Houve um tempo – já algo distante… - em que a edição de
compilações de tiras de imprensa era – parecia ser? – um bom negócio em
Portugal.
Impulsionado pelo sucesso de Calvin & Hobbes (que agora
vai ser integralmente reeditado entre nós), surgiram séries como Cathy, Foxtrot
ou Adam, apenas para referir as que tiveram mais volumes editados, entre muitas
outras - não obrigatoriamente menos interessantes mas, com toda a certeza,
menos populares.
Agora, a um mercado quase exclusivamente limitado à edição
dos novos volumes de Zits e Baby Blues, chega Big Nate com a (inteligente)
pretensão de explorar um segmento diferente.
Série divertida, embora não genial, capaz de provocar alguns
sorrisos, em especial pela (fácil) empatia criada com muitas das situações
apresentadas – e aqui e ali pela forma inesperada como elas são resolvidas - aborda
o dia-a-dia – especialmente escolar – de um pré-adolescente incompreendido (como
são todos…).
Big Nate: O que é que
podia correr mal?, compila tiras e pranchas publicadas em jornais norte-americanos
entre 2007 e 2008 e a sua base é a relação de Nate com os colegas – o sabichão
da turma, a paixão não correspondida, o valentão… - e com os professores,
embora o pai e a irmã também sejam presenças recorrentes, e os muitos choque
que elas provocam devido ao carácter irreverente e muito convencido do
protagonista.
O seu grande trunfo é o facto de ser baseada na série
homónima infanto-juvenil de (algum) sucesso, o que justifica a adopção do
formato livro – apesar de não ser o mais adequado para a publicação de tiras e,
principalmente, de pranchas dominicais – em tudo semelhante aos da ‘série-mãe’,
seguindo o modelo da edição original.
Dessa forma, embora pais e irmãos mais velhos possam igualmente
divertir-se com a sua leitura, o livro está especialmente vocacionado para os
leitores (adolescentes) da série original, um dos segmentos que mais livros
consome em Portugal, o que de certa forma pode garantir o seu sucesso (e a
futura edição das duas outras compilações já existentes nos EUA), podendo
também funcionar – espero eu - como incentivo à leitura de outras obras aos
quadradinhos.
Big Nate: O que é que podia correr mal?
Lincoln Peirce
Arteplural edições
Portugal, Fevereiro de 2014
150 x 235 mm, 224 p., pb
brochada com badanas, 12,20 €
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