06/02/2020

Quimeras fascinantes

Saudade das revistas


Cresci - e cresci na BD - como leitor de revistas: Mickey, Mundo de Aventuras, CIMOC, (A Suivre), Bodoï, para citar apenas as principais e mais duradouras...
Curiosamente, se hoje em dia me afastei delas e não lhes sinto (muito) a falta, há algo de que tenho saudades: as histórias curtas que preenchiam espaços e revelavam (outras facetas de) autores, que seduziam pela eficácia e/ou pelo inesperado…
Quimeras fascinantes, uma colectânea de histórias curtas de Milo Manara, evocou em mim essa saudade…

São dezena e meia, de diferentes dimensões, estilos e técnicas, separadas entre si por três décadas (1979-2009) e com as mais variadas origens, de França a Itália, de publicações de BD ‘puras e duras’ à inopinada Maria Claire. Se nelas se encontram as expectáveis obsessões (dos leitores) de Manara, alguns destes relatos diferem delas substancialmente, avançando pelo (inesperado) humor, pela(s variações da) História, pela poesia visual ou pelas homenagens a Astérix - sim! - e a Corto Maltese.
Foi esta última, especialmente, que mais me chamou a atenção. Curta de apenas três pranchas - belas como (quase) todas as outras - evoca de forma conseguida e sentida o essencial de Corto, por interposta pessoa, no caso aquele que menos devia sentir a falta do marinheiro maltês, Rasputine, alma danada do alter-ego de Pratt.
Mas, aqui, como tantas vezes nas revistas, a dúvida também surge. Uma(, duas, três pérolas) justificam - salvam? - uma publicação? Os admiradores de Manara dirão (mais uma vez) que sim, os outros, terão de arriscar…

Quimeras fascinantes
Milo Manara
Arte de Autor
Portugal, Janeiro de 2020
210 x 285 mm, 120 p., pb/cor, capa dura
ISBN: 978-989-54514-2-5
21,00 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

3 comentários:

  1. Sempre fui da opinião de que se fosse para haver continuação deveria ser o Manara a continuar as estórias do Corto Maltese, quem melhor do que ele para fazer isso? o resto são apenas pastiches. Enfim...

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    Respostas
    1. Eles eram amigos e trabalharam juntos no El Gaucho e no Verão Indio, o Manara fez aquela homenagem no HP e Giuseppe Bergman.

      Agora é tarde.

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    2. Concordo que o Manara podia ter sido uma boa escolha, mas eu até gosto do que o Diaz Canales e o Pellejero têm feito...
      Boas leituras!

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