25/11/2013

Hiper #12: a prancha perdida!

Na revista Hiper #12, actualmente nas bancas, quiosques e demais pontos de venda, devido a um erro da gráfica, a página 152 foi impressa duas vezes, tendo ficado em falta a prancha 156, reproduzida já a seguir, para que os visitantes de As Leituras do Pedro não fiquem coma  história incompleta! ;)


E, aproveitando a oportunidade, aqui fica a capa, índice e mais algumas pranchas desta edição que assinala um ano de Hiper em português.





Keos #3: O Bezerro de Ouro








Jacques Martin (argumento)
Jean Pleyers (desenho)
NetCom2 Editorial
Portugal, Junho de 2013
210 x 297 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €


Dois aspectos fundamentais ressaltam da minha leitura do terceiro e último tomo de Keos.
Primeiro, a conclusão da primeira série pela NetCom 2 Editorial, algo que se torna mais relevante se pensarmos nas dezenas de títulos de BD que – desde sempre – ficaram por completar em Portugal.
É verdade que eram apenas três volumes, mas isso só revela inteligência e sentido de mercado por parte da editora espanhola.
Fico a aguardar pelos restantes (3) volumes de A Última Profecia e pelo tomo em falta de Margot, para confirmar estas (boas) intenções da editora espanhola, esperando que o silêncio que se estabeleceu no seu site nos últimos meses não seja sinónimo do fim de mais um projecto editorial de quadradinhos em Portugal.
Passando à obra propriamente dita, na combinação entre a ficção histórica sustentada, que é imagem de marca de Jacques Martin, e a narrativa bíblica da libertação dos israelitas do Egipto por Moisés, O Bezerro de Ouro marca um maior afastamento em relação ao relato bíblico, despindo-o quase completamente da intervenção divina, para salientar o protagonismo crescente de Keos, o príncipe do Egipto, que dá título a esta obra.
Apesar de alguns hiatos temporais nem sempre resolvidos da melhor forma, a conclusão do tríptico, rigorosamente ambientado no Antigo Egipto – uma época que me seduz especialmente desde a leitura de O Mistério da Grande Pirâmide, de Blake e Mortimer – não desiludirá certamente os admiradores do criador de Alix e do registo histórico em banda desenhada. 

24/11/2013

Snoopy: A felicidade é um cobertor quentinho









Stephan Pastis e Craig Schulz (argumento)
Vicly Scott e Bob Scott (desenho)
Ron Zorman (arte-final)
Nemo
Brasil, 2013
168 x 255 mm, 88 p., cor, brochado
R$ 28,00


Penso que há obras – pela sua importância na época de publicação ou na história dos quadradinhos, pela sua qualidade, pelo seu carácter autoral… - deveriam ser intocáveis, para evitar a sua banalização. Os Peanuts – como Tintin, por exemplo – estão nesse grupo.
Por isso, a par da curiosidade, tinha bastante receio deste livro. A leitura, no entanto, revelou-se uma agradável surpresa, pelo respeito pela obra de Charles Schulz, pelo reencontro com as personagens, pela recordação de situações-chave da obra, pelo registo divertido, pelo tom de homenagem, pelo sabor a nostalgia.
Para isso, para lá do que já ficou escrito, contribuiu igualmente a planificação diversificada, o bom ritmo que ela imprime à leitura, o traço expressivo e uma boa utilização de cores quentes e planas.
Posto tudo isto, no entanto, preferia que esta tivesse sido uma edição única, pois a sua continuação – mesmo em moldes formais e qualitativos semelhantes - inevitavelmente acabará por contribuir para o esvaziamento da obra-prima original.


23/11/2013

X-Men: Meio século com os mutantes















Criados há meio século os X-Men surgiram como uma reflexão sobre a solidão adolescente, o racismo ou o direito à diferença, mas demoraram a tornar-se um dos títulos mais populares de super-heróis da Marvel.


