Morris
ASA/Público
Portugal, 13 de Fevereiro de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €
A primeira memória que tenho desta história está ligada a “O
fim dos Dalton” um dos livrinhos com excertos remontados de aventuras de Lucky Luke que o
detergente Azur oferecia como brinde na década de 1970 - juntamente com as figuras que aqui mostrei ontem – e cuja capa e duas páginas utilizo para ilustar este texto.
Dessa leitura, durante anos, fiquei sem saber como nele morriam
os Dalton e continuavam vivos nos álbuns e revistas onde eu (re)encontrava o
cowboy solitário.
A resposta, descobri-a mais tarde, em “Os Primos Dalton”,
quando Goscinny, intuindo a galinha dos ovos de ouro que o quarteto de
facínoras representava, achou forma de os trazer de novo ao papel, substituindo
os originais por primos, igualmente maus, mais estúpidos e, por isso, mais divertidos.
Aqui, em “Fora-da-Lei”, Morris, introduzia os Dalton da vida
real – partindo de personagens que existiram como base da narrativa, opção que
se tornaria recorrente ao longo da série - mostrava-os em acção e, no final enterrava-os
“seis palmos abaixo da terra”, opção perfeitamente natural no contexto da narrativa,
apesar de todas as liberdades ficcionais, que começam com os confrontos com
Lucky Luke.
Este, assume-se como o grande perseguidor dos irmãos, correndo atrás
deles por grande parte dos Estados Unidos, enquanto semeiam o terror e saqueiam
os bancos por onde passam. E proporcionavam ao leitor diversos momentos francamente
divertidos, como a divisão de um saque, o primeiro confronto com Lucky Luke ou
a operação plástica a que se submetem…
Continuava, assim – como em “Lucky Luke contra Pat Poker” -
esta série a balançar entre o realismo e o humor, embora este último impere e
seja com ele que Morris melhor retrata os Dalton.
Como curiosidade final, refira-se que o criador do “cowboy
que dispara mais rápido que a própria sombra”, ainda ensaiaria uma volta – breve
e curiosa – do quarteto, na segunda BD incluída no álbum: “O regresso dos
irmãos Dalton”, na qual avulta a forma como uma partida a um xerife fanfarrão
acaba com o seu quase enforcamento, o que reforça a dualidade atrás referida.