Spirou: A esperança nunca morre... - 2.ª parte

A guerra

A guerra.
A guerra é assim.
Um conjunto de bestialidade, de comportamentos irracionais (e) incompreensíveis, violência a todos os níveis e desprezo pela vida humana.
Mostrada e/ou evocada inúmeras vezes, de inúmeras formas, em inúmeros suportes, continua a chocar, a bater forte, a horrorizar. Mais ainda, quando é uma série juvenil de aventuras a fazê-lo.

Já tinha referido aqui, que entre Diário de um ingénuo e a Primeira parte deste A esperança nunca morre..., a diminuição do humor tinha como correspondência um aumento do retrato cru da vida em Bruxelas durante a ocupação nazi, aquando da II Guerra Mundial. Era uma evidência, mas não me tinha preparado para a escalada chocante que esta Segunda parte representa.

Entre o retrato realista - perseguições a comunistas e judeus, obrigação destes usarem a cruz de David amarela como identificação, a falta de alimentos, o aproveitamento que alguns fazem da situação - e o humor circense centrado em Fantásio e na sua incapacidade de ver as evidências, Émile Bravo, de forma superlativa, leva o relato para um outro nível, que torna dolorosa a leitura, mas sem que a consigamos parar, arrastados no turbilhão do conflito, incrédulos, magoados e sem acção para além do virar das páginas.

Ou sem palavras, como me sinto agora ao escrever a custo este texto.

Há muito que uma história não me ‘batia’ deste modo, sinto receio do que virá a seguir…

A esperança nunca morre - 2.ª parte
Émile Bravo
ASA
Portugal, Março de 2023
240 x 320 mm, 92 p., cor, capa dura
19,90€

(imagens disponibilizadas pela ASA; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui mostradas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacado)