de meio século – e 5 mayors, 6 governadores e sete presidentes – foi transformando
Nova Iorque à imagem dos seus sonhos e projectos, como político hábil em que se
tornou, impondo-os, moldando-os ou (aparentemente) fazendo cedências,
transformando a cidade que nunca dorme não só em grande parte no que ela é hoje,
como também num local onde podiam habitar – e coabitar – e viver ricos e
pobres, brancos e negros, judeus e católicos, americanos, irlandeses e todos os
outros mais.
Embora assente num texto em que a componente descritiva
impera, Robert Moses acaba por se revelar uma leitura agradável e até
cativante, revelando alguém no móinimo pouco conhecido – pelo menos para mim.
Isso deve-se, por um lado, à fluência da escrita de Christin
– não só argumentista de banda desenhada reconhecido mas também romancista. E,
por outro, ao traço de Olivier Balez, semi-realista sem revelar demasiado a
base fotográfica utilizada, que torna mais agradável essa leitura, pela
facilidade com que movimenta a ‘câmara’ com que orienta a nossa leitura, multiplicando
os pontos de vista utilizados na planificação, e ainda pela forma como o
colorido vai definindo ambientes e locais.
Robert Moses
Le maître caché de New York
Pierre Christin (argumento)
Olivier Balez (desenho)
Glénat
França, 8 de Janeiro de 2014
200 x 273 mm, 104 p., cor,
cartonado
22,00 €
Fiquei mesmo muito curioso por esta BD. Muito obrigado pela belíssima sugestão. Saber mais qq coisa sobre umas das mais interessantes cidades do mundo através de uma leitura de BD é uma combinação interessante. Desconhecia o arquitecto mas fiquei com o paladar atiçado.
ResponderEliminarCaro SAM,
EliminarEsta é outra das facetas que a BD, regularmente, tem sabido explorar. embora nem sempre da melhor forma, o que não é o presente caso.
Boas leituras!
Era um bom livro para a Levoir incluir numa próxima coleção.
ResponderEliminarOu talvez numa colecção dedicada a biografias de personalidades célebres em BD...
EliminarBoas leituras!
Essa coleção se vier a sair será de compra obrigatória!
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