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27/08/2016
21/08/2016
Leitura Nova: Histórias de Valdevez
Em 1141, os exércitos de Afonso Henriques, futuro primeiro
rei de Portugal, e os de seu primo, o imperador Afonso VII de Leão e Castela,
encontram-se no Vale do Vez, protagonizando um dos mais importantes e
fundadores acontecimentos da nação portuguesa, o Recontro de Valdevez, momento
que inspirou, de igual modo, a frase símbolo do nosso concelho: "Arcos de
Valdevez- Onde Portugal se Fez".
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18/02/2016
10/02/2016
23/01/2016
Leitura Nova: Os Doze de Inglaterra
Pela primeira vez, os admiradores do grande mestre Eduardo
Teixeira Coelho vão poder apreciar na íntegra uma das obras mais belas que
desenhou, Os Doze de Inglaterra. Trata-se, seguramente, de uma obra-prima da
literatura de quadradinhos mundial.
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26/10/2015
03/02/2015
BD de José Ruy apresentada na Amadora
O álbum de banda desenhada O Juiz do Soajo, de José
Ruy, é apresentado hoje, terça-feira, 3 de Fevereiro, pelas 18:30 horas,
na Bedeteca da Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora, terra
natal do autor e grande centro de divulgação da BD portuguesa.
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José Ruy
05/09/2014
Leitura Nova: O Juiz de Soajo
A propósito da comemoração dos 500 anos do Foral de Soajo,
assinalados no passado dia 16 de Agosto, a Âncora Editora reedita a obra de
banda desenhada O Juiz de Soajo,
de José Ruy, em que o autor português de BD com mais álbuns publicados retrata
a história, os costumes e as tradições da vila de Soajo, em Arcos de Valdevez.
Mais informação já de seguida.
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07/03/2014
184.º aniversário de João de Deus celebrado com lançamento de BD de José Ruy
A obra de banda desenhada João de Deus – A Magia dasLetras, de José Ruy, é apresentada na próxima segunda-feira, 10 de Março, no
âmbito da comemoração do 184.º aniversário de João de Deus. A apresentação, a
cargo de Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas e do
Centro Nacional de Cultura, decorre pelas 16:30 horas, no Museu João de Deus,
em Lisboa.
Este é um duplo lançamento, das versões em português e em
mirandês, João de Deus – La Magie de Las Letras, com tradução de Amadeu
Ferreira e a colaboração de António Cangueiro.
Conheça mais sobre o autor e a obra já a seguir.
18/02/2014
João de Deus: A Magia das Letras
Kcecezêche, cequexe, metil, jêgue, rêre, zêxe, nenhetil…
Não, As Leituras do Pedro não mudaram de idioma nem adormeci
em cima das teclas do computador. O que atrás fica escrito tem uma explicação
lógica e coerente (por estranho que possa parecer…!) que podem descobrir já a
seguir.
06/08/2013
Biografias aos quadradinhos
Recém-chegada às livrarias nacionais, “Anne Frank: Biografia
Gráfica”, uma edição da Devir, é uma obra que exemplifica um género a que a
banda desenhada regressa recorrentemente: a biografia.
Se a história de Anne Frank, a pequena judia que narrou num
diário a sua experiência como refugiada judia na Holanda, durante a segunda Guerra
Mundial, é razoavelmente conhecida, recontá-la aos quadradinhos pode ser uma
forma de a fazer chegar a leitores menos familiarizados com as atrocidades
sofridas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Os seus autores, Sid Jacobson e Ernie Colón, para além do
diário de Anne, basearam-se também em testemunhos de pessoas que a conheceram, para
fazerem um enquadramento histórico e narrarem a história da sua família antes e
depois do holocausto nazi.
Da mesma editora é também “O Zen de Steve Jobs”, que num
registo mais ficcional, ilustra diversos episódios da vida do fundador da Apple
entre 1970 e 2011, que mostram a sua relação com Kobun Chino Otogawa, um monge
zen dissidente do budismo, e como se inspiraram mutuamente.
Acreditando nas potencialidades desta forma de expressão e
na facilidade com que chega a leitores mais novos, a Fundação Nelson Mandela compilou
diversos episódios da vida do antigo presidente sul-africano em “Nelson
Mandela: The Authorized Comic Book”, um projecto que teve supervisão do próprio.
Temática usada em Portugal e noutros países ocidentais
durante décadas para contornar as limitações que a censura impunha, a biografia
aos quadradinhos continua a ter cultores como o veterano José Ruy, autor de “Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos” (Âncora), na qual provoca o encontro entre duas
“versões” do biografado, o homem maduro e o jovem de 14 anos, que vão
conversando e percorrendo os diversos locais onde viveu uma das figuras mais
proeminentes do movimento da Renascença Portuguesa.
