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11/05/2018

L'intégrale des Aventures de Modeste et Pompom

Menoridade maior




Obra menor do génio conhecido como Franquin, mesmo uma série como Modeste et Pompom apresenta argumentos suficientes para justificar a leitura, principalmente quando enquadrada por um dossier com o interesse do que abre esta edição.

15/01/2017

Angoulême vai homenagear René Goscinny





A cidade de Angoulême vai homenagear René Goscinny (1926-1977), argumentista de Astérix, Lucky Luke, Humpá-pá, Iznogoud, Menino Nicolau e muitos outros.
Durante a 44.ª edição do festival de banda desenhada local, o mais importante da Europa, que terá lugar entre 26 e 29 de Janeiro de 2017, será inaugurado um obelisco com 4,5 metros de altura e 7 toneladas de peso, possivelmente em frente à gare local.

10/10/2016

Lucky Luke chega mais depressa aos 70

Cumprem-se hoje 70 anos sobre a estreia de Lucky Luke e uma das novidades é que o “cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra” afinal é mais velho.

27/11/2013

Spaghetti- Intégrale #2 e #3

















René Goscinny (argumento)
Dino Attanasio (desenho)
Le Lombard
França, Agosto e Outubro de 2011
220 x 295 mm, 144 p., cor, cartonado
25,50 €


Se, como já escrevi aqui, sempre considerei esta uma série menor no contexto criativo do grande Goscinny e, também, de certa forma, no conjunto das grandes séries humorísticas franco-belgas, a leitura do segundo integral sublimou a boa impressão deixada pelo primeiro e deixou-me completamente rendido às desventuras do pequeno e simpático Spaghetti e do seu insuportável primo Pomodoro. O que a leitura do terceiro tomo - comprado por 5 € em saldos recentes da FNAC! – apenas veio confirmar.
Isso deve-se, fundamentalmente – e sem desprimor para o bom trabalho gráfico de Dino Attanasio - à forma como Goscinny orquestrava e desenvolvia ideias e situações aparentemente banais, acumulando peripécias, fazendo suceder os gags e as confusões a um ritmo avassalador, explorando-as até limites inimagináveis, brincando com as palavras e as expressões (aqui de forma sublime ao reproduzir o sotaque italiano dos dois protagonistas), levando ao limite o esmiuçamento das suas características intrínsecas, demonstrando porque é, ainda hoje, um dos maiores humoristas de língua francesa de todos os tempos.
Algo a comprovar, pela (re)leitura destas (ou doutras) histórias de Spaghetti, de preferência na língua original, sempre para prazer e gáudio do leitor.

08/05/2013

Lucky Luke – A Escolta











René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 1 de Maio de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €



Uma das coisas que surpreende nesta colecção que a Asa e o Público dedicaram a Lucky Luke, é o facto de os álbuns terem entre 45 e 60 anos (!) e, apesar disso, manterem (quase todos) uma frescura e um humor a toda a prova, como se o tempo não tivesse passado sobre eles.
Se a contribuição de Goscinny, no argumento, é fundamental para isto, será injusto ignorar ou menosprezar o trabalho gráfico de Morris, cujo traço muito legível, dinâmico, ágil e expressivo foi sempre uma mais-valia na série que, recorde-se ele criou a solo.
“A Escolta” recupera Billy The Kid – uma notável caricatura de um dos bandidos mais famosos do Velho Oeste – 13 anos depois da sua estreia no álbum com o seu nome - pois Lucky Luke tem que o levar da prisão, onde cumpre uma pena de 1247 anos de trabalhos forçados, a um estado vizinho para ser julgado por outros crimes.
A alfinetada mordaz ao complexo – e por vezes incongruente - sistema judicial norte-americano – de que o final é a cereja no topo do bolo – é um dos aspectos maiores desta divertida história, em que também se destacam os retratos das sucessivas cidades que o duo atravessa na sua viagem.
A recuperação do terror que Billy the Kid inspira nos locais do Texas que já tinha assolado – em delicioso contraste com a forma como é tratado no Novo México onde vai ser agora julgado – a inépcia total de Bert Malloy a quem Billy alicia para o tentar libertar, a fleuma de Lucky Luke – no rodeo, na viagem, em tribunal, nas situações perigosas… - e os pequenos apontamentos com os Dalton e Rantanplan, pouco mais do que meros figurantes neste álbum, são mais razões que justificam a leitura de mais um clássico de Lucky Luke e da BD franco-belga. 


