Frequentemente, as adaptações - de um filme, um livro, uma série… - apresentam uma componente penalizadora: obrigam ao conhecimento prévio do original, para ser possível desfrutá-las integralmente.
Não é isso que acontece com este Seis, o segundo volume em
BD de Stranger Things que a ASA edita em português.
Ao contrário do tomo anterior - O outro lado- Seis
lê-se de forma autónoma, dispensando o conhecimento prévio da
trama e das personagens da série da Netflix.
Para isso, contribui o facto de ser uma prequela na narrativa
televisiva, centrada na exploração de poderes de adolescentes por
parte de uma entidade governamental secreta e que - inevitavelmente -
funciona na sombra e à margem da lei.
Ao rigor e intensidade das experiências efectuadas no seu
laboratório, respondem alguns dos jovens com atitudes cada vez menos
submissas, até ser atingido o ponto de ruptura, com consequências
inesperadas mas nem por isso menos penalizadoras. Podendo ser lida
como uma narrativa metafórica sobre a tentativa de domínio e
exploração de/do que(m) é diferente Seis, pelo traço largo
e vivo, a planificação arejada e a assertividade do relato,
consegue ao mesmo tempo apresentar os protagonistas de forma
consistente, ao mesmo tempo que se lê de uma assentada, deixando o
leitor com desejo de conhecer mais sobre o universo de Stranger
Things.
Esse é, afinal, o (principal?) objectivo de qualquer adaptação...
Stranger
Things: Seis
Jody
Houser (argumento)
Edgar
Salazar (desenho)
Keith
Champagne (arte-final)
Marissa
Louise (cor)
ASA
Portugal,
Junho de 2020
225
x 299 mm, 96 p., cor, capa dura
14,90
€
(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Julho de 2020; imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
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