Já “Pessoa & Cia” (ASA), da catalã Laura Pérez Vernetti,
apresenta o poeta português através de uma biografia desenhada e da
reinterpretação de alguns dos seus poemas aos quadradinhos.
Menos conhecido é o fotógrafo brasileiro Maurício Hora, natural
da favela do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, onde ainda hoje habita
por opção, cujas dificuldades de vida inerentes ao meio são traçadas em “Morro da Favela” (Polvo) do também brasileiro André Diniz.
No campo do desporto, a vida de um dos maiores ciclistas de
todos os tempos foi lembrada aos quadradinhos nos anos 1970 pelo jornal “A
Capital”, numa BD recuperada pelo GICAV em “Um campeão chamado Joaquim
Agostinho”, a propósito do centenário do seu criador, Fernando Bento
(1910-2010).
Nos Estados Unidos, os quadradinhos biográficos dedicados a personalidades
e celebridades das mais diversas áreas encontraram um nicho de mercado que a
Bluewater Productions tem explorado a fundo. O actor Lou Ferrigno, o escritor
George R.R. Martin, o basebolista Jackie Robinson ou os One Direction são
alguns dos nomes que recentemente integraram um já vasto catálogo onde também
se encontram biografias de Barack Obama,
dos príncipes William e Kate, de Michael Jackson ou de Angelina Jolie, esta
última desenhada pelo português Nuno Nobre.
Entretanto, nalgumas bancas e quiosques portugueses está
neste momento disponível o segundo tomo de “La Vie de Mahomet”, uma biografia do
profeta do islão.
Editada pela revista satírica “Charlie Hebdo”, conhecida
pelas muitas polémicas que tem provocado e cuja sede chegou a ser alvo de um
atentado bombista, desencadeou uma tempestade mediática quando foi editado o
primeiro volume, mas a obra revelou-se fiel à versão histórica, fruto de um
profundo trabalho de pesquisa por parte de Zineb e Charb, que entre outras
bases utilizaram os textos sagrados do Corão “para ilustrar o percurso de um
homem, Maomé, tal e qual é descrito nas próprias fontes islâmicas”.
Apesar disso, não escapou a tornar-se alvo de alguns
extremistas e recentemente, em França, donos de quiosques foram ameaçados e
mesmo agredidos por a exporem e o Facebook chegou a suspender a página da “Charlie
Hebdo” por “publicação de conteúdos que violavam” as suas regras…
A finalizar, a título de curiosidade fica uma referência a
três biografias intimamente ligadas ao género narrativo que as suporta: “Maurício
de Sousa: biografia em quadrinhos”, assinada pelo respectivo estúdio, mas que
assume alguns contornos autobiográficos, “Osamu Tezuka – Biographie”, obra
póstuma sobre o criador de Astroboy, e “A Saga do Tio Patinhas”, editada em
Portugal pela Edimpresa, na qual Don Rosa recriou cronologicamente o percurso
do pato mais rico do mundo a partir dos muitos episódios escritos e desenhados
por Carl Barks, o seu criador.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
6 de Agosto de 2013)
Leituras relacionadas
Âncora Editora,
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21/06/2012
Entrevista com José Ruy
"Não fico à espera de convites.
Faço."
José Ruy (foto do Blog do Centro Artístico e Cultural Artur Bual) |
Faço."
O álbum
“Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos”, de José Ruy, é hoje apresentado na
Casa da Cultura Leonardo Coimbra, na Lixa, às 17 horas, com a presença do autor,
num evento integrado nas comemorações do 17º aniversário da elevação a cidade
daquela localidade.
A obra,
teve o apoio da Câmara Municipal de Felgueiras, terra natal do filósofo, que
adquiriu uma parte da edição de modo a garantir que todas as Escolas e
Bibliotecas do Concelho tenham exemplares.
Este foi
o pretexto para uma conversa à distância (por mail) com José Ruy, centrada
especialmente na sua relação com as autarquias e o seu método de trabalho.
Nesta conversa também foram abordados o álbum agora apresentado e o que se vai
seguir - “Carolina Beatriz Ângelo, Pioneira na Cirurgia e no Voto” - do qual As
Leituras do Pedro apresentam a capa e algumas pranchas, em estreia absoluta, o
que constitui mais um motivo de agradecimento a José Ruy.
As Leituras do Pedro - Há muito que o
José Ruy trabalha com o apoio de autarquias portuguesas. Sem querer entrar no
“segredo do negócio”, como funcionam normalmente essas parcerias? De quem
costuma partir a iniciativa, de si ou da autarquia?