24/04/2013

Lucky Luke – O 20.º de Cavalaria











René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 10 de Abril de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €



Chamada de urgência por Washington para tentar parar uma revolução índia eminente, Lucky Luke vai deparar com o rígido coronel Mac Straggle, um militar à moda antiga. É o reencontro do cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra com uma classe recorrente nas suas histórias, a par dos bandidos (muitos vezes os Dalton), dos índios e dos  políticos, os militares.
A foi a estes últimos que Goscinny, com o habitual talento e humor, dedicou “O 20.º de Cavalaria”, uma crítica bem-disposta e satírica à instituição militar, visando (certeira e) particularmente a sua disciplina, tradição e protocolos, tendo como base a dupla relação pai/filho//comandante/soldado que une o coronel MacStraggle e Grover.



Para além disso, há neste álbum uma série de outros factores de interesse como a possibilidade de descobrir um Lucky Luke (ainda) fumador – em oposição aos malefícios do tabaco índio (!) - ou a confirmação da existência de lojas chinesas já no velho Oeste (ou Este, depende do ponto de partida…) a par de alguns gags memoráveis como a exploração da linguagem de sinais de fumo índios ou as sucessivas transições de nome que transformam Raposa Com Duas Penas em Raposa Nauseada…
De passagem, algumas alfinetadas aos políticos – veja-se a importância dada à revolução índia logo no início - e o habitual – e genial! - recurso a trocadilhos e situações recorrentes (o vendedor de chapéus, os efeitos do cachimbo de paz índio, as quebras de protocolo militar) que provocam (pelo menos…) um sorriso aberto.
Factores diversos que fazem deste Lucky Luke – depois de “Billy the Kid” - mais um grande clássico da série e da BD franco-belga de leitura obrigatória.

Nota final: Para postar aqui este texto em tempo útil, (re)li “O 20.º de Cavalaria” na edição da Meribérica/Líber de 1987, e foi de lá que extraí as imagens que o ilustram.



17/04/2013

Lucky Luke #11 - Os Dalton regeneram-se











René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 17 de Abril de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €



Neste álbum, hoje à venda com o jornal Público  de novo chamado a Washington por causa dos Dalton, Lucky Luke descobre surpreendido que desta vez não pretendem que os capture novamente, mas sim que os tire da prisão.
A ideia é que o ambiente prisional não recupera os bandidos mas os faz piorar e por isso os Dalton vão ter direito a um mês para provarem que podem ser cidadãos exemplares longe dos ares prisionais… vigiados por Lucky Luke. Se o conseguirem, as muitas penas que têm para cumprir serão comutadas.


Este é o pretexto – a seguir para conseguir mais cortes na despesa pelo Estado português…? - para mais uma divertida aventura repleta de contrastes: o esforço dos Dalton por cumprirem a (peregrina…) proposta face à sua natureza que os puxa para o crime; a indecisão do protagonista face à ideia original e às reacções dos quatro irmãos; a posição dos cidadãos de Tortilla Gulch face aos Dalton, primeiro temendo-os quando eles tentam ser amigáveis, depois não acreditando na sua (inevitável) recaída…


Tudo condimentado por Goscinny com muito humor, gags memoráveis, trocadilhos bem conseguidos e saídas inovadoras de situações recorrentes. A par disso, consegue ainda traçar um retrato cáustico do ser humano, da sua volubilidade e da facilidade com que faz julgamentos e muda de opinião.
Mais um clássico desta colecção, a (re)ler com prazer.

Nota final: (Re)li “Os Dalton regeneram-se” na edição da Meribérica/Líber de 1987 (com a contracapa toda enrugadinha…) e foi de lá que extraí as imagens que ilustram este texto.