No início da década de 1960, quando Stan Lee criava as bases do futuro universo Marvel, a criação dos X-Men mostrava um grupo de super-heróis diferentes daqueles tinham sido criados até então. Enquanto o Homem-Aranha, o Quarteto Fantástico ou o Hulk – todos imaginados por Lee - tinham adquirido os seus poderes na sequência de acidentes ou experiências científicas mal sucedidas, as capacidades extraordinárias dos X-Men deviam-se a uma mutação genética no seu ADN. Isso fazia deles, segundo alguns, um passo em frente na evolução do ser humano, e, segundo outros, uma ameaça a abater.
Entre os novos mutantes – termo utilizado pela primeira vez em 1953, pelo escritor Wilmar Shiras, no livro Children of the Atom - havia também duas posições antagónicas: enquanto o seu líder, professor Xavier, um poderoso telepata confinado a uma cadeira de rodas, defendia o convívio com os humanos e a utilização dos super-poderes para os ajudar, uma facção liderada por Magneto pretendia subjugar e escravizar a raça humana.
O primeiro confronto, inevitável, teve lugar logo na primeira história, em que a formação original dos X-Men incluía o Homem de Gelo, capaz de congelar tudo ao seu redor, Jean Grey, que movia objectos com o poder da mente, o Anjo, que possuía asas nas costas, Ciclope, capaz de transformar energia solar em rajadas disparadas pelos olhos, e Fera, um génio científico com força, agilidade e reflexos sobre-humanos.
Apesar da autoria de Lee e de Jack Kirby (1917-1994), as vendas da revista demoravam a arrancar, pelo que, a partir do número 19, coube a Roy Thomas e a Neal Adams tentar inverter a situação, sem sucesso, apesar da criação de novos mutantes.
Na entrada da década de 1970, Len Wein e Dave Cockrum surgiam como nova equipa criativa, mas os X-Men só começaram a conquistar a popularidade que hoje lhes é reconhecida quando o britânico Chris Claremont assumiu a escrita dos argumentos, em 1975. Durante 17 anos, no início com uma bem-sucedida parceria com o também britânico John Byrne, Claremont escreveu histórias em que reformulou a equipa original, internacionalizando-a com a entrada da africana Tempestade, o russo Colossus, o alemão Nocturno e o regresso do canadiano Wolverine, que viria a assumir cada vez mais protagonismo.
A morte de Jean Grey, uma das que maior impacto teve nos quadradinhos de super-heróis, seria o prenúncio de muitas outras que se viriam a suceder, provocando sucessivos picos de interesse, a que se juntou a exploração das características mais humanas dos diversos mutantes, originando desentendimentos e confrontos entre eles, a par da exploração dos preconceitos crescentes dos seres humanos em relação aos mutantes.
Nos anos 90, a introdução de múltiplas personagens originou histórias cada vez mais complexas e com múltiplas ramificações, tornando-os quase um universo à parte no seio da Marvel, que continua em expansão nos quadradinhos até aos nossos dias e com adaptações bem-sucedidas no cinema.
Este último aspecto fez com que, na entrada do corrente século, os quadradinhos se aproximassem da versão cinematográfica com os Ultimate X-Men, para tentarem cativar os que descobriram os mutantes no grande ecrã.

Novo filme a caminho
Apesar da 20th Century Fox ter adquirido os direitos dos mutantes em meados dos anos 90, só em 2000 é que X-Men, dirigido por Bryan Singer, e com Patrick Stewart, Ian McKellen, James Marsden, Hale Berry e Hugh Jackman no elenco, chegou aos ecrãs, sendo co-responsável pelo número crescente de películas de super-heróis produzidas desde então.
Seguiram-se X-Men 2 (2003), X-Men: Confronto Final (2006), Wolverine: Origens, X-Men: Primeira Classe (2011) e Wolverine (2013)
Para Julho do próximo ano está já anunciado X-Men: Dias de um futuro esquecido, de novo dirigido por Singer, baseado numa BD de Claremont e Byrne, que reúne mutantes provenientes de épocas distintas.


