Duplo adeus a Dex Parios
Quarto e último volume das investigações da detective Dexedrine Callisto Parios, este volume prossegue o aprofundamento do universo criado por Greg Rucka, com dois casos que se distinguem pelo tom diferente dos que até aqui pudemos acompanhar.
Se a novidade do tom foi o primeiro destaque do livro, o segundo, no entanto, vai direitinho para Justin Greenwood. Se a propósito do volume anterior elogiei a prestação de Matthew Southworth, mais de acordo com o tom desencantado da série, a verdade é que o traço mais caricatural de Greenwood se ajusta melhor ao tom do primeiro caso.
Este, intitulado O Caso da Chávena de Café - eu teria retirado a ‘chávena’ e deixado só o ‘café - assume um registo francamente divertido ou, mais exactamente paródico, quer pela temática em si, quer pela forma como são resolvidas de forma diferente algumas situações, se não recorrentes, pelo menos similares.
Neste caso Parios é contratada para ‘proteger’ remessas de um café tornado especial por ser defecado - literalmente - por felinos selvagens, o que faz com que atinja exorbitantes valores de venda. Entre dois baristas locais e um concorrente mais poderoso - e por isso mais perigoso - Parios terá de dar o seu melhor para fazer chegar ao seu destino os preciosos grãos aromatizados…
A par dessa situação profissional, a chegada da sua irmã - com quem tem tudo menos uma relação pacífica e cordial - vem aumentar o caos que a sua vida já habitualmente é, numa Portland que, sem perder o seu ar pesado e sombrio, surge um pouco mais arejada pelo tom mais leve e descontraído adoptado, que mostra como num mesmo universo é possível adoptar diversos estilos narrativos sem perda de coerência nem de lógica.
Quanto a O Caso da Noite que Nunca Mais Acabava, é igualmente distinto dos anteriores por ser uma história praticamente muda. Nela, acompanhamos uma das prestações mais básicas e vulgares da vida dos detectives privados: a vigilância a uma mulher que o conjuige suspeita ser infiel.
Enfiada durante horas no seu carro, à porta de um motel, Parios vai assistir surpresa a um constante entrar e sair do quarto em que a mulher se hospeda, num relato enganadoramente curto, seguramente desconcertante e cujo final constitui mais um ponto a favor do carácter de Parios - e também de Rucka, pela forma como torna mais consistente a sua personagem e o universo em que ela se move.
Nota final
Infelizmente, esse universo foi fechado pelos autores com este quarto volume, por isso - felizmente! - Stumptown é mais uma série integralmente publicada em Portugal. E pela G. Floy, mais uma vez. Pode haver um ou outro percalço - leia-se ‘vendas insuficientes’ - mas em anos recentes esta tem sido a regra, não a excepção.
Stumptown
#4
Greg
Rucka (argumento)
Justin
Greenwood
(desenho)
Ryan
Hill (cores)
G.
Floy
Portugal,
Julho
de
2021
180
x 265
mm, 152 p., cor, capa dura
16,00
€
(imagens disponibilizadas pela G. Floy; clicar neste link para ver mais pranchas ou nas imagens aqui mostradas para as aproveitar em toda a sua extensão)
"Pode haver um ou outro percalço - leia-se ‘vendas insuficientes’ "
ResponderEliminarCerto, mas agora existe uma comunicação clara de que o livro não irá terminar. O leitor não tem de estar a adivinhar. O importante é manter-se uma forma de publicação que permita o leitor terminar com os volumes em inglês ou noutro idioma.
A forma como tinha escrito acima podia dar a ideia errada, por isso já melhorei a redacção do texto. No caso de Stumptown, só existem mesmo os 4 volumes editados em Portugal. A série já está toda editada.
EliminarNo outro caso recente que diz respeito à G. Floy - a suspensão da publicação de The Wicked + The Divine ao fim de 4 volumes - a tal 'comunicação clara' foi feita através das redes sociais da editora.
Obviamente reconheço que noutros casos, não tem havido por parte das editoras essa 'comunicação clara'. Aliás, não há mesmo qualquer 'comunicação', que os leitores que compraram, mereciam.
Boas leituras!
Não sei se vou comprar estes últimos vols.(vols.3 e 4). Acho que me vou ficar pelos vols.1 e 2,... não gosto muito da arte destes dois últimos vols.. É um pouco mais ´´cartoonesca´´, o que, na minha humilde opinião, não se adequa muito ao género de STUMPTOWN.
ResponderEliminarNo volume actual, o registo gráfico até funciona bem...
EliminarBoas leituras!