04/04/2013

Lucky Luke em Abril

(Público/ASA)

As Colinas Negras
3 de Abril 


Os Dalton no Canadá
10 de Abril 


Os Dalton regeneram-se
17 de Abril

O 20.º de Cavalaria
24 de Abril

28/03/2013

Lucky Luke – Billy The Kid








  
Colecção Lucky Luke #8
René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 27 de Março de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, 
brochado com badanas
4,95 €



Esta semana distribuído com o jornal Público, este é para mim, um dos melhores títulos do “cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra”, que no meu subconsciente tinha ganho contornos quase míticos.
Li-o pela primeira vez há muitos – muitos! – anos nuns quantos fascículos da revista Tintin que alguém me emprestou – é verdade, embora tendo-a lido toda, não coleccionei esse título tão marcante da BD nacional – e não me lembro de o ter voltado a reler, embora tenha ficado com uma fortíssima memória dele.


O reencontro com Billy The Kid (personagem histórico do velho Oeste), o adolescente malcriado e birrento que aterrorizava Fort Weakling, teve, por isso, contornos especiais para mim.
E o primeiro facto que me apraz registar – o que nem sempre tem acontecido em casos semelhantes - é que as minhas memórias se revelaram acertadas e a (re)leitura do álbum, misto de descoberta e recordação, constituiu um momento de grande prazer.
Nesta época – o álbum data originalmente de 1953 – Morris prosseguia a sua rápida ascensão enquanto criador gráfico de eleição, com um traço muito expressivo e de um dinamismo notável, recebendo um excelente contributo de Goscinny: um argumento particularmente inspirado, consistente e certeiro, recheado de gags muito divertidos, em que Lucky Luke se vê obrigado a passar para o lado errado da lei para conseguir finalmente o seu propósito: vencer o jovem Billy e convencer a população (aterrorizada) a depor contra ele.
Uma espécie de terapia de choque – incrementar o terror, para o mal parecer menos sofrível – que surgindo como um elemento divertido – até pelos contornos de que se reveste – não deixa de fazer pensar e de se tornar incómodo por serem recorrentes na Histórias – aos mais diversos níveis – tantos exemplos semelhantes.
E, qual cereja no topo do bolo, antes do envio do fora-da-lei para cumprir a justa pena, Lucky Luke não deixa de lhe aplicar o correctivo devido a todos que, como ele, são birrentos e malcriados: um belo par de surras no rabo, por muito que isto possa soar herético em termos do (doentio) politicamente correcto que hoje se vive.


19/02/2013

Lucky Luke em Fevereiro

(Público/ASA)

Lucky Luke contra Pat Poker
06/02/2013


Fora-da-Lei
13/02/2013


O elixir do Doutor Doxey
20/02/2013


Lucky Luke e Phil Defer
27/02/2013

03/02/2013

Lucky Luke volta ao Público



O Público lança a colecção Lucky Luke, em edição de capa mole, a partir de 6 de Fevereiro. 
Uma colecção que engloba 15 das primeiras aventuras criadas para Lucky Luke, nunca antes editadas pelo jornal.
Os títulos que se podem encontrar nesta colecção já não estão há diversos anos no mercado, fazendo desta colecção uma oportunidade única de recolher algumas das mais emblemáticas aventuras do herói que dispara mais rápido que a sua própria sombra.
Todas as Quartas, por mais 4,95€, com o Público.

O primeiro volume é “Lucky Luke contra Pat Poker”.
Nas duas aventuras dos primórdios da série (Nettoyage à Red-City e Tumulte à Tumbleweed) que compõem este álbum, Lucky Luke e Jolly Jumper enfrentam um jogador de póquer sem escrúpulos. Pat Poker domina pelo medo Red-City e o herói é chamado a restabelecer a lei e a ordem.
Uma missão idêntica leva-o em seguida a Tumbleweed, onde um brutamontes aterroriza os habitantes e os poucos forasteiros que por ali passam. Lucky Luke reencontra Pat Poker, que se tinha refugiado na cidade e se associara a Angel Face para enfrentar o herói. O estratagema de nada lhes serve, pois acabam ambos na prisão.