(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Novembro de 2013)


22/11/2013

XIII #22 – Retour à Greenfalls











Yves Sente (argumento)
Iouri Jigounov (desenho)
Dargaud
França, 22 de Novembro de 2013
220 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
11,99 €

21/11/2013

Hit-Girl









Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Tom Palmer Sr. (arte-final)
Dan White e Michael Kelleher (cor)
Panini Comics
Espanha, Julho de 2013
185 x 280 mm, 136 p., cor, cartonado
15,00 €


Depois do sucesso dos dois tomos de Kick-Ass, Millar decidiu preencher o vazio entre eles e assim nasceu este Hit-Girl que, apesar do protagonismo da doce (?!) Mindy, dedica também bom número de páginas à busca de si mesmo e dos instrumentos para a sua vingança encetada pelo jovem Chris Genovese, passando para plano inferior – e depois afastando mesmo - o protagonista inicial.
Com a trama claramente ambientada num universo que se pretende realista, com a sombra dos (verdadeiros) super-heróis sempre a pairar, como modelo e exemplo – e a busca iniciática de Genovese, à imagem da de Bruce Wayne, é um achado de ironia e sarcasmo – o choque das explosões de hiper-violência continua a abalar os leitores, até pelo facto de serem em menor número nesta compilação dos cinco comic-books da edição original.
Millar continua a divertir-se à grande – e, assim, a divertir-nos a nós – jogando neste tomo com o impossível das situações super-heróicas face ao realismo da crueldade adolescente das colegas de escola de Mindy (que tenta a todo o custo fazer-se aceitar e viver uma vida normal…), numa narrativa que, desta forma, continua ambiguamente a balançar entre a abordagem séria e a desconstrução dos princípios que regem os universos – Marvel e DC Comics – de super-seres.
Quanto a Romita Jr., se despoja ainda mais o seu traço de pormenores – por vezes excessivamente…? – enquanto acentua o lado caricatural do tratamento que dá a (algumas d)as personagens, continua a dar lições de enquadramento e de dinamismo, adequando-os aos diferentes momentos que o ritmo narrativo vai impondo em função da acção.
A edição, mais uma vez impecável, fecha com algumas das capas alternativas originais, onde se encontram as assinaturas de Geof Darrow, Phil Noto ou Bill Sienkiewicz. 


20/11/2013

Super-Heróis DC Comics #16 – Batwoman: Elegia











Greg Rucka (argumento)
J. H. Williams III (desenho)
Levoir/Público
Portugal, 24 de Outubro de 2013
170 x 260 mm, 176 p., cor, cartonada
8,90 €


Por vezes – demasiadas… - deixamos que o acessório oculte o que é mais importante.
Como aconteceu com este regresso da Batwoman, mediatizada pela homos-sexualidade da protagonista – característica que se revela pouco significativa para o desenrolar da história, pois a única vez em que é pretexto para alguma coisa, poderia ser substituída por outras situações com desfecho equivalente – em nome das modas, manias e sensacionalismos bacocos que cada vez mais imperam na nossa sociedade.
Esse ruído mediático – cada vez mais omni-presente – abafou a história de Greg Rucka que, apesar de algumas oscilações de ritmo – a que a publicação mensal dos capítulos não será alheia - marca o reaparecimento – com novo alter-ego e, consequentemente, nova origem - de uma heroína nascida em 1956 e falecida no final dos anos 70, regresso esse que se revelaria suficientemente consistente para fazer dela uma das sobreviventes da remodelação Novos 52.
E, mais ainda, essa atenção desmedida pelas razões erradas quase ofuscou o notável trabalho gráfico de J. H. Williams – num dos mais conseguidos registos gráficos desta colecção e da sua carreira, assente em dois estilos díspares: a planificação dinâmica e diversificada, em que vinhetas e páginas interagem e se sobrepõem num caos ordenado e em que imperam fantasia, fantástico e violência para retratar a nova Batwoman, ou no registo mais contido, realista e sóbrio que relata o dia-a-dia de Kate Kane. 

