27/12/2019

Edibar #1 e #2

 
Sem vergonha
Numa época em que impera o politicamente correcto num grau insuportável, em que o humor se envergonha frequentemente e em que cada brincadeira ou piada tem de trazer atrelados uma explicação e um pedido de desculpas, uma personagem como Edibar é como um oásis no meio do deserto.

Criação do brasileiro Lúcio Oliveira, que esteve como convidado no recente Amadora BD, Edibar da Silva (obviamente!) é um cinquentão machista como já há poucos - mesmo que ainda sejam demais: boçal, rude, despreza a mulher, odeia a sogra, aproveita-se dos vizinhos, colecciona amantes e bebe cerveja até cair para o lado - o que acontece com frequência! Só qualidades, dirão (ainda) alguns...
Recorrendo a uma galeria de personagens bastante curta - Edimunda, a esposa, Ana Conda, a sogra, Gole, o cão, alguns amigos e pouco mais - Lúcio Oliveira traça um retrato cáustico e talvez não tão desactualizado quanto se possa imaginar, de um certo tipo de homem e de sociedade que todos reconhecemos e que nalguns casos ainda não passou de moda.
Depois de nascer na Internet e com passagem por jornais brasileiros, Edibar surge em dois volumes lançados pela Polvo aquando da vinda do autor ao nosso país, onde se comprova que apesar de desafiar os tempos que correm e provocar frequentes gargalhadas, ele não é perfeito: a religião e o futebol (outro tipo de religião…) ficam fora dos temas que se atreve a abordar…
...o que não deixa de ser de certo modo surpreendente, para quem nasceu duranteuma missa numa igreja!

Edibar vols. 1 e 2
Lúcio Oliveira
Polvo
Portugal, Outubro de 20198
155 x 220 mm, 80 p., cor, capa dura
12,90 €

(versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Dezembro de 2019; imagens disponibilizadas pela editora Polvo; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

1 comentário:

  1. Já pareço os velhos dos marretas mas aqui vai mais uma apreciação negativa, não sobre a BD em si mas sim sobre o formato.

    Eu teria pago o que pediram por cada volume se fosse maior, não sei se estraguei a apreciação devido a ver as vinhetas no ecran do computador à medida que saiam no facebook mas o tamanho adoptado nestas edições não faz justiça ao detalhe existente.

    Acho que as edições brasileiras são maiores.

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