É
curioso como propostas tão diferentes - sob qualquer ponto de vista
- podem transmitir sensações tão semelhantes.
Aconteceu-me
- outra vez...
- com este
primeiro volume de O
homem de lugar nenhum,
clonando a sensação que me tinha deixado o tomo inicial de
Umbigo do Mundo.
E, agora - na minha óptica de leitor - o facto de ter chegado ao fim deste volume inicial sem conseguir perceber onde decorre a acção, o que se está a passar e onde pretendem os autores chegar.
Mas, tal como na outra obra que referi, o predomínio da imagem deixa vontade de conhecer mais. Só que, onde o traço de Penim Loureiro era graficamente atraente, bonito aos olhos, visualmente impactante, em O homem de Lugar Nenhum Fábio Veras dá uma lição de narrativa em BD, cumprindo o princípio que em BD um bom desenho não tem de ser um desenho bonito.
Porque, se até podemos considerar que o seu traço tem algumas limitações, surgindo aos nossos olhos demasiado simplista (também devido ao formato generoso do livro?), a verdade é que do ponto de vista narrativo, ele ostenta uma qualidade que não é muito vulgar ver-se. Os silêncios, os olhares, as expressões, a deslocação dos participantes pelas vinhetas e pelas páginas, a sua expressão corporal, as visões de conjunto, os grandes espaços tanto como os pormenores destacados, tudo tem uma função narrativa e o conjunto enche-nos e transporta-nos ao longo das páginas, mesmo sem percebermos exactamente aquilo que se passa nelas...
O
homem de lugar nenhum
Tiago
Barros (argumento)
Fábio
Veras (desenho)
A
Seita/Comic Heart
Portugal,
Setembro 2021
200
x 280
mm, 136 p.,
cor, capa dura
19,00
€
(imagens disponibilizadas por A Seita e a Comic Heart; clicar nesta ligação para ver outras pranchas ou nas aqui mostradas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar no texto a cor diferente para saber mais sobre o tema destacado)
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