Tenho
referido aqui, de forma intermitente, algumas das mudanças que tem
sofrido a edição de banda desenhada no nosso país nos últimos
anos e uma delas, fundamental, é o terminar das séries iniciadas.
Se isto pode parecer algo óbvio a muitos, a verdade é que nem
sempre foi assim, e restaurar a confiança nos editores é
fundamental. O
Árabe do Futuro 6 - Ser Jovem no Médio-Oriente 1904-2011,
recém-lançado pela Teorema, é mais um contributo neste sentido.
Cerca
de três anos depois do lançamento do volume #4, numa espera que se
tornou longa, finalmente a Teorema fez chegar às livrarias nacionais
O
Árabe do Futuro #5 - Ser Jovem no Médio-Oriente (1992-1994),
penúltimo tomo da auto-biografia de Riad Sattouf, filho de mãe
francesa e pai líbio.
Chegados a 1987-1992 e ao volumoso livro que
nos resume mais cinco anos da vida de Riad Sattouf, apetece escrever
que, não trazendo nada de novo, continua a revelar um pedaço da sua
- e também já nossa - história de vida, de forma consistente,
convincente e irresistível. Porque, quero ser claro, o grande mérito de
Sattouf é - mais do que aquilo que conta, a forma como o sabe
contar.
Passada a surpresa que o primeiro volume constituiu,
estabelecido o registo narrativo, definida a posição - crítica - de Sattouf
neste contexto, o que nos pode levar à leitura do terceiro tomo de O Árabe do Futuro?
Editado pela Teorema, apenas um ano após o primeiro tomo, aproveitando
(?) a actualidade do tema, O Árabe do
Futuro #2 foca-se no primeiro ano da vida escolar síria do autor, Riad
Sattouf.
Um dos grandes lançamentos deste mês (já os
salientei aqui) – e também deste ano - em Portugal, O árabe do futuro é muito mais do que meramente “o livro distinguido
como a Melhor Obra de 2014 no Festival International de la Bande Dessinée d’Angoulême”,
em Janeiro último.
Uma novela gráfica de cariz autobiográfico e alcance
político em que, com um humor arrasador e uma grande sensibilidade, o autor
conta a sua infância e juventude na Líbia do General Kadafi e na Síria de Hafez
Al-Assad.