Durante anos, habituei-me a ver as produções
da Sergio Bonelli Editore como histórias de heróis, unidimensionais
e infalíveis. Tex, à cabeça, Zagor, Mister No, Nick Raider
encaixavam bem naquele paradigma e, se havia algumas excepções -
Martin Mystère e a sua base histórico-científica era a principal -
estavam longe de ser regra.
Depois, estas últimas começaram a aumentar: o
humanismo de Ken Parker, a insegurança de Julia, o misticismo de
Mágico Vento, aproximavam (em doses desiguais) os heróis do ser
humano.
Mas, tenho para mim que, neste particular, a
Bonelli atingiu o seu melhor na multifacetada colecção Le Storie, a que tenho voltado recorrentemente, que abriu com a história de um homem
trabalhador.
Um homem já maduro, hábil no seu ofício,
daqueles capazes de assumir até ao fim as suas responsabilidades
para satisfazer a exigência de
quem manda, de quem paga,
indiferente às mudanças das chefias desde que o deixem exercer as
suas funções.
Um perfeccionista, amante da ordem e do método,
defensor de levar uma tarefa do princípio ao fim, sem
interferências, sem ajudas, sem desvios, certo de que só assim será
capaz de dar
o seu melhor.
Um ser humano dedicado, assombrado por erros ou
desvios, desiludido quando o seu ofício
é posto em causa ou subvertido, satisfeito quando leva a bom termo
aquilo de que o encarregaram.
Esse homem, que
viveu em França no final do século XVIII, era o carrasco de Paris e
esta é a sua história.
Uma história ficcionada que pude descobrir
graças à campanha #iorestoacasa durante
a qual a Sergio Bonelli
Editore disponibilizou pouco
mais de uma dúzia de
primeiros números das suas colecções para leitura digital
gratuita.
Le
Storie#1: Il Boia di Parigi
Paola Barbato (argumento)
Giampiero Casertano (desenho)
Sergio
Bonelli Editore
Itália,
Outubro de 2012
160
x 210
mm, 94
p., pb,
capa mole
ISBN: 977228100800620001
4,50 €
(imagens disponibilizadas pela Sergio
Bonelli Editore;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
As personagens e as histórias da Bonelli tem muita qualidade tanto no desenho como no argumento, e faz-me pensar como em Portugal apostam tão pouco nas historias e personagens Bonelli. Temos um tex com cerca de 10 edições pela editora Polvo o que é muito pouco, se calhar não apostam tanto devido ao excesso de western (Duke,Comanche,blueberry,Bouncer,Undertaker etc). Podiam apostar mais em Dragonero que é excelente e não existe nada em Portugal do estilo medieval. De resto saiu uma colecção pela levoir e a A Seita publicou 5 livros de dylan dog e o dampry o que já foi qualquer coisa mas precisamos de mais personagens magico vento,tex willer, brad barrow, zagor, morgan lost, lilth, mister no, nathan never, deadwood dick, nick raider, julia, Martin Mystère
ResponderEliminarPessoalmente da Bonelli aquilo que mais gostaria que fosse publicado em Portugal seriam edições de Le Storie, se bem que também acaba por ser um maior risco editorial já que não cria necessariamente um grupo de aficionados por um personagem especifica.
ResponderEliminarSomos muitos a sonhar com mais edições Bonelli em português, pode ser que um dia destes haja uma surpresa...
EliminarTex e Dragonero parecem-me suficientemente comerciais e poderiam ser o sustentáculo de uma colecção onde gostaria de ver Deadwood Dick e alguns dos volumes da Le Storie...
Boas leituras... caseiras!