Já o escrevi aqui, possivelmente com outras palavras: The Walking Dead – a BD, a série
televisiva – é, antes de mais, uma história sobre sobreviver em condições
extremas.
Uma história sobre como situações-limite – aqui a invasão de
mortos-vivos; noutros casos uma catástrofe natural ou um apocalipse nuclear… -
faz vir ao de cima o melhor – ou o pior… - de cada ser humano. Como mostra,
revela, transpira aquilo que no fundo cada um de nós realmente é. Aquilo em que nos tornamos.
Apesar disso, até agora – após nove volumes em português,
mais de meia centena dos comics originais… E, sim, a Devir já editou quase 60
dos comics originais… - até agora, escrevia hoje, nunca como neste volume isso
foi tão evidente.
Um episódio – que a série televisiva manteve com assinalável
fidelidade – em que Carl quase é abusado por uma assaltante - leva Rick – a atravessar
um tempo de indefinição, inseguro e descrente de si próprio, com a saúde mental
afectada por tudo o que já viveu - a despojar-se (do que resta?) da sua
humanidade, de forma violenta, nada humana, animal mesmo, numa cena crua,
violenta e chocante.
Descobrindo, no fundo, aquilo em que se tornou.
The Walking Dead
Volume #10: Aquilo em que nos tornamos
Robert Kirkman (argumento)
Charlie Adlard (desenho)
Cliff Rathburn (tons cinzentos)
Devir
Portugal, Setembro de 2014
170 x 255 mm, 136 p., pb, brochado
14,99 €