Bom vício
(Semi-)escrito no mês passado, este texto só agora chega aos
(meus) leitores. Entretanto, saltou uma edição mas adapta-se também à primeira
ideia: J. Kendall, a criminóloga Julia, está de regresso às minhas leituras –
desculpem a inveja que causo a tantos portugueses - satisfazendo um vício
incontornável – que reconheço, mas não tenho intenção de tratar - e nunca serei
suficientemente grato aos meus ‘fornecedores’!
A abrir temos E tudo
acabou em cinzas, uma história com algum humor negro, que parte do roubo de
urnas funerárias, para entroncar apropriadamente - em função da abertura que
ficou acima - no tráfico de droga e na luta pelo controlo de territórios.
A ‘pancada’ (!) nesta edição é dada por Os ponteiros do destino, (mais) uma lição de escrita dada por
Berardi.
Começa com um assalto a uma estação de correios, com Julia
presente. Há tensão no ar, ouvem-se tiros, o sargento Ben Irving cai no chão –
não critiquem o aparente spoiler, que a capa da edição já desvendava. E então,
entra em cena Berardi. Faz a trama recuar uma dezena de horas, para o início de
um dia chuvoso e atribulado, durante o qual vamos acompanhar, a espaços, em
momentos (im)precisos, diversos intervenientes. Duas amigas que anseiam pelo
paraíso (brasileiro) na terra; uma jovem que procura vingança(s); um pai de
fim-de-semana em busca de laços com o filho; Ben Irving e o seu cunhado; Julia
e Abebe.
Apontamentos esparsos de vidas (bem) reais, situações
quotidianas que todos conseguiríamos nomear, sentimentos - desejos, desilusões,
frustrações, sonhos… - à solta numa cidade grande e impessoal.
O destino – que aqui dá pelo nome de Berardi… - irá, inesperadamente, juntá-los e dar protagonismo a todos, num ‘grande finale’, tenso, explosivo,
violento e trágico mas também animador, esperançoso e confortador. Numa
palavra: humano.
Se as saudades de Julia, eram grandes, e a ressaca da falta
da sua leitura apertava, a verdade é que esta dose foi curta – é sempre – mas
tem de andar racionada. Depois da edição 128 em Outubro último – com uma boa
história centrada nas motivações de um sniper,
já abri Novembro com o tomo seguinte. Os próximos esperam já por mim, aqui à
minha frente, a espreitar por cima do computador onde escrevo. Resta saber até
quando serei capaz de esperar por eles…
J. Kendall #129
Aventuras de uma criminóloga
Histórias originalmente publicadas em Julia #148 e #149 (2011)
E tudo acabou em cinzas
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Valerio Piccioni (desenho)
Os ponteiros do destino
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Claudio Piccoli (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Julho/Agosto de 2017
135 x 180 mm, 262 p., pb, capa mole, bimestral
R$ 23,90 / 8,00 €
pranchas da edição original italiana; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)
É pá... gostava que me oferecessem livros. Mas se a contrapartida será "ter de os ler", não dá...
ResponderEliminarIsto porque mesmo já fzendo uma seleção nos que são comprados 8seja por dinheiro, seja por gostos), não tenho tempo para ler tudo o que compro, logo, muito menos teria ir ter tempo para ler tudo o que "seria oferecido" :-)
Boas Pedro. Por falar em Berardi, por acaso estarás a comprar o Ken Parker que está a ser publicado em Espanha? Sempre tive curiosidade pela serie por gostar de westerns e pela qualidade do Berardi como argumentista mas ainda não tinha tido a oportunidade de ler nenhuma historia e tem sido uma excelente descoberta. Se estiveres a comprar, seria interessante uma critica tua a um dos livros, se me permites a sugestão, claro. Abraço.
ResponderEliminarEskorpiao77, comprei os dois primeiros no verão, quando estive em Espanha e estão desde essa altura na lista das 'Próximas leituras' com o texto meio escrito, mas os últimos tempos t~em sido complicados a nível pessoal, por isso o texto tem sido sucessivamente adiado.
EliminarKen Parker é uma referência em termos de western e a actual edição espanhola da ECC Comics é uma boa forma de o (re)descobrir.
Boas leituras!
Eu não percebo a lógica ou a falta dela já que nas bancas daqui vendem 0.Já outras bds que chegam as bancas tipo mensais panini nem uma critica,
ResponderEliminarOptimus,
EliminarA lógica é a minha. Escrevo sobre o que leio e me dá vontade. Não leio os mensais da Panini, por isso não posso escrever sobre eles. E não escrevo sobre tudo o que leio por falta de inspiração, vontade, tempo...
Boas leituras!