Outras perspectivas
Não esquecendo a importância desta série do panorama da banda desenhada franco-belga dos anos 60 e 70, por um lado, nem por outro, as marcas que a passagem do tempo deixou nomeadamente quanto a alguma ingenuidade explícita no facilitismo de algumas soluções narrativas e no (desinteressante) contraste entre o rocambolesco Laverdure e o mais realista e equilibrado Tanguy, a verdade é que há várias formas de abordar os volumes desta coleção que a ASA e o Público ainda vão disponibilizar nos quiosques nas duas próximas quarta-feiras.
Uma delas, é a variedade se não tanto temática, pois é indiscutível que há algumas repetições de situações nos argumentos dos vários títulos, mas em termos de localização
Nestas
oito histórias que na verdade podem ser consideradas apenas seis
se contabilizamos como unos os dois dípticos - tomos #1
e #2;
tomos #6
e
#7
- que a coleção inclui, há que referir que o início se dá nas
zonas desertas e montanhosas de Marrocos, segue-se uma ida até
França para cenários mais urbanos, depois uma passagem por Israel -
por
estes dias, de
novo tão mediatizado - um grande salto até às zonas geladas da
Gronelândia,
para a coleção terminar nas luxuriantes selvas africanas.
Evidentemente, esta variedade permite soluções narrativas
diferentes, nomeadamente no díptico que ontem se iniciou nas bancas
e quiosques, cujas
paisagens geladas permitem
a Uderzo evidenciar as suas capacidades técnicas e artísticas, cuja
evolução em termos do tratamento realista das personagens é
evidente e assinalável ao longo dos álbuns.
O sucesso desta série nos anos 70, exponenciada por força da adaptação televisiva que também passou na RTP, é também evidente nas capas escolhidas para esta colecção, especialmente a do oitavo volume, pois retomam as imagens mais realistas que a série assumiu então, com excepção da capa do primeiro tomo em que foi utilizada a ilustração do primeiro volume integral da série - embora exista uma capa (visível já a seguir) no mesmo registo, que até evoca o visual original do álbum de estreia...
O terceiro ponto que quero destacar hoje, é apenas uma curiosidade: o encontro breve que os protagonistas franceses têm neste álbum com os seus homólogos norte-americanos.
Na verdade, ao aterrarem na base de Thule, Tanguy e Laverdure são apresentados ao coronel Buck Danny e aos seus companheiros Sony e Tumbler, protagonistas da série com o nome do primeiro, que Jean-Michel Charlier animava há mais tempo na concorrente Spirou, com desenho de Victor Hubinon.
Aliás, os mais atentos, já teriam reparado na figuração do aviador americano em A Esquadrilha de Cegonhas, numa breve aparição em conversa com os aviadores australianos que teriam um papel bem mais importante no relato.
Mas este não seria o único encontro entre os ases da aviação, já que numa outra altura para além dos já citados também se lhes juntou o canadiano Dan Cooper, criação de Albert Weinberg para a Tintin, como já foi referido aqui no blog.
No futuro, em ambas as séries - Buck Danny e Tanguy & Laverdure - teriam lugar novos encontros de passagem, mas isso eventualmente será tema para uma outra entrada...
Tanguy
e Laverdure #6
- Canhão
Azul já não responde
Jean-Michel
Charlier (argumento)
Albert
Uderzo (desenho)
ASA
Distribuição
com o jornal Público
Portugal,
2 de Outubro
de 2024
240
x 320 mm, 48 p., cor, capa dura
11,90
€
(imagens disponibilizadas pela ASA ou provenientes da edição original francesa da Dargaud; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
Em duas palavras: Muito bom!!!
ResponderEliminarDiogo Figueira