(Textos da responsabilidade do Público)




15/01/2012

Iznogoud, 50 anos de ambição política

Há meio século, os leitores da revista francesa Record, descobriam Iznogoud, o grão-vizir que queria “ser califa no lugar do califa”. Era o início de uma carreira política repleta de ambição mas também de fracassos.
Nascido num tempo e num local – Bagdade, a magnífica - em que a democracia era uma miragem e o acesso ao poder se fazia de forma hereditária, ao pérfido Iznogoud (trocadilho com o inglês “he’s no good”, “ele não presta”, como todos sabemos perfeitamente aplicável a (quase todos )os políticos) nada mais restava do que procurar por todos os meios fazer com que o bom (mas também ocioso e preguiçoso – como (quase?) todos os políticos…) califa Haroun El Poussah desaparecesse.
Curiosamente, mudados os tempos, permanecem as vontades, pois escrito assim, até parece o relato daquilo a que assistimos na actualidade, com os políticos a quererem sempre um lugar ou o lugar de alguém. Claro que poucos (mesmo assim demasiados…), hoje em dia, optam por métodos tão drásticos como os utilizados pelo grão-vizir, que do vudu à invisibilidade, da feitiçaria aos dissolventes, do toque de Midas ao olhar de Medusa, tentou de tudo para “se tornar califa no lugar do califa”, com a ajuda contrariada do seu criado, Dillah Larath. Mas, apesar da sua grande inventividade, perfídia e imaginação, Iznogoud acaba sempre vítima das suas manigâncias, restando-lhe o consolo de ter retirado ao califa o protagonismo das histórias de BD, contrariando a ideia inicial dos autores.
Criação do grande René Goscinny (1926-1977), as desventuras de Iznogoud – pelo seu lado metafórico? – mantêm, décadas depois, a mesma frescura, a mesma actualidade, a mesma capacidade de dispor bem, o mesmo tom irónico e a mesma fina ironia que sempre caracterizou a obra do criador de Astérix, que, ao longo das páginas de Iznogpoud se divertiu muitas vezes a satirizar a actualidade e a subverter os códigos e regras da própria BD.
Jean Tabary (1930-2011), que assumiu integralmente a série após o desaparecimento de Goscinny, com o seu traço vivo, dinâmico e expressivo, conferiu a Iznogoud um ar determinado e malévolo que contribuiu para o sucesso da série, maioritariamente composta por episódios curtos de 8 páginas, distribuídos por 27 álbuns, e adaptada em jogos de computador, cinema de animação e, em 2004, no grande ecrã, numa película dirigida por Patrick Braoudé e protagonizada por Michaël Youn e Jacques Villeret.
Em Portugal, a primeira tribuna daquele político foi a revista Pisca-Pisca #3, de Março de 1968, tendo passado igualmente pela Flecha 2000 e pelo Jornal da BD, e sido editado em álbum pela Meribérica (3 títulos), ASA (5 títulos) e Público/ASA (1 título).



 (Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Janeiro de 2012)

07/10/2011

Lucky Luke

#58 - Na pista dos Dalton
René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA (Portugal, Agosto de 2011)
220 x 300, 48 p., cor, cartonado
12,11 €