Super-Heróis DC Comics com o semanário Sol (II) – Lista completa


Como as Leituras do Pedro anunciaram em primeira mão, no dia 29 de Novembro a Levoir e o semanário Sol disponibilizam o primeiro dos 10 volumes da colecção Super-Heróis DC Comics – série II.
Eis a lista completa dos títulos nela incluídos:

29 de Novembro
1.- Super-Homen: Homen de Aço
John Byrne

6 de Dezembro
2.-Batman e Robin: Batman renascido
Grant Morrison, Frank Quitely, Phillip Tan

13 de Dezembro
3.-Novos Titãs:Choque de Titãs
Geoff Johns, Mike McKone

20 de Dezembro
4.-Universo DC: Justiça I
Alex Ross, Jim Krueger,Doug Braithwaite

27 de Dezembro
5.-Universo DC: Justiça II
Alex Ross, Jim Krueger,Doug Braithwaite

3 de Janeiro
6.-Liga da Justiça/Sociedade da Justiça: Virtude e vício
Geoff Johns, David Goyer, Carlos Pacheco, Stephen Sadowski, Don Kramer

10 de Janeiro
7.-Super-Homen: Herança vermelha
Mark Miller, Dave Johnson, Killian Plunkett

17 de Janeiro
8.-Batman: Contos do Batman
Tim Sale, James Robinson, Alan Grant

24 de Janeiro
9.-O Gavião: Aliados e inimigos
Geoff Johns, Rags Morales, José García-López

31 de Janeiro
10.-Super Homen-Batman: Poder absoluto
Jeph Loeb , Carlos Pacheco, Mark Verheiden, Kevin Maguire

Lançamento da nova colecção Super-Heróis DC Comics-Série II na próxima sexta-feira, dia 29 de Novembro, com o jornal semanário SO.
São 10 livros inéditos sempre à sexta-feira, por mais 8,90€.

(Informação recolhida na página do Facebook da Levoir)

19/11/2013

As Vendas do Pedro - Manga

Ao longo dos muitos anos que levo ligado à banda desenhada, por diversas razões (ofertas sem possibilidade de troca, compras em duplicado, substituição por edições mais recentes, mais completas ou em português...) acumulei revistas, livros, figuras e selos repetidos.
Para libertar espaço, estou agora a disponibilizá-los a quem me costuma ler. Salvo indicação em contrário, as edições encontram-se em bom estado.
Eis as minhas propostas de hoje:

Shogun Mag #1

180 x 250 mm, 308 p., pb

2,50 €

Shogun Mag #2

180 x 250 mm, 308 p., pb

2,50 €

Shogun Mag #3
180 x 250 mm, 308 p., pb
2,50 €

Shogun Seinen #1
150 x 205 mm, 308 p., pb
2,50 €

Mision Tokyo Magazine #1
240 x 300 mm, 106 p., cor
2,50 €

B'sLog #1
165 x 225 mm, 600 p., pb
2,50 €

B'sLog #2
165 x 225 mm, 600 p., pb
2,50 €

B'sLog #3
165 x 225 mm, 600 p., pb
2,50 €
  
Ao preço indicado, deverá ser acrescentado o valor dos portes, em função da modalidade a combinar com o comprador.
Quem estiver interessado nalguma das revistas atrás mostradas, deverá indicá-lo no espaço dos comentários, ficando a revista (ou o lote de revistas) reservado durante 48 horas. De seguida, deverá confirmar esse interesse para o e-mail pedro.cleto64@gmail.com.
Após combinarmos a modalidade de envio do(s) livro(s), indicarei o NIB para onde deve ser feito o pagamento, ficando as edições reservadas durante 48 horas. Passado esse período voltará a ficar disponível para outros interessados.