José Ruy – Praticamente comecei a fazer histórias
relacionadas com Autarquias, com a “História de Macau”, depois de regressado
desse território chinês sob administração portuguesa, e por sugestão da
delegada em Lisboa, Dr.ª Amélia Dias. Mas não teve qualquer comparticipação da
Autarquia; As Edições ASA colocaram os livros directamente à venda no
território em livrarias previamente indicadas. As iniciativas para realizar estas
obras têm partido de mim, de professores, de autarcas e de editores. Mas nunca
realizei Histórias em Quadrinhos directamente para nenhuma Autarquia, como tem
acontecido com colegas meus.
Só
trabalho com editores, e são estes que por sua vez contactam e contratam com
algum promotor, que pode ser realmente uma Autarquia, um instituto, um museu ou
uma fundação.
ALP - É fácil chegar a acordo com essas
instituições em termos de valores envolvidos, prazos, condições de
impressão/distribuição, liberdade criativa, etc.?
JR - Esta sua pergunta está em parte já respondida, mas
explicarei melhor: Quando o editor decide publicar a obra, (apresentada sempre
por mim), devido ao meu processo de trabalho, não se levantam os problemas a que
faz alusão. A importância dos apoios para o editor, é de ter à partida a
garantia (de palavra) de uma quantidade de livros a serem adquiridos depois de
impressos, e só depois dessa altura pagos. Naturalmente que faz diferença uma
edição ser projectada para cinco mil exemplares, se puder atingir os dez mil. Quanto
mais elevada é a tiragem mais embaratece o preço unitário. Assim o promotor
adquirirá um produto mais em conta, e o editor também beneficiará disso.
Nunca
tive intromissão de qualquer espécie no que faço, pois o método que uso e que
todos sabem, é o seguinte:
Logo a
seguir a criar o argumento, elaboro toda uma planificação desenhada da história,
embora em rascunho, incluindo as legendas; depois apresento ao editor e ao
promotor, para análise. Sobre esse esboço são trocadas impressões, acrescentes
ou modificações, como um trabalho de equipa; mas uma vez aprovada essa fase,
não haverá qualquer modificação de última hora. Foi assim que trabalhei na ASA,
e apesar de fazer parte dos quadros efectivos, consegui disciplinar os
dirigentes quanto a um velho hábito de “põe e tira” já quase com o livro em
máquina. Quando me convidaram para a empresa, sabiam já que só aceitaria nessas
condições. Portanto a liberdade criativa é total, pois o que se discute por
vezes são pequenos pormenores pontuais.
Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos |
ALP - Chega a ter diversas propostas
pendentes, ou trabalha um tema de cada vez?
JR - Por norma trabalho sempre com vários projectos encadeados,
uns sugeridos, outros de minha iniciativa; durante a arte final de uma obra,
estou já a trabalhar no argumento e a reunir material para uma outra, enquanto faço
a pesquisa para uma terceira ou quarta HQ.
A
pesquisa ocupa muitas vezes muito mais tempo do que a realização do livro. Só “arranco”
em definitivo quando tenho todos esses elementos na mão.
ALP - Depois de estabelecido o acordo,
qual o seu método de trabalho?
JR - Acontece que não dependo de qualquer “acordo económico”
para iniciar o trabalho. Ninguém irá apostar em adquirir livros para colocar em
escolas ou bibliotecas, se não ler e ver primeiro a história. Naturalmente que
o acabamento final, já pode ser antevisto pelo exemplo das obras por mim realizadas.
O autor tem de investir para ver resultados, não pode estar à espera de saber
quanto vai receber, para depois meter mãos à obra. É esta a minha filosofia.
Carolina Beatriz Ângelo |
ALP - Uma vez o trabalho finalizado, costuma
receber críticas das entidades envolvidas ou mesmo pedidos de alterações? Como
reage?
JR - Devido ao processo de trabalho que descrevi, esta situação
nunca se põe.
ALP - Sem estas parcerias com as câmaras,
o José Ruy ainda era autor de BD?
JR - Claro que não dependo de apoios externos para editar as
minhas HQs. Pode o editor apostar numa tiragem mais reduzida, mas edita sempre.
Dou-lhe um exemplo: o livro “Aristides de Sousa Mendes, Herói do Holocausto”,
não teve apoios, e no entanto está em segunda edição. A editora do Museu Yad
Vashem de Jerusalém fez um contrato comigo para a edição em hebraico que está à
venda em Israel.
Não fico
à espera de convites. Faço.