Há diversas bandas desenhadas que tiveram um papel especial na minha vida, embora pelos motivos mais diversos.
Esta é uma delas. Recompensa por algo de que já não me lembro, foi o primeiro álbum que tive e li em francês, longe de imaginar os muitos, muitos, muitos mais que se seguiriam!
No entanto, para além disso associo-o a uma recordação menos feliz, uma troca forçada de livros, provocada por um energúmeno que era meu colega de escola, cujo nome e cara nunca mais esqueci, que me ficou com ele e alguns mais, apenas emprestados para leitura. O que contribuiu sobremaneira para que o número de pessoas existentes na lista daqueles a quem empresto banda desenhada possa contar-se com os dedos de uma única mão. Com sobras.
Curiosamente, nunca mais reli o álbum – e o que narrei já se passou há mais de 30 anos! – pelo que a actual edição da ASA serviu para o (re)descobrir (e) em português.
Originalmente datado de 1962, tem como principal atractivo a estreia de Rantanplan, num argumento que não sendo dos mais memoráveis de Goscinny, tem algumas tiradas e sequências memoráveis (a falta de jeito de Rantanplan, a fome de Averell), servidas por sucessivos gags, tudo aliado a um bom ritmo narrativo, o que contribui para que seja uma leitura bem divertida.
A base narrativa – como quase sempre em Lucky Luke, o que não é sinónimo de menosprezo da minha parte – é simples, mas conduz a um encadear de situações hilariantes que culminarão no habitual final, se não feliz, pelo menos de reposição da ordem.
No caso presente, a enésima fuga dos Dalton da prisão, leva-os a cruzar-se com Lucky Luke, levando este a persegui-los afincadamente até os conseguir capturar. Pelo meio, surgem situações diversas, algumas novas, outras recorrentes, que suportam a história.
Como já referi a principal novidade do álbum é a presença de Rantanplan, impingido a Lucky Luke pelos guardas da penitenciária que perseguiam os Dalton, que ao longo do álbum se vai aproximando daquilo que viria a ser posteriormente, perdendo as poucas qualidades que tinha para acabar a assumir na perfeição o papel de “cão mais estúpido do Oeste… e do Este”, incapaz de coordenar um pensamento lógico e sempre esfomeado. Numa significativa aproximação a Averell – não por acaso, o único que gosta dele – que também desempenha – pela negativa… - um papel importante no álbum.
Graficamente, o traço de Morris ainda estava em desenvolvimento, à procura da forma e do estilo que, justamente, o viriam a celebrizar – Lucky Luke e Rantanplan são os melhores exemplos disso _ embora em termos de planificação, de dinamismo narrativo e de transmissão da noção de movimento e da acção este álbum já ombreie com o melhor que Morris posteriormente demonstrou.

A reter
- A estreia de Rantanplan
- A dualidade Rantanplan/Averell.
- A cena em que Joe Dalton defende Lucky Luke.

Curiosidade
- A participação especial (involuntária) de Jerry Spring no álbum (ver prancha ao lado), numa homenagem de Morris ao mestre Jijé.

20/01/2011

Spaghetti – Intégrale #1

René Goscinny (argumento)
Dino Attanasio (argumento e desenho)
Le Lombard (Bélgica, 7 de Janeiro de 2011)
222 x 295 mm, 120 p., cor, cartonado, 24,95 €

Resumo

Este é o primeiro dos seis volumes previstos para a reedição integral das aventuras de Spaghetti, o herói criado por Attanasio e desenvolvido por ele e Goscinny, que fez a sua estreia a 16 de Outubro de 1957, nas páginas da revista Tintin.
Neste primeiro tomo, para além de um dossier da autoria de Jacques Pessis, que foca em especial o percurso de Dino Attanasio, estão incluídas 21 histórias curtas, de duas ou três pranchas, até agora inéditas em álbum, e ainda “Spaguetti et l’Émeraude rouge” (1959) e “L’Étonnante Coisière du Signor Spaguetti” (1960).
Nas narrativas curtas, Spaghetti experimenta diversas profissões (guia turístico, cozinheiro, barbeiro, músico, vendedor de tomates…), sempre com resultados catastróficos, apesar da sua boa vontade.
Em “Spaguetti et l’Émeraude rouge”, o herói italiano vê-se na posse de uma esmeralda, aparentemente portadora de uma maldição, que torna o seu possuidor um perigo para aqueles que contacta, surgindo um bando de gangsters que tenta tirar partido desse efeito.
Finalmente, no último relato, Spaghetti encontra-se a bordo de um barco comandado por dois bandidos que têm por objectivo recuperar o seu chefe e um grande saque numa ilha fora das rotas habituais, com o pormenor de cada um dos elementos da equipagem falar uma língua diferente…

