28/02/2014

Tyler Cross








Tyler Cross é um assassino contratado, que de repente se encontra com 17 quilos de heroína pura (no valor de meio milhão de dólares), 21,80 dólares no bolso e muita gente a persegui-lo.
Encontrá-lo é fácil: basta seguir o rasto de cadáveres…~

O desenvolvimento de um policial puro e duro, na linha dos grandes mestres do género, tradicional mas surpreendente, já a seguir.


Tyler Cross é um assassino de elite.
Um daqueles que se chamam para resolver os problemas mais delicados. No caso, a mando de um mafioso decrépito que caminha em passo acelerado para o seu fim, dar uma lição ao seu sobrinho, que quer traficar heroína por conta própria.
Tudo corre bem (mal para o sobrinho e os seus associados e para a parceira de Cross) quando o senhor do crime decide partir desta para melhor (ou não) e o deixa com 17 quilos de heroína pura nos braços, sozinho em pleno deserto e sem ninguém a quem cobrar o contrato.
A chegada a Black Rock não lhe facilita a vida, pois os donos da povoação, a família Pragg (xerife, banqueiro, presidente da Câmara), habituada a fazer-se obedecer voluntariamente (à força), (pela força) do dinheiro e/ou pela força, decide tratá-lo como persona non grata e descobrir os segredos que esconde.
Só que Tyler está longe de ser dócil ou submisso e a afronta sofrida tem que ser lavada com (muito) mais violência. Mas como não é o único a pensar assim, tem que se pôr em fuga, perseguido pelos Fragg, a Mafia e a polícia de cinco estados, num policial que é uma ode à violência que (só aparentemente) contrasta com a linha clara depurada e límpida de um Brüno altamente inspirado.
A planificação sóbria, mas muito eficaz, a par de uma narrativa que entremeia alguns flashbacks que explicam o porquê de algumas cenas depois de elas acontecerem, em especial na primeira metade do relato, confere um ritmo e uma dinâmica bem conseguidas a este álbum de estreia de uma personagem que, longe de ser simpática ou cativante, mesmo assim prende e obriga a seguir a leitura página após página.
Até que desemboca no grande final, uma carnificina como poucas, com tanto de violenta quanto de original, que encerra com chave de ouro um dos melhores policiais aos quadradinhos que li nos últimos anos.

E não têm sido tão poucos assim…

Tyler Cross
Fabien Nury (argumento)
Brüno (Desenho)
Dargaud
França, Agosto de 2013
104 p., cor, cartonado, 16,95 €




2 comentários:

  1. Será um dos "melhores policiais aos quadradinhos..." que leste nos últimos tempos mas eu achei-o, como BD, quase banal. Mil vezes preferível a "trilogia MIllenium", o "quarteto de Sevilha" do Robert Wilson, etc., etc.

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    Respostas
    1. RC,
      Todos nós temos os nossos "padrões" e o que eu escrevo é apenas reflexo dos meus, a minha opinião.
      Complementando a ideia que transcreveste, posso acrescentar que é um dos melhores policiais aos quadradinhos que li nos li nos últimos anos - e não foram assim tão poucos - e que como BD não achei Tyler Cross nada banal... bem pelo contrário!
      Prefiro a trilogia Millenium (em romance)? Com certeza. E tenho curiosidade em ler a sua versão em BD? Alguma, a par de um grande medo pois não vejo como é possível adaptar uma obra daquela dimensão em a trair...

      Boas leituras!

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