Ver outras Vendas do Pedro aqui.

18/11/2013

Mickey Mouse zarpou há 85 anos






A 28 de Novembro de 1928, um rato chamado Mickey embarcava num pequeno barco a vapor para a primeira de muitas viagens animadas que fariam dele uma das personagens mais conhecidas em todo o mundo.

Era a ante-estreia de Steamboat Willie, um dos primeiros filmes com o som sincronizado com a animação, a partir do qual Walt e Roy Disney estabeleceriam o seu império de entretenimento familiar.
Segundo a lenda, Mickey Mouse – que esteve para se chamar Mortimer - terá sido esboçado por Walt Disney numa viagem de comboio, após saber que o seu antigo patrão ficara com os direitos das suas criações Alice (que combinava animação e actores de carne e osso) e Oswald, The Lucky Rabbit, por não existir nenhum contrato escrito sobre a sua autoria. Lição que Disney aprendeu e aplicaria com mão de ferro nas décadas seguintes em relação aos seus colaboradores.
Curiosamente, no genérico, é apresentado como um “Walt Disney Comic”, por Ub Iwerks, reconhecendo de alguma forma o trabalho gráfico do seu assistente que, segunda a história, foi o criador gráfico do rato e o primeiro responsável pelas suas aventuras em banda desenhada nos jornais norte-americanos, a partir de 1930.
Um ano antes, Mickey já era a estrela de Plane Crazy, outra animação produzida por Disney, mas a sua estreia foi posterior, por ser um filme mudo.
Em Steamboat Willie, animação a preto e branco, com pouco mais de 7 minutos e uma música que fica no ouvido, Mickey é o piloto de um pequeno barco a vapor, pertença de um prepotente capitão (que de certa forma antecipa João Bafo-de-Onça) e onde pretende embarcar uma certa Minnie Mouse.
A pouco ortodoxa ordenha de uma vaca, a utilização de animais como instrumentos musicais, a falta de pudor com a lingerie de Minnie e o mascar de tabaco do capitão, se tornam este filme politicamente incorrecto à luz das (infelizes) regras hoje em vigor, fazem dele também uma animação que se mantém fresca e muito divertida, mesmo 85 anos depois da sua estreia.

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Novembro de 2013)

17/11/2013

Os muitos rostos de Robin Hood







A 8 de Novembro de 1973 a Walt Disney Company estreava Robin Hood, uma adaptação de uma das mais conhecidas lendas do imaginário popular, protago-nizada por animais antropomórficos.
Juntava assim mais um rosto, aos muitos que já tinha assumido esse herói lendário no cinema, na TV e na banda desenhada.

Nesse filme, o 21.º dos clássicos animados da Disney, Robin e Marion eram raposas, o príncipe João um leão, o xerife de Nothingham um urso, tal como João Pequeno. Um galo como narrador, galinhas, coelhos e rinocerontes também faziam parte do elenco, que contava com as vozes de Brian Bedford (Robin), Peter Ustinov ou Alan Devine.
A história basicamente era a mesma que alimenta o imaginário popular pelo menos desde o século XV, data da primeira referência a Robin Hood e os seus Merry Men (alegres companheiros). Ambientada no condado de Nothingham, governado pelo Príncipe João, aproveitando a ausência nas cruzadas do legítimo rei, Ricado Coração de Leão, narra a luta de Robin Hood, a partir da floresta de Sherwood, com um grupo de homens que incluía João Pequeno e o frei Tuck, contra as injustiças cometidas pelo príncipe regente. Admirado pela população, por “roubar aos ricos para dar aos pobres” – lema inexistente nas primeiras versões… - exímio na utilização do arco e da espada, tem no xerife de Nothingham o seu maior adversário e na bela Marion o objecto da sua paixão.
Aquele filme não era, no entanto, a primeira abordagem da Disney à lenda, pois já nos anos 30, Floyd Gotfredson tinha provocado um encontro de Mickey Mouse com o arqueiro, nas páginas dominicais dos jornais norte-americanos. Intitulada The Robin Hood Adventure, foi publicada na primeira versão portuguesa da revista Mickey, em 1936.
Outra versão animada do herói de Sherwwod, Robin Hood and his Merry Mouse (2012), coloca Tom e Jerry na época medieval em auxílio do justiceiro, que já tinham visitado em 1958. Bugs Bunny, Daffy Duck, Mister Magoo, Marretas, Schtroumpfs, Super Mario ou Ren e Stimpy são outros heróis de animação que se cruzaram com Robin.

