23/09/2012
Selos & Quadradinhos (87)
Leituras relacionadas
2012,
Bélgica,
Selos e Quadradinhos,
William Vance
22/09/2012
Mônica e Cebola vão dar o nó?
A notícia
chegou há dias: Mônica e Cebolinha (aliás Cebola) vão dar o nó, depois de
décadas de planos infalíveis e dolorosas coelhadas.
O feliz
acontecimento terá lugar no nº 50 da revista Turma da Mônica Jovem, à venda em breve
no Brasil (e seis meses depois em Portugal), mas dele apenas se conhece o
“Convite de Casamento” da Mônica e do Cebola “para o dia mais feliz” das suas
vidas e, até agora, ambos eram apenas adolescentes.
Leituras relacionadas
DC Comics,
Homem-Aranha,
Marvel,
Superman,
Turma da Mônica
21/09/2012
Un peu de bois et d'acier
Chabouté
Vents d’Ouest (França, 19 de Setembro de 2012)
170 x 245 mm, 336 p., pb, brochado com badanas
30,00 €
1.
Chabouté é um autor cuja carreira tenho
acompanhado com intermitência.
2.
Dele, admiro o preto e branco contrastado, sem
tons intermédios, de traço fino, preciso, expressivo, atento aos detalhes…
3.
… e a forma como combina ternura, desencanto e
crueldade em histórias (aparentemente) banais, que poderiam pertencer ao
quotidiano de muitos de nós.
4.
Desta vez, a sua proposta é um pouco diferente,
com a ternura – e algum humor – a sobreporem-se ao desencanto - ainda presente –
e à (quase ausente) crueldade.
5.
Diferença que se faz também sentir pela absoluta
ausência de texto escrito - de balões, portanto - o que torna desde logo distinta
a leitura – fundamentalmente contemplativa - deste grosso romance gráfico de
mais de 300 pranchas, cujo ritmo é o leitor que determina, pois a composição das
prancha, (enganadoramente) monótona, em que predominam, com raras excepções, as
tiras horizontais de vinheta única, propíciam que os olhos se demorem numa “leitura”
absorvente e mais completa.
6.
Pranchas essas que nos mostram, qual palco
teatral, praticamente sempre o mesmo cenário…
7.
… alterado apenas pelas mudanças entre o dia e a
noite ou pelos sinais da passagem das sucessivas estações do ano.
8.
(Pois esta obra decorre ao longo de dias,
semanas, meses, anos, muitos anos.)
9.
Um palco teatral que reproduz um recanto de um
jardim, onde apenas existe, junto a uma árvore, um banco feito de madeira e ferro.
10. E,
o seu tema, que marca nova diferença, é a história do tal banco de jardim. Melhor,
as muitas histórias que se passam no curto espaço em torno do banco de jardim.
11.
Um banco que se revela como local de passagem,
descanso, reflexão, sonho, desilusão, paixão, trabalho, dormida…
12. …
e por onde vão passando um casal de adolescentes, um homem apressado, um casal
de velhinhos apaixonados, um sem-abrigo, um polícia, um trio de solteironas, um
músico de rua, um pai com um filhinho pequeno, uma jovem grávida…
13. Gente
anónima – igual a tanta gente com quem nos cruzamos quotidianamente – com
sonhos, ambições, problemas, anseios, desejos, medos, rotinas, frustrações,
alegrias…, cujas histórias, só afloradas por Chabouté com ternura, de forma contida e púdica, todos nós
iremos imaginar.
14. À
nossa maneira, segundo os nossos condicionamentos – e esse é o maior trunfo
desta obra: a grande liberdade (criativa/interpretativa) concedida ao leitor, à
sua imaginação.
Leituras relacionadas
Christophe Chabouté,
Vents d'Ouest
20/09/2012
Spirou e Fantásio #50
Nas Origens do Z
Morvan e Yann (argumento)
Munuera (desenho)
ASA (Portugal, Julho de 2012)
218 x 300 mm, 56 p., cor, cartonado
12,90 €
Leituras relacionadas
ASA,
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19/09/2012
Leituras Novas
Setembro de 2012
ASA
12 – A Doce
François Schuiten
Léon conhece bem a
Doce. Compreende-a melhor do que ninguém e antecipa os seus mínimos desejos.
