Não
é a primeira vez que a banda desenhada adapta O
Inferno de Dante,
incluindo uma versão Disney de texto integral, mas possivelmente o
horror e a grandiosidade daquele local de castigo eterno, capaz de
provocar temores no mais corajoso e íntegro, nunca foram retratados
de uma forma tão magnífica e espectacular como nesta versão dos
irmãos Paul e Gaëtan Brizzi, que A Seita e a Arte de Autor
disponibilizaram em português desde a passagem do primeiro pela edição deste ano do Maia BD.
Mesmo
podendo nunca ter lido o romance original de Mary Shelley, todos nós
já lemos ou visualizámos adaptações e versões do seu
Frankenstein
original, nos mais diversos suportes, podendo acontecer que a certa
altura, perante as múltiplas versões, já não consigamos
descortinar o que fazia parte do relato base e o que as sucessivas
adaptações foram acrescentando, a mais paradoxal de todas,
associarmos o título ao monstro quando o monstro não é ele.
“...uma
profecia pode ser concebida de forma a poder ser entendida
a partir de um
determinado momento, porque antes
pode revelar-se inútil, ou até criar confusão…”
Sir Isaac Newton
in Apocalipse
Se na actual febre
de adaptações literárias em banda desenhada, as escolhas dos
romances originais na maior parte dos casos se revela óbvia ou é
justificada pela obra no novo registo,
há
algumas que se revelam surpreendentes (para não dizer mais) e que
nunca imaginaríamos que alguém se sentiria tentado a fazê-las. Este
Apocalipse
- A revelação de São João,
baseado no vigésimo-sétimo
e
último livro do Novo Testamento bíblico, é sem dúvida um deles, para mais oriundo do catálogo Bonelli...
Se
noutros tempos a banda desenhada adaptou os clássicos da literatura
como forma de auto-afirmação, há já muitos anos que, assumindo-se
como género autónomo, os tem revisitado de
forma original e apelativa
(para os leitores habituais de BD), potenciando
as suas muitas
qualidades
gráficas e narrativas. É
o caso do recém-editado Drácula
com que a editora A Seita inaugurou a sua colecção Nona
Literatura,
dedicada a este tipo de obras - o
que, conjugado com vários outros sinais, parece indiciar que este
‘regresso recente’ da BD às adaptações literárias é mais do
que uma simples moda passageira.