ALP - Estes acordos com as autarquias ou
outras instituições significam a compra de que parte da edição?
JR - Essa proporção das tiragens depende. No caso de “A Jóia no
Vale!” foi de quatro para a Autarquia e dois para a editora, pois nestes casos
o livro é distribuído pelas escolas e bibliotecas e o tema é trabalhado nas
aulas, onde vou algumas vezes colaborar. Mas em Os Lusíadas em HQ, já no
adiantado da publicação em muitas edições, a Câmara de Almada adquiriu uma proporção
de 1 para 8, portanto uma pequena parte da edição da altura.
Carolina Beatriz Ângelo |
Em
Sintra, a Autarquia adquiriu um terço da tiragem em português, e quase a
totalidade das edições em espanhol, francês e inglês, pois estava mais direccionada
para a colocação destas versões nos postos de turismo da Vila. Em “O Juiz do
Soajo” uma parceria da Junta de Freguesia do Soajo, a Câmara de Arcos de
Valdevez e o Parque Nacional da Peneda Geres adquiriram dois terços, e também
quase a totalidade das versões em francês e inglês.
O “Pêro
da Covilhã”, de que na primeira edição a Região de Turismo da Serra da Estrela
adquirira metade, na segunda edição já só a Câmara da Covilhã adquiriu uma
pequena parte. “Amarante e a Heroica Defesa da Ponte” foi meio por meio.
Neste
caso recente do “Leonardo Coimbra”, a Autarquia adquiriu 4000 exemplares de
seis mil da tiragem.
A Âncora
(que tenho acompanhado mais de perto nos últimos anos) nas suas edições de HQ
não se limita a editar livros para fornecer a promotores; tem editado, obras minhas
e de colegas como o José Pires, o João Amaral e o Baptista Mendes (que tem um
livro a sair muito brevemente nessa editora), os que nos temos mantido mais activos na editora, com mais
ou menos tiragem, mas nunca deixando de o fazer quando não há apoios. Há sempre
o apoio do público. Mas se aparecer alguma aquisição extra, tanto melhor,
engrossa a tiragem.
Carolina Beatriz Ângelo |
ALP - No caso da biografia do Leonardo de
Coimbra, de quem partiu a iniciativa?
JR - A sugestão para o livro “Leonardo Coimbra e os Livros
Infinitos”, nasceu numa reunião com a presença do meu actual editor, em
Felgueiras, aquando de uma das minhas intervenções na Biblioteca Municipal,
pela então Presidente da Câmara Dr.ª Fátima Felgueiras. Foi um desafio a que
apliquei todo o meu empenho, pois cada novo livro representa para mim uma
importância especial pelo respeito e consideração que tenho pelo público a que
se destina.
ALP - Quais foram as maiores dificuldades
com que se deparou para criar esta obra?
JR - A grande dificuldade inicial que enfrentei nesta obra, foi
tornar apelativo aos escalões etários alvos, o argumento. Como sabe, em todas
as minhas HQ não me limito a alinhar os documentos históricos ilustrando-os a
seco. Concebo um pequeno enredo romanceado, através do qual o leitor se vai
apercebendo, às vezes sem dar por isso, da parte histórica que precisamos de
contar. Neste caso, como tratar este assunto tão fechado para uma grande parte
do nosso público das HQs, tornando-o acessível, e conseguindo que as páginas fossem
viradas uma a uma até à final, sem saltarem por cima? E no entanto tinha de ser
compreensível tanto para as crianças e jovens, como para o leitor adulto e já
conhecedor da personagem. E segundo parece, pela própria opinião do Pedro Cleto, consegui. Haverá sempre
um anão desconhecido que discorde e deite abaixo. Quem não se quer expor a
franco atiradores, não pode sair da linha defensiva da trincheira. Eu arrisco.
ALP - Está satisfeito com o resultado?
JR - Para lhe ser franco, nunca estou satisfeito, pois no final
penso que poderia ter feito melhor, ou diferente; mas terei de tentar no
trabalho seguinte, porque o terminado já pertence ao editor e terá de seguir os
seus trâmites. No fundo, quem importa que fique realmente satisfeito é o público.
É ele que permite que possamos fazer um próximo livro.
ALP - Sei que já tem um novo álbum pronto
para sair em Setembro. Qual o seu título e tema?
JR - O livro que tenho pronto desde finais de 2011, chama-se: “Carolina
Beatriz Ângelo, Pioneira na Cirurgia e no Voto”. É quanto a mim, um contraponto
ao Leonardo Coimbra. Trata-se de uma notável figura da mesma época, que se
cruzou com Leonardo numa outra luta, bem mais difícil, pela sua condição
feminina. Uma vencedora. Tenho a obra pronta em DVD e no entanto não temos
nenhum apoio definido.
A sua
publicação depende neste momento de se conseguir uma tiragem mais confortável,
de resto como a figura merece, e que o editor está a ponderar atentamente.
José Ruy (foto do Blog do Centro Artístico e Cultural Artur Bual) |
05/06/2012
Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos
José Ruy
Âncora Editora (Portugal, Novembro de 2011)
215 x 300 mm, 32 p., cor, cartonado
11,00 €
Convite
A Âncora Editora e a Leya na
Buchholz têm o prazer de a/o convidar para o lançamento do livro Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos, de José Ruy.
A sessão, que será precedida
pela inauguração de uma exposição de originais do livro, terá lugar no próximo
dia 5 de Junho, terça-feira, pelas 18:30 horas, na Leya na Buchholz, Rua Duque
de Palmela, n.º 4, Lisboa.
(Texto da responsabilidade da
organização)
Desenvolvimento
A biografia de Leonardo Coimbra
(1893-1936) político, pensador e filósofo, é o tema do mais recente álbum
(publicado) do veterano José Ruy – pois raramente este mestre dos quadradinhos
portugueses está sem novos projectos em mãos! - que nele evoca os momentos mais
marcantes da vida e da obra do protagonista, com o seu traço clássico e personalizado e
uma planificação de matriz que embora mais tradicional e contida apresenta uma assinalável
diversidade.
Para aligeirar a carga didáctico-pedagógica,
sempre inerente a uma obra com as características desta – factor que ao longo
dos anos tem sido uma pecha de muita da banda desenhada histórica nacional - José
Ruy utiliza um artificio narrativo: provoca o encontro entre duas “versões” de
Leonardo Coimbra, o homem maduro e o jovem de 14 anos, que vão conversando e
percorrendo os diversos locais onde Coimbra viveu e desenvolveu as suas
diversas actividades.
Isto acaba por resultar bastante
bem e tornar mais ligeira (no bom sentido do termo) a leitura deste álbum, cuja
edição teve o apoio da Câmara Municipal de Felgueiras, concelho de onde (Borba
de Godim) Leonardo Coimbra era natural.
Leituras relacionadas
Âncora Editora,
BD para ver,
José Ruy
22/02/2012
Às quintas falamos de BD
Amanhã, dia 23 de Fevereiro, pelas 21h00, no Centro Nacional de Banda Desenhada
e Imagem, terá lugar mais uma edição de Às Quintas Falamos de BD, com o encontro
Por Esta Peregrinação Acima que conta com a participação do músico e compositor
Fausto, do autor de BD José Ruy, e da jornalista Ana Margarida Carvalho.
Na ocasião será exibido um poema sinfónico, uma adaptação em vídeo das pranchas
do álbum Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação, de José Ruy, com música de
Por Este Rio Acima, de Fausto Bordalo Dias.
Na última quinta-feira do mês convidamo-lo a tomar café connosco.
Apareça, contamos consigo.
(Texto da responsabilidade da organização)
Leituras relacionadas
Amadora,
Às Quintas,
José Ruy
20/07/2011
O Western na BD portuguesa (III)
Depoimentos (II)
A propósito dos 70 anos de “O Cavaleiro Misterioso”, primeiro western realista dos quadradinhos portugueses, eis o depoimento de dois autores que experimentaram o género, José Ruy e João Amaral:
1. Qual a importância do western na sua obra?
José Ruy - Este género não tem realmente uma incidência muito grande no conjunto de bonecos que tenho feito. No que hoje se chama «fanzine» que publicava em 1943, garatujei uma história de Cow-Boys assinando «Domador», para dar a ideia de ter mais colaboradores na revistinha, com uma tiragem de 50 provas para distribuir pelos amigos. Já colaborador de «O Papagaio», quando o Roussado Pinto passou a fazer parte da Redacção, achou que eu devia fazer um Western e elaborou um argumento. Chamava-se «Os Cavaleiros do Vale do Negro», e depois de muitos episódios, ao sair da Redacção, disse-me para continuar a história, pois não lhe dava jeito manter essa colaboração, e que eu tinha condições para tal. E o resto desse Western foi de minha inteira autoria. Quando se publicou a 2ª série de O Mosquito, editada pelo Ezequiel Carradinha e depois por mim, fiz um Western para as páginas centrais da publicação, só porque não tinha na colaboração importada uma história desse género.
João Amaral - Sobre a importância do western na minha obra, devo dizer que apesar de não ser muito visível no imediato, ela se encontra lá de alguma forma. Basta dizer que este foi um dos primeiros géneros que conheci em miúdo, com as revistas de O Falcão, Tex Tone ou Relâmpago, entre aquelas que agora me lembro, e mais tarde no Mundo de Aventuras e no Tintin, onde me lembro de acompanhar a saga do Tenente Blueberry, com muita satisfação e emoção. E essas revistas motivavam de tal forma a minha imaginação, que me tenho a ideia de, aos oito anos, fazer uma história baseada nesses heróis que lia.
Depois, veio o cinema e foi aí que colhi muitas influências, algumas das quais se encontram patentes (ainda que de forma muito indirecta) na própria “A Voz dos Deuses”. Lembro-me que, apesar de me querer manter fiel à obra de João Aguiar, queria, dentro da medida do possível, narrar algumas sequências, um pouco de uma forma semelhante à de um western. Sobre isso, lembro-me desse tipo de influência, numa cena em que Tôngio se encontra com um grupo de desertores romanos.
E, já posteriormente, elaborei para as Selecções BD, “O Fim da Linha” que se pode traduzir como um falso western. É verdade que a acção se passa numa aldeia portuguesa no último dia do ano 2000, mas em tudo é um western, apesar da época ser a actual. Afinal, não é mais do que um remake e uma homenagem a um dos meus filmes favoritos: O Comboio Apitou Três Vezes, de Fred Zinneman. E, apesar da acção diferir nalguns aspectos do original, tentei que as influências ficassem todas lá. E lembro-me de ter visto e revisto vários filmes para conseguir imagens fortes, por exemplo, para o duelo final que a história representa.
Mais recentemente e, depois de falar com o Jorge Magalhães, decidimos fazer “OK Corral”, para o Festival de Moura, uma história curta de quatro páginas que misturava dois géneros aparentemente distintos: o western (um claro pastiche do célebre filme de John Sturges, com Kirk Douglas e Burt Lancaster) e a ficção científica. Mais não fosse, só por isso, é um género para mim muito importante, porque, como poucos, consegue captar ambiências, que se podem estender a outras áreas.
2. Quais os autores e obras nacionais que considera mais significativos?
José Ruy - Em relação ao Western de autores portugueses, vou referir os autores, pois as histórias dos que menciono, considero-as todas boas. O Vítor Péon, que inicialmente sofria de grandes influências de autores estrangeiros e do português E.T. Coelho, veio a criar um estilo próprio, mas as histórias eram de qualidade. Curiosamente, foi o Cardoso Lopes, Tiotónio, quem lhe «ensinou» os pormenores deste tipo de personagens.
Gosto do Western de Eduardo Teixeira Coelho, e considero muito bem conseguido o que o Fernando Bento realizou. Presentemente aprecio as histórias deste género do José Pires, que neste momento está a elaborar uma belíssima história, na minha opinião, de grande envergadura, com muito rigor e acabamento impecáveis. Talvez a melhor das que ele já publicou.
João Amaral - Sobre os autores e obras nacionais que considero significativos, posso dizer que algumas delas só conheci muito posteriormente ou estou ainda a conhecê-las, como seja o caso das de Fernando Bento ou Vítor Péon. Os que mais me marcaram foram indiscutivelmente a dupla Augusto Trigo e Jorge Magalhães. Lembro-me que fiquei extasiado com uma história curta no Mundo de Aventuras, intitulada, se a memória não me falha, “A Sombra do Gavião”.
“Wakatanka”, dos mesmos autores, é uma história que ainda hoje leio e releio com muito agrado, tendo pena de ainda não ter conseguido arranjar o primeiro volume, que julgo ter visto pela primeira vez num suplemento de A Capital. O outro autor português que acho especialmente dotado para o western (que é aliás o seu género favorito) e cuja obra me maravilha desde há muito, é o José Pires, com os seus “Os Homens do Oeste”, mas sobretudo “Will Shannon - O Poço da Morte” e “Irigo”.
Nota: Pranchas destas duas bandas desenhadas podem ser vistas no blog de João Amaral.
Sobre o mesmo tema ler também:
- O Western na BD portuguesa
- O Western na BD portuguesa: depoimentos de Jorge Magalhães e João Paulo Paiva Boléo
A propósito dos 70 anos de “O Cavaleiro Misterioso”, primeiro western realista dos quadradinhos portugueses, eis o depoimento de dois autores que experimentaram o género, José Ruy e João Amaral:
1. Qual a importância do western na sua obra?
José Ruy - Este género não tem realmente uma incidência muito grande no conjunto de bonecos que tenho feito. No que hoje se chama «fanzine» que publicava em 1943, garatujei uma história de Cow-Boys assinando «Domador», para dar a ideia de ter mais colaboradores na revistinha, com uma tiragem de 50 provas para distribuir pelos amigos. Já colaborador de «O Papagaio», quando o Roussado Pinto passou a fazer parte da Redacção, achou que eu devia fazer um Western e elaborou um argumento. Chamava-se «Os Cavaleiros do Vale do Negro», e depois de muitos episódios, ao sair da Redacção, disse-me para continuar a história, pois não lhe dava jeito manter essa colaboração, e que eu tinha condições para tal. E o resto desse Western foi de minha inteira autoria. Quando se publicou a 2ª série de O Mosquito, editada pelo Ezequiel Carradinha e depois por mim, fiz um Western para as páginas centrais da publicação, só porque não tinha na colaboração importada uma história desse género.
João Amaral - Sobre a importância do western na minha obra, devo dizer que apesar de não ser muito visível no imediato, ela se encontra lá de alguma forma. Basta dizer que este foi um dos primeiros géneros que conheci em miúdo, com as revistas de O Falcão, Tex Tone ou Relâmpago, entre aquelas que agora me lembro, e mais tarde no Mundo de Aventuras e no Tintin, onde me lembro de acompanhar a saga do Tenente Blueberry, com muita satisfação e emoção. E essas revistas motivavam de tal forma a minha imaginação, que me tenho a ideia de, aos oito anos, fazer uma história baseada nesses heróis que lia.
Depois, veio o cinema e foi aí que colhi muitas influências, algumas das quais se encontram patentes (ainda que de forma muito indirecta) na própria “A Voz dos Deuses”. Lembro-me que, apesar de me querer manter fiel à obra de João Aguiar, queria, dentro da medida do possível, narrar algumas sequências, um pouco de uma forma semelhante à de um western. Sobre isso, lembro-me desse tipo de influência, numa cena em que Tôngio se encontra com um grupo de desertores romanos.
E, já posteriormente, elaborei para as Selecções BD, “O Fim da Linha” que se pode traduzir como um falso western. É verdade que a acção se passa numa aldeia portuguesa no último dia do ano 2000, mas em tudo é um western, apesar da época ser a actual. Afinal, não é mais do que um remake e uma homenagem a um dos meus filmes favoritos: O Comboio Apitou Três Vezes, de Fred Zinneman. E, apesar da acção diferir nalguns aspectos do original, tentei que as influências ficassem todas lá. E lembro-me de ter visto e revisto vários filmes para conseguir imagens fortes, por exemplo, para o duelo final que a história representa.
Mais recentemente e, depois de falar com o Jorge Magalhães, decidimos fazer “OK Corral”, para o Festival de Moura, uma história curta de quatro páginas que misturava dois géneros aparentemente distintos: o western (um claro pastiche do célebre filme de John Sturges, com Kirk Douglas e Burt Lancaster) e a ficção científica. Mais não fosse, só por isso, é um género para mim muito importante, porque, como poucos, consegue captar ambiências, que se podem estender a outras áreas.
2. Quais os autores e obras nacionais que considera mais significativos?
José Ruy - Em relação ao Western de autores portugueses, vou referir os autores, pois as histórias dos que menciono, considero-as todas boas. O Vítor Péon, que inicialmente sofria de grandes influências de autores estrangeiros e do português E.T. Coelho, veio a criar um estilo próprio, mas as histórias eram de qualidade. Curiosamente, foi o Cardoso Lopes, Tiotónio, quem lhe «ensinou» os pormenores deste tipo de personagens.
Gosto do Western de Eduardo Teixeira Coelho, e considero muito bem conseguido o que o Fernando Bento realizou. Presentemente aprecio as histórias deste género do José Pires, que neste momento está a elaborar uma belíssima história, na minha opinião, de grande envergadura, com muito rigor e acabamento impecáveis. Talvez a melhor das que ele já publicou.
João Amaral - Sobre os autores e obras nacionais que considero significativos, posso dizer que algumas delas só conheci muito posteriormente ou estou ainda a conhecê-las, como seja o caso das de Fernando Bento ou Vítor Péon. Os que mais me marcaram foram indiscutivelmente a dupla Augusto Trigo e Jorge Magalhães. Lembro-me que fiquei extasiado com uma história curta no Mundo de Aventuras, intitulada, se a memória não me falha, “A Sombra do Gavião”.
“Wakatanka”, dos mesmos autores, é uma história que ainda hoje leio e releio com muito agrado, tendo pena de ainda não ter conseguido arranjar o primeiro volume, que julgo ter visto pela primeira vez num suplemento de A Capital. O outro autor português que acho especialmente dotado para o western (que é aliás o seu género favorito) e cuja obra me maravilha desde há muito, é o José Pires, com os seus “Os Homens do Oeste”, mas sobretudo “Will Shannon - O Poço da Morte” e “Irigo”.
Nota: Pranchas destas duas bandas desenhadas podem ser vistas no blog de João Amaral.
Sobre o mesmo tema ler também:
- O Western na BD portuguesa
- O Western na BD portuguesa: depoimentos de Jorge Magalhães e João Paulo Paiva Boléo
Leituras relacionadas
João Amaral,
José Ruy,
Western
18/07/2011
O Western na BD portuguesa
Fernando Bento - O cavaleiro misterioso |
Júlio Resende - Arrepiado e Freitas cow-boys |
Por isso, dessa época, ficaram títulos que fizeram sonhar gerações de leitores: “Falsa Acusação”, “O Juramento de Dick Storm”, “Três balas”, “A vingança do jaguar” (todos de Vítor Péon), “O rei da Campina” (António Barata), “Falcão Negro, o filho de Jim West”, “Lobo Cinzento”, “O Grande Rifle Branco” (de E.T. Coelho), “O Vale da Morte” (Jayme Cortez), “O segredo das águas do rio” (José Garcês) ou “Os Cavaleiros do Vale Negro” (José Ruy).
ET Coelho Falcão Negro: Tempestade no Forte Benton |
Vítor Péon Tomahawk Tom - O Aventureiro |
Augusto Trigo - A sombra do Gavião |
José Pires - Will Shanon |
Nesta evocação do western, duas obras aos quadradinhos merecem uma referência à parte, uma vez que a sua acção se situa em Portugal.
Pedro Massano - Mataram-no duas vezes |
João Amaral - O fim da linha |
Agora, tantos anos depois de “O cavaleiro Misterioso”, se muitos cowboys “portugueses” ficaram por relembrar neste texto, a quem com eles viveu grandes aventuras em pradarias ensolaradas, desertos tórridos ou canyons profundos, defendendo belas mulheres, perseguindo bandidos ou fugindo dos índios, aconselha-se a (re)leitura dos quadradinhos que há décadas os fizeram sonhar, se bem que a maior parte deles não seja fácil de encontrar…
Nota: sendo esta abordagem obrigatoriamente breve - e por essa razão nela só foram referidos os desenhadores, sendo esta uma injustiça para os argumentistas que reconheço - a quem quiser aprofundar o tema aconselha-se a leitura de “O Western na BD portuguesa” e “Vítor Péon e o Western” (ambos editados pela Câmara Municipal de Moura, no âmbito do Salão de BD local, integrados no esforço louvável que esta autarquia tem feito no sentido de recuperar algum do património português aos quadradinhos), dois estudos profusamente ilustrados e da autoria de Jorge Magalhãdes, possivelmente o maior especialista português no género. E de onde foram retiradas, aliás, com a devida vénia, muitas das imagens que acompanham o presente texto.
Sobre o mesmo tema ler também:
- O Western da BD portuguesa: depoimentos de Jorge Magalhães e João Paulo Paiva Boléo
- O Western da BD portuguesa: depoimentos de José Ruy e João Amaral (dia 20 de Julho)
Galeria
António Barata - O Rei da Campina |
António Ruivo - Shannon |
Augusto Trigo Wakantanka: O bisonte negro |
Augusto Trigo Wakantanka: O povo serpente |
Caelos Botelho - aventuras do Cow-boy Jim Boy |
ET Coelho - O Grande Rifle Branco |
ET Coelho - Falcão Negro |
Jayme Cortez - O vale da morte |
José Garcês - O segredo das águas do rio |
José Ruy - os Cavaleiros do Vale Negro |
José Pires - Homens do Oeste |
José Pires - Irigo |
José Pires - Will Shanon |
Oskar Lobo Aventuras de "Tom Migas" e do seu cavalo "Caralinda" |
Pedro Massano - Mataram-no duas vezes |
Vítor Péon - A Vingança do Jaguar |
Vítor Péon - A Vingança do Jaguar |
Vítor Péon - O juramento de Dick Storm |
Vítor Péon - Três balas |
Vítor Péon - Jerry Colt: o bando da cidade perdida |
Vítor Péon - Tomahawk Tom |
Vítor Péon - esboço de Tomahawk Tom |
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Julho de 2011)
Leituras relacionadas
Augusto Trigo,
Efeméride,
ETCoelho,
Jayme Cortez,
João Amaral,
José Garcês,
José Pires,
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Portugal,
Vítor Péon,
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