Desenvolvimento
Li algumas histórias de Spaghetti, tenho uma mão cheia de álbuns que ele protagoniza e confesso que na minha memória não era mais que uma criação menor de Goscinny, contidamente divertida.
Claro que, quando se fala de “monstros” como Goscinny e se usa como termo de comparação Astérix ou (o melhor) de Lucky Luke, tudo o mais tende a parecer menor e pouco importante. Por isso, também, esta (re)descoberta de Spaghetti foi para mim uma agradável surpresa (e uma agradável leitura), constituindo as histórias, bem ritmada e sem tempos mortos nem acrescentos desnecessários, onde todos os elementos (desenho, diálogos, enquadramentos, pormenores) estão ao serviço do bom humor que nelas impera.
Desde logo, pelo sotaque italiano do protagonista que afecta a sua pronúncia e dá aos diálogos um exotismo e uma musicalidade diferente. Obrigando ao mesmo tempo a uma leitura mais atenta, que ajuda a apanhar melhor as piadas. Depois, pela boa exploração da repetição de situações, algo em que Goscinny era mestre, quase sempre com resultados hilariantes, destacando-se neste particular as histórias curtas (se lidas como um todo) e a primeira BD longa.
Finalmente, pela proximidade que o leitor sente com Spaghetti, um ser comum, bem-intencionado mas trapalhão, que, especialmente na sua fase inicial, enfrenta problemas semelhantes aos que nós também temos.

A reter
- Mais uma vez, a qualidade da edição, em termos gráficos e editoriais, destacando eu, neste último aspecto, a indicação da data e local de publicação de cada história.
- E, claro, a obra em si.
- A possibilidade de descobrir as primeiras histórias de Spaghetti.
- Como já aqui tenho referido várias vezes, uma das vantagens destas edições integrais, são a possibilidade de analisar a evolução das séries. No caso presente, veja-se, por exemplo, como se foram reduzindo os atributos capilares de Spaghetti.

Menos conseguido
- O preço, quando comparada com outras edições integrais francófonas que oferecem mais páginas, custando sensivelmente o memso.

Curiosidades
- Attanasio usou-se a si próprio como modelo para Spaghetti.
- A descoberta, no dossier, de que Attanasio foi o primeiro autor a desenhar Bob Morane em BD. Num estilo realista, portanto.
- A presença, em diversas pranchas, de um minúsculo Spaghetti segurando o respectivo número ou a palavra “Fim”.
- Alguns “visitantes especiais”, também eles então heróis da revista “Tintin”, que surgem na última prancha de “Signor Spaghetti fait du cinéma”: Modeste, Pompom, Prudence Petipas…

Spaguetti em PortugalSpaghetti fez a sua estreia em Portugal em 1965, na revista Zorro #157, como a história “O rali do senhor Macarrão”, sendo este último Spaghetti, e tendo Pomodoro sido rebaptizado como… Ravioli!
Regressaria quatro anos depois, já na revista Tintin, onde foi presença regular ao longo dos anos, incluindo o número especial anual de 1978, embora nunca tenha sido um dos seus heróis de referência.
Apesar disso, a divertida criação de Attanasio e Goscinny teria diversas edições em álbum no nosso país, a começar por dois títulos na Íbis – “A Vida Dupla de Pomodoro” e “Spaghetti na Feira”- entre o final dos anos 1960 e o início da década seguinte.
Mais tarde, em meados da década de 80 do século passado, a Distri voltaria ao simpático italiano, com quatro títulos: “Spaghetti em Veneza”, “Spaghetti em Paris”, “O tesouro da Pirâmide” e “Viva Spaghetti”.
Finalmente, já no ano passado, Spaghetti protagonizou o segundo álbum da colecção “Clássicos da Revista Tintin”, lançada pela ASA juntamente com o jornal Público, que continha três aventuras: “Spaghetti e os quadros a óleo”, “Encontro de ciclistas” e “Spaghetti em Paris”.
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