O que é muito
natural, depois de tantos anos passados juntos a devorar quilómetros. Porque a
Doce, ou melhor, a 12.004, é uma locomotiva a vapor. Uma rainha da velocidade,
com uma mecânica sofisticada, que é o orgulho do seu maquinista.
Mas os tempos mudam,
os transportes eléctricos ganham terreno e os dias da Doce estão contados.
Edição disponível com
2 capas diferentes.
É o primeiro livro de
BD com realidade aumentada.
Astérix entre os Bretões (capa nova)
Goscinny e Uderzo
Decidido a expandir
as fronteiras do seu império, Júlio César prepara um exército de legionários
altamente treinados para invadir a Bretanha (a actual Grã-Bretanha).
Para ajudar o seu
primo bretão Jolitorax na sua luta contra as legiões romanas, Astérix atravessa
o Mare Britannicum (Mancha) na companhia de Obélix e de um barril cheio de
«mágica poção».
Começa então para os
dois amigos um périplo pelo país onde falam ao contrário, bebem cerveja quente,
servem javali cozido e jogam râguebi (para grande satisfação de Obélix)!
Será que nossos
heróis conseguirão resistir a todos estes desafios?
Contraponto
Alison Bechdel
Vencedor do Eisner
Award e do Lambda Book Award
Livro do Ano do New York Times, do Los Angeles Times, do San Francisco Chronicle, da Publishers Weekly, da Salon.com, da Amazon.com, do Guardian e do London Times
Best-seller internacional e obra pioneira, Fun Home descreve a relação frágil que Alison Bechdel manteve com o pai ao longo da sua infância e adolescência. Na sua narrativa, a história íntima e pessoal de uma família transforma-se numa obre cheia de subtileza e poder.
Exigente e distante, Bruce Bechdel era professor de Inglês e dirigia uma casa funerária – a que Alison e a família chamavam, numa pequena piada privada, a «Fun Home». Só quando estava na universidade é que Alison, que recentemente admitira aos pais que era lésbica, descobriu que o pai era gay. Umas semanas depois desta revelação, Bruce morreu, num suposto acidente, deixando à filha um legado de mistério, complexos e solidão.
Livro do Ano do New York Times, do Los Angeles Times, do San Francisco Chronicle, da Publishers Weekly, da Salon.com, da Amazon.com, do Guardian e do London Times
Best-seller internacional e obra pioneira, Fun Home descreve a relação frágil que Alison Bechdel manteve com o pai ao longo da sua infância e adolescência. Na sua narrativa, a história íntima e pessoal de uma família transforma-se numa obre cheia de subtileza e poder.
Exigente e distante, Bruce Bechdel era professor de Inglês e dirigia uma casa funerária – a que Alison e a família chamavam, numa pequena piada privada, a «Fun Home». Só quando estava na universidade é que Alison, que recentemente admitira aos pais que era lésbica, descobriu que o pai era gay. Umas semanas depois desta revelação, Bruce morreu, num suposto acidente, deixando à filha um legado de mistério, complexos e solidão.
Levoir/Público
Carl Potts e Jim Lee
#11 - “X-Men - Graduação”
Roy Thomas e Neal Adams
#12 - “Guerras Secretas - Heróis
vs. Vilões”
Jim Shooter, Mike Zeck e Bob Layton
#13 - “Guerras Secretas - A
Batalha Final”
Jim Shooter, Jay Faerber, Mike Zeck e Gregg
Schiciel
Saída de Emergência
Ben Avery, Mike S. Miller e Mike Crowell
O continente de
Westeros é o cenário onde se desenrola a saga de George R. R. Martin, as
Crónicas de Gelo e Fogo.
O Cavaleiro de
Westeros decorre cerca de cem anos antes do início do primeiro livro das Crónicas,
no tempo do rei Daeron, com o reino em paz e a dinastia Targaryen no auge do
seu poder.
Quando a vida de um
cavaleiro termina, a sua morte pode ser o começo de uma nova vida para o seu
escudeiro. Intitulando-se de “Sor Duncan, o Alto”, o jovem Dunk parte em busca
de fama e glória no torneio de Vaufreixo, mas também sonha em prestar juramento
como cavaleiro dos Sete Reinos. No caminho, encontra um rapaz misterioso que
está determinado em ajudá-lo na sua demanda.
Infelizmente para
Dunk, o mundo pode não estar preparado para um cavaleiro que mantém a sua
honra. E os seus métodos cavalheirescos podem vir a ser a sua ruína…
Uma história
fascinante sobre honra, violência e amizade, pela mão do grande mestre da
literatura fantástica: George R. R. Martin.
(Os textos, quando existem, são da
responsabilidade das editoras)
Leituras relacionadas
ASA,
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Leituras Novas,
Levoir,
Saída de Emergência
18/09/2012
La Peau de l’Ours
Zidrou (argumento)
Oriol (desenho)
Dargaud (França, Julho de 2012)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado
14,99 €
Resumo
Diariamente, o jovem Amadeo monta na sua bicicleta, resiste
aos descarados avanços de Silvana e sobe até à casa do velho Dom Palermo, para lhe
ler e ajudá-lo a banhar-se…
Até que um dia, o idoso lhe começa a contar a sua infância como
amestrador de ursos num circo, o encontro com um sanguinário chefe mafioso, a
descoberta do amor da sua vida…
Uma história terna mas violenta, em que paixão e vingança se
confundem.
Desenvolvimento
Se o tema da vingança em meio mafioso já foi por demais
explorado – na BD, na literatura, no cinema… - Zidrou e Oriol conseguiram
dar-lhe mais uma (nova) roupagem. Para isso, combinaram a violência
(geralmente) inerente ao tema com um pouco de sexo, amor, paixão e cobardia.
Nada de novo, mais uma vez; difere apenas a sensibilidade
(!), a ternura (!) e a crueza que lhes serviram de argamassa, dando assim
origem a um relato não isento de um toque de inesperado – no rumo que a partir
de certo momento toma ou no final apresentado… - bem construído, com a
repetição da cena inicial – a ida de Amadeo a casa de Dom Palermo – a servir
para aguçar a curiosidade e prender o leitor.
Depois, o relato assume o seu ritmo de cruzeiro – sempre pausado
– com o passado e o presente a interligarem-se, com tempo para o leitor o
degustar, guiado pelo traço ágil, anguloso e expressivo e a bela utilização da
cor, quase sempre tons quentes que acentuam a paixão e os ódios presentes ao
longo das pranchas.
Um relato em que a tal “pele de urso” desempenha revela um importante significado e no qual a violência indiscriminada, o sangue que jorra, a linguagem rude, os diálogos crus, a
banalização da morte e as diversas faces da cobardia contribuem para um retrato sombrio da alma
humana, ao mesmo tempo que fazem sobressair a história - as histórias - de amor
que são, afinal, o centro deste livro.
A reter
- O tratamento original dado a um tema batido, com a
violência e o lado sórdido a servirem para realçar a ternura e o amor que
dominam a história.
- O traço de Oriol, que de início pode causar alguma
estranheza mas cujo lado semi-caricatural acentua o tom algo trágico da
narrativa.
17/09/2012
The Walking Dead #3 - Segurança na Prisão
Charlie Adlard (desenho)
Cliff Rathburn (tons cinzentos)
Devir (Portugal, Agosto de 2012)
170 x 255 mm, 136 p., pb,
brochado
14,99 €
Leituras relacionadas
Adlard,
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The Walking Dead
16/09/2012
Selos & Quadradinhos (86)
Stamps & Comics / Timbres & BD (86)
Tema/subject/sujet: This is Belgium
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 17/09/2012
Leituras relacionadas
2012,
Bélgica,
Selos e Quadradinhos
15/09/2012
Abelha Maia completa 100 anos
Há 100
anos, num país com pouca cor, nasceu um dia uma abelha. Conhecida pela amizade,
a alegria e a bondade, era a pequena Abelha Maia.
Muitos
recordarão a simpática personagem que encheu os sonhos de uma geração e relembraram
nas frases acima o início do genérico da série animada transmitida pela RTP, cuja
versão portuguesa, então muito trauteada, foi interpretada por Ágata e ToZé
Brito.
A série de
animação com as aventuras da Abelha Maia, uma co-produção do Japão, da Áustria
e da Alemanha, datada de 1975, foi dirigida por Hiroshi Saito, sendo a
definição gráfica das personagens do norte-americano Marty Murphy e a banda
sonora, forte e animada, composta por Karel Svoboda.