A primeira versão cinematográfica é bastante mais antiga, e foi feita em Inglaterra, em 1908. Filme mudo intitulado Robin Hood and his Merry Men, foi dirigido por Percy Stow.
Numa lista que conta mais de meia centena de adaptações, entre versões cinematográficas e televisivas, há três que se destacam naturalmente. Robin Hood (1922), dirigido por Allan Dwan, alia ao protagonismo de Douglas Fairbanks, o facto de ter sido o primeiro filme com direito a ante-estreia em Hollywood.
O mais famoso e aclamado, é The Robin Hood Adventures, graças ao protagonismo de Errol Flynn, que se tornou quase a ‘imagem oficial’ do justiceiro de Sherwood. Dirigido por Michael Curtiz é um dos clássicos intemporais da 7.ª arte, com presença recorrente nas listas dos melhores 100 filmes de sempre.
Mais recentes são Robin Hood: Prince of Thieves (1991) a versão de Kevin Reynolds mal recebida pela crítica, protagonizada por Kevin Costner, que contava no elenco com Morgan Freeman e Sean Connery, e Robin Hood (2010), de Riddley Scott, com Russell Crowne e Cate Blanchett.
Numa aproximação diferente, surge Robin Hood: Men in Thights (1993), com o humor nonsense de Mel Brooks.

Quanto à banda desenhada, também não ficou indiferente ao potencial do lendário herói e ele foi mesmo a primeira personagem recorrente da futura DC Comics, em Janeiro de 1938, meses antes de surgir o Superman, escrito e desenhado por Sven Elven.
Em histórias que envolvem viagens do tempo ou dimensões paralelas, diversos dos super-heróis da DC, como Superman, Batman, Arqueiro Verde, Mulher Maravilha ou a Liga da Justiça encontraram-se com o justiceiro da floresta de Sherwwod, auxiliando-o na sua cruzada. Este último teve também uma pequena participação em Fables, uma série da Vertigo que retoma personagens lendários ou de livros infantis, colocando-os nos EUA nos nossos dias, dotados dos piores defeitos do ser humano.
Em termos europeus, desde a década de 1940 que sucessivas versões foram criadas em Inglaterra, tendo algumas surgido em Portugal em títulos como Mundo de Aventuras, Condor, Cavaleiro Andante, Tigre ou Falcão e mesmo na revista Robin dos Bosques, na década de 1970.
Em França, onde o português Edurado Teixeira Coelho se distinguiu com esta personagem (ver caixa), referência também para Robin da Mata, a sátira bem humorada criada por Bob de Groot e Turk em 1969, que a revista Tintin publicou entre nós.
Pela floresta de Sherwood pesseou também o grande mestre português Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), dotado de um traço clássico e vigoroso, durante o período ‘francês’ da sua longa e notável carreira, quando desenhou mais de meia centena de episódios de Robin du Bois, a partir de argumentos de Jean Olivier.
Originalmente publicados na revista Vaillant, entre 1969 e 1975, foram em grande parte editados no nosso país no Mundo de Aventuras, tendo alguns deles merecido também traduções noutros países.

(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Novembro de 2013)


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