Há 30 anos,
em Abril de 1982, a Sergio Bonelli Editore lançava Martin Mystère, seguindo a
sua política de bandas desenhadas eminentemente populares (devido ao preço
baixo e às temáticas apelativas), na peugada do sucesso de que Tex era o
expoente máximo.
Criado por
Alfredo Castelli, responsável pelos argumentos de dezenas das suas aventuras, e,
nesse número inicial, desenhado por Giancarlo Alessandrini, Mystère, nascido em
Nova Iorque em 1942, é, em simultâneo, professor de cibernética, arqueólogo,
aventureiro e escritor. Antes da estreia da revista com o seu nome, Castelli
tinha tentado lança-lo – com outro nome – por duas vezes, primeiro aos
quadradinhos, depois na televisão, mas sem sucesso.
Cada uma
das aventuras do detective do impossível, como também é conhecido, evocativas
dos grandes romances populares, é pretexto para investigar os grandes mistérios
que a história da humanidade – passada e futura… - reserva, das pirâmides aztecas,
maias ou egípcias ao Triângulo das Bermudas e às estátuas da Ilha de Páscoa, dos
segredos dos templários a certas crenças africanas, de tradições religiosas
(arca de Noé, torre de Babel…) à eventual visita de seres de outros planetas. E
se nem sempre as respostas são satisfatórias ou absolutas, a sua base histórica,
o retrato fiel das épocas em que decorrem e o seu tom de alguma forma culto,
que reflectem o trabalho de investigação que está na sua origem, pode
surpreender pelo tal tom iminentemente popular desta banda desenhada.
Ao lado de
Mystére, surgem geralmente Java, um homem de Neandertal que encontrou numa das
suas investigações e a quem reserva o protagonismo nos momentos de acção, e a
bela Diana Lombard, sua noiva eterna e pouca apreciadora do seu lado de
conquistador incorrigível. É com eles que defronta vezes sem conta Os Homens de
Negro, uma seita secular encarregada de manter as “versões oficiais” por detrás
dos fenómenos que investiga, e Sergeij Orloff, seu antigo companheiro e agora
rival.
A título de
curiosidade, refira-se o facto de Mystére ter sido um dos primeiros heróis dos
quadradinhos a utilizar computador e, até por ser algo pouco habitual no
universo Bonelli, os dois crossovers entre Mystère e Dylan Dog e um outro do
detective do impossível com Nathan Never.
Nunca
publicado em Portugal, Martin Mystère, que em 2003 foi adaptado em desenho
animado pela Marathon, esteve presente ao longo dos anos nos quiosques
portugueses através das edições brasileiras, primeiro pela mão da Globo (13
números entre 1986 e 1988), depois da Record (17 edições mais um especial,
entre 1990 e 1992), e, mais recentemente, pela Mythos (42 edições entre 2002 e
2006).
Em Itália, a
revista bimestral com o seu nome atinge este mês o nº 320, que conta mais de 200
páginas evocativas do percurso do detective do impossível, estando as suas
aventuras igualmente presentes em diversas outras publicações da Sergio Bonelli
Editore.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Abril de 2012)
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Abril de 2012)
Um grande personagem que infelizmente no Brasil não teve o sucesso merecido. Tenho todas as edições publicadas pelas três editoras e as histórias são fantásticas.
ResponderEliminarOlá Marcello,
EliminarApesar das suas caracterísicas populares, Martin Mystère não é uma personagem fácil e, possivelmente, isso reflecte-se nas vendas e no pouco sucesso que teve no Brasil 8e por arrastamento em Portugal).
Só conheço a edição da Mythos, que possuo completa, e lamento que tenha terminado ao fim de apenas 42 números...
Boas leituras... de Martin Mystère e de outros quadradinhos populares de qualidade!