Transmitida
a partir de 1978 pela então única e todo-poderosa RTP, foi dobrada em
português, contando com as vozes de Cármen Santos (que interpretava a
protagonista), Canto e Castro (Flip) ou Irene Cruz (Willy).
Composta
por 52 episódios, posteriormente editados em cassete-vídeo e, mais
recentemente, em DVD, teria uma segunda temporada, datada de 1982, que também
passou na RTP.
No entanto,
se muitos a viram no ecrã televisivo, poucos saberão que a pequena abelha
surgiu pela primeira vez em Setembro de 1912 – há um século, portanto – no
livro "A Abelha Maia e as suas aventuras" (“Die Biene Maja und ihre
Abenteuer”, no original), escrito para os filhos pelo escritor Waldemar Bonsels
(1880-1952).
O único
livro infantil deste alemão natural de Ahrensburg, autor de diversos romances e
novelas, tem uma evidente conotação política, apresentando a colmeia como exemplo
de uma bem organizada sociedade militarizada que se impõe pela força, com
alguns traços de nacionalismo e de racismo para com outros insectos
“inferiores”.
A
protagonista é uma pequena abelha, Maia, que contrariamente às instruções da
sua professora Cassandra, decide deixar a colmeia e conhecer mundo, sendo por
isso expulsa. Aprisionada pelas vespas, toma conhecimento de um plano para
atacar a sua colmeia, ficando dividida entre regressar para avisar as suas
irmãs e ser castigada ou ignorar o que sabe. Acabará por tomar a decisão
acertada, salvando a sua colmeia e tornando-se uma abelha adulta trabalhadora e
responsável, numa analogia que defende o colectivismo em relação à
individualidade de cada um.
Desfrutando
de grande sucesso, até 1918, final da Primeira Guerra Mundial, o livro vendeu
cerca de 90 mil exemplares, originando um filme realizado em 1924 pelo
fotógrafo alemão Wolfram Junghans.
Durante a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a obra tornou-se famosa entre os soldados
alemães na frente de batalha, o que a viria a tornar algo impopular nos anos
seguintes devido à sua conotação com a ideologia nazi, o que não impediu que em
1954, dois anos após o falecimento do autor, atingisse a impressionante marca
de um milhão de exemplares vendidos.
Aquela situação
só seria revertida nos anos 70, com a série animada televisiva, mais ligeira e
linear, na qual a protagonista se apresenta mais emancipada e reticente à
autoridade, mas também uma abelha corajosa, divertida e curiosa, vivendo
inúmeras aventuras em conjunto com Willy, o seu melhor amigo, o gafanhoto Flip,
o escaravelho Kurt, a mosca Puca e a vilã de serviço, a aranha Tecla.
Dobrada em
mais de 40 línguas, originou uma versão em banda desenhada produzida pelo
editor alemão Bastei Verlag, colecções de cromos, livros ilustrados, figuras em
pvc e outros artigos de merchandising.
Para
assinalar o actual centenário, a televisão pública alemã ZDF está a produzir 78
novos episódios da "Abelha Maia", em animação 3D, que deverão estar
prontos em 2013.
(Versão
revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Setembro de 2012)
14/09/2012
Murena #6/#7
O Sangue das Feras/Vida dos Fogos
Dufaux (argumento)
Delaby (desenho)
ASA (Portugal, Julho de 2012)
220 x 295 mm, 116 p., cor,
cartonado
21,90 €
Se a banda
desenhada, em diversos momentos e em diversos registos (como em Astérix, Alix ou
As Águias de Roma, para citar apenas obras de fácil acesso em português)
abordou de forma mais ou menos directa a época do império romano, possivelmente
nunca o terá feito com o rigor histórico e a qualidade ficcional que Murena
ostenta.
Acompanhando
o percurso de Nero desde a sua juventude, narrando a sua ascensão ao poder, o
seu comportamento despótico e, suponho, a sua (futura e) inevitável queda, Murena
é um retrato cru e violento de uma sociedade romana já em decadência, minada
desde o seu interior pelas intrigas e a podridão moral.
E Dufaux
traça o percurso de Nero, balizando-o através das suas relações com as mulheres
que marcaram e influenciaram a sua vida: a tia Domitia, a mãe Agripina, a
escrava Acté, a mulher Pompeia…
Esse
retrato – de Nero e de Roma – desvenda a vida nos palácios, o treino dos gladiadores,
a violência na arena, as ruas esconsas e sórdidas ou as campanhas militares, e
mostra o monarca convencido do seu estatuto de semideus, capaz de dar e de se
dar, enquanto isso serve os (que pensa serem os) seus interesses, ou de
afastar, tantas vezes de forma extremamente violenta (física e/ou
emocionalmente) quando os respectivos caminhos deixam de ser comuns.
Se isto é
aplicável ao relacionamento (mais ou menos) íntimo que teve com aquelas (e
outras) mulheres, é também extensível a todos os que o foram rodeando: amigos,
companheiros ou simples interesseiros, conselheiros, bajuladores, criados,
escravos… Aos quais se julga superior, embora muitas vezes não passando de um
joguete nas mãos dos outros.
Em
paralelo, conhecemos também Murena, que até dá o título à série, cujo caminho
diversas vezes – raramente pelos melhores motivos para ele – se cruza com o do
(futuro) imperador. Murena revela-se mais humano – em oposição ao “deus” – construindo
o seu caminho contra a adversidade (e as intrigas) ganhando nesse percurso, pejado
de traições e de perdas dolorosas, uma força interior proporcional à perda da inocência
e da tal humanidade que de início o distinguem.
Por isso, Murena
é uma história de (tentativa de) afirmação pessoal e de vingança (de sucessivas
vinganças) que anda a par da expansão do cristianismo (abordada até agora de
forma apenas ligeira e secundária), da destruição de Roma (na dupla condição de
império e de cidade), de uma forma notável e cativante, quer pela escrita
competente e desenvolta de Dufaux que construiu uma história com inúmeras
ramificações que se vão entrelaçando, fazendo-a crescer em complexidade e
capacidade de apaixonar, quer pelo traço realista de Delaby, servido por uma
excelente gama cromática, cuja melhoria de tomo para tomo é notória.
O díptico
agora em análise, a parte central do 2º ciclo desta saga, termina com Roma em
chamas, embora não devido à loucura (cada vez mais patente) de Nero, mas como
parte (involuntária) de uma vingança que os seus inimigos vão orquestrando na
sombra.
Nota final
Volta à
questão dos álbuns duplos, que já aflorei no texto sobre Bouncer.
Se aplaudo
a ideia de o 1º ciclo de Murena (tomos 1 a 4) ter sido concluído com um volume
duplo incluído na colecção “Os Incontornáveis da Banda Desenhada”, distribuída
com o jornal Público, questiono qual a lógica de ter editado o tomo #5 sozinho,
juntando agora o #6 e o #7, o que deixa isolado o tomo #8 que conclui o segundo
arco desta série.
Uma vez que
a opção inicial não passou por dividi-lo por dois volumes – o que teria sido o
ideal – não faria mais sentido, depois de editado o #5, tê-lo encerrado com um
volume triplo…?
Leituras relacionadas
ASA,
Jean Dufaux,
Murena,
opinião,
Phillipe Delaby
13/09/2012
Leituras de Banca
Setembro 2012
Revistas
periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.
Turma da Mónica
(Panini Comics)
Almanaque da Mônica #32
Almanaque do Cascão #32
Almanaque do Cebolinha #32
Almanaque do Louco #3
Almanaque temático #21 – Magali - Bruxas
Cascão #63
Cebolinha #63
Chico Bento #63
Magali #63
Mônica #63
Mônica Joven #43
Mônica Teen #3
Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #12
Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #12
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #63
Turma da Mônica - Colecção Histórica #28
Turma da Mónica – Saiba mais #54 – Semana de
Arte Moderna 1922
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #63
Turma da Mônica Jovem #45
DC Comics (Panini
Comics)
Batman #111
Liga da Justiça #110
Liga da Justiça #110
Superman #111
Universo DC #20
Marvel (Panini
Comics)
Avante
Vingadores #52
Homem-Aranha
#121
Os Vingadores #96
Wolverine #85
Os Vingadores #96
Wolverine #85
Universo
Marvel #19
X-Men
#121
Mythos
A editora Mythos retomará a distribuição
dos títulos de Tex nas bancas e quiosques portugueses em Outubro. http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2012/07/tex-regressa-em-outubro.html
12/09/2012
Heróis Marvel #10
Justiceiro - Diário de Guerra
Carl Potts (argumento)
Jim Lee (desenho)
Levoir+Público (Portugal, 06 de Setembro de 2012)
170 x 260 mm, 208 p., cor, cartonado
8,90 €
Resumo
Este volume compila as revistas “Punisher War Journal 1-8”, originalmente
publicadas em 1989, nas quais há a destacar três narrativas principais: a
evocação da morte da família de Frank Castle às mãos de traficantes de droga; o
seu confronto com um ex-companheiro do Vietname, apostado em matar todos os
sobreviventes da sua companhia e uma inusitada ida a África para combater caçadores
furtivos que procuram os últimos dinossauros e que inclui um confronto com
Wolverine.
