Transição
Tenho
seguido com interesse o consulado de Chip Zdarsky à frente do
Demolidor, no qual tenho encontrado boas leituras como vou
partilhado por aqui.
Este
quinto volume, é claramente de transição entre dois arcos
narrativos e a verdade é que a edição ressente-se disso - mas não
só.
Recordo que o volume #4 acabara em apoteose com a união pontual de figuras tão distantes como o Demolidor, Kingpin, o detective Colin North e Mary Tifoide em defesa da Cozinha do Inferno, contrariando os propósitos dos gémeos Stromwyn.
Agora, no arranque da edição, na ressaca dessa vitória épica, os intervenientes refazem força - e objectivos - e vem ao de cima que os seus interesses eram bastante díspares e que o futuro daquela zona nova-iorquina está longe de estar garantido.
De seguida, no Anual que separa águas - que é como quem escreve arcos - Zdarsky ressuscita o improvável irmão gémeo de Matt Murdock, na minha opinião uma daquelas ‘parvoíces’ narrativas em que os comics da Marvel são férteis.
Pior ainda, justifica esse ‘pecado’ ao incluí-lo de forma sustentada no arco seguinte. Se esta opção já me afrouxa o entusiasmo, a situação base que o sustenta - a ida do super-herói cego para a prisão, avoluma as minhas dúvidas, pelas impossibilidades físicas que esse acto impõe, nomeadamente a sua sobrevivência e a manutenção da identidade secreta num lugar onde estará rodeado de inimigos jurados, pese embora o potencial narrativo que lhe reconheço.
Obviamente - se ultrapassar estes quesitos, que não são de somenos - o leitor poderá desfrutar do melhor que Zdarsky tem feito nesta sua passagem pelo Demolidor: acentuar o seu síndrome simultâneo de mártir e de messias, que tanto o leva a querer salvar todos, como apresenta como motivos íntimos para tal a sua necessidade de se justificar e de justificar aquilo que conseguiu, de pagar pelo sucesso que fez por merecer.
As próximas edições ditarão se Zdarsky continua a merecer encómios ou se desta vez deu um tiro no pé.
Graficamente, a edição é inevitavelmente desigual, já que o traço de Marco Checchetto (aqui ao lado) brilha a um nível do qual Manuel Garcia, Chris Mooneyham e Francesco Mobili (acima) não se conseguem aproximar, apesar da competência demonstrada.
Demolidor
#5:
Verdade/Consequência
Compila
os comics Daredevil (2019) #21-#25
e
Daredevil Annual #1 (2020)
Chip
Zidarsky (argumento)
Marco
Checchetto, Manuel
Garcia, Chris Mooneyham
e Francesco
Mobili (desenho)
Panini
Brasil,
Outubro
de
2021
179
x
260 mm, 144
p., cor,
capa cartão
R$31,90 / 10,60
€
(capa disponibilizada pela Panini; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)
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