Rebeldes,
empenhadas, disponíveis e activas
Nascida com base humorística, daí o termo americano comics, e assumindo depois a aventura em todos os seus matizes, a banda desenhada aborda hoje outros registos como o documental e/ou biográfico como exemplifica Nascidas rebeldes, que teve edição portuguesa da ASA.
Embora a capa possa transmitir outra ideia quanto ao conteúdo, espelha a revolta e a determinação de cada uma das cinco (na verdade seis) protagonistas nele biografadas. Jovens, no feminino, que assumiram protagonismo na defesa de ideais e do futuro, actualmente na casa dos vinte poucos anos, são Malala Yousafzai, a paquistanesa que desafiou os talibãs pelo direito das raparigas irem à escola e terem uma educação, distinguida com o Prémio Nobel da Paz em 2014; a sueca Greta Thundberg, activista pelo clima, possivelmente a mais mediática de todas; Yusra Mardini, a nadadora síria que fez a travessia clandestina do Mediterrâneo numa frágil embarcação como tantos compatriotas; a norte-americana Emma Gonzàlez, o rosto de uma campanha contra a posse indiscriminada de armas, na sequência de um tiroteio num liceu dos Estados Unidos; as irmãs indonésias Melati e Isabel Wijsen, que levaram a cabo uma enorme campanha pela redução do uso de plástico devido aos problemas de poluição que apresenta.
Mais do que a rebeldia que o título vinca, há nelas um verdadeiro interesse pela defesa e melhoria das condições de vida na actualidade, para todos, e no futuro, para a sua geração e as que se seguirão.
E se é verdade que um ou outro dos relatos assume um tom quase panfletário, ganham mais força aqueles em que a protagonista é mostrada com dúvidas e fraquezas como qualquer um de nós.
Nascidas Rebeldes é uma proposta de leitura direta e acessível, apropriada para todas as idades a partir da adolescência, com retratos obrigatoriamente condensados e curtos, mas bastante completos e suficientemente fortes e de grande impacto paraservirem de exemplo e fazerem reflectir como a vida é tão diferente noutros locais e sobre como nos devemos comportar em relação a um planeta com recursos finitos.
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Lida em paralelo, por coincidência, Desafio no asfalto, uma história completa que ocupa boa parte da Turma da Mônica Jovem (III série) #25 tem pontos em comum com Nascidas Rebeldes. Desde logo, porque nela intervém, de forma activa e com verdadeiro protagonismo, ao nível dos componentes da turma criada por Maurício de Sousa, aqui na sua versão adolescente, Mika, uma patinadora brasileira de rollerski (pesquisem e surpreendam-se, como me aconteceu...)
Numa história de superação e motivação, Mônica, principalmente, e os seus amigos decidem experimentar aquela modalidade, para participarem numa prova que levaria cinco deles ao Chile, para assistirem ao Campeonato Sul-Americano de Ski Crosscountry.
Entre o jeito inato de uns e a falta dele de outros, superada pela dedicação e o treino, a história, linear, surpreende pela participação da convidada especial que, como as jovens de Nascidas Rebeldes tenta pelo seu exemplo motivar outros.
Nascidas
rebeldes
Fabien
Morin, Laurent Hopman e Julien Derain (argumento)
Gijé,Vittoria
Macioci, Brett Parson, Jocelyn Joret e Rebecca Traunig (desenho)
ASA
Portugal,
Julho de 2024
204
x 268 mm, 144
p., cor, capa cartão com badanas
21,90
€
Turma
da Mônica Jovem (III série) #25
Maurício
de Sousa
Panini
Comics
Brasil,
2023
160
x 210 mm, 128 p., pb, capa cartão
R$
29,90/4,00 €
(versão revista do texto publicado na página online do Jornal de Notícias de 20 de Setembro de 2024 e na versão em papel do dia seguinte, no caso de Nascidas Rebeldes; imagens disponibilizadas pela ASA e pela Panini; clicar nesta ligação para ver mais pranchas de Nascidas Rebeldes ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
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