Desenvolvimento
Confesso que este era um dos volumes da colecção Heróis
Marvel que mais curiosidade me despertava, não só pelo pouco que conhecia do
Justiceiro, mas também porque tenho alguma empatia com relatos protagonizados
por vigilantes, embora descarte completamente a sua existência na vida real.
E a verdade é que as minhas expectativas foram satisfeitas,
e com um bónus: o facto de estas histórias, publicadas numa revista editada em
simultâneo com o título do herói, vocacionadas para uma faixa etária superior à
dos habituais consumidores de comics, evocarem o seu passado – explicando a
origem da sua cruzada contra os traficantes de droga em particular e a sua
experiência (traumática) no Vietname - em paralelo com as histórias narradas na
“actualidade”.
Para isso, nos dois primeiros números, Potts construiu uma
narrativa a dois tempos, com a evocação do assassinato da família de Frankl
Castle (vítimas colaterais por se encontrarem no sítio errado, à hora errada)
narrada num registo gráfico e cromático diferente, a decorrer na última tira de
cada prancha, em simultâneo com a narrativa principal.
Pessoalmente, dispensava, é verdade, os comics #6 e #7, em
que o Justiceiro se vê a braços com Wolverine e dinossauros (!) numa selva
africana (!), cuja história, auto-conclusiva, surge deslocada do registo
original do herói, pela localização da acção e pela temática. E descartaria
também a última narrativa – em que as pontas soltas são mais do que as
respostas dadas, numa clara ilustração do motivo porque os comics de
super-heróis nunca tiveram a minha preferência: o interminável encadeamento de
histórias e o distorcer até ao exagero de realidades que pareciam outras, com
os simples merceiros da rua onde Castle tem um dos seus esconderijos a
transformarem-se em agentes não sei bem de quê, com ramificações com uma
qualquer seita oriental...
Apesar disto, os dois relatos iniciais (correspondentes aos
comics #1 a #5), compensaram largamente o investimento, pois revelaram-me o Justiceiro que eu esperava:
duro, violento, acima da lei e dos trâmites legais, não invencível (mas quase),
assentando a sua acção na colaboração tecnológica de Microchip e nas armas que
ele vai desenvolvendo. O segundo arco, em que o seu passado no Vietname é evocado,
está especialmente bem escrito, combinando o habitual registo híper-violento
com a cobertura pela imprensa e o suspense quanto às motivações e identidade do
assassino dos seus companheiros de pelotão, com uma crítica dura e implícita
(já presente no relato inicial) quanto aos métodos e às relações dos EUA com
impérios assentes no dinheiro da droga.
Este volume tem ainda o atractivo de mostrar o primeiro
trabalho de fôlego para a Marvel de um tal Jim Lee, futura estrela da Casa das
Ideias, num registo de traço duro e agressivo – que quase página a página - que
acentua o lado violento (e de certa forma adulto) do Justiceiro.
A reter
- A evocação da origem e motivações de Frank Castle para se
transformar no Justiceiro, o que permite fruir integralmente da leitura deste
tomo mesmo por quem nunca ouviu falar desta personagem Marvel.
- A qualidade dos primeiros dois arcos.
- A estreia “a sério” de Jim Lee.
- A edição, cartonado, com bom papel e impressão, por um
preço acessível.
Menos conseguido
- Os exageros registados a partir do comics #6, com a
inclusão de Wolverine, dinossauros e seitas orientais…
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