Se hoje em dia é normal que os autores europeus - portugueses,
espanhóis... - trabalhem para o mercado americano, nomeadamente de
super-heróis, há décadas atrás - anos 1950, 60, 70... - era no
mercado britânico que muitos deles encontravam forma de ganhar a sua
vida a fazer banda desenhada.
Em Portugal, Eduardo Teixeira Coelho e Vítor Péon são os dois
casos mais destacados, mas grandes nomes da banda desenhada, de
outras origens geográficas, fizeram o mesmo a certo ponto da sua
carreira.
Um deles é o grande Hugo Pratt que, no início da década de 1960,
depois do seu percurso argentino e antes da criação de Corto
Maltese na Itália, que o tornou imortal, trabalhou para a Fleetway,
talvez a principal editora britânica da época, cujas produções
alimentavam as revistas populares europeias.
No total, foram cerca de uma dúzia de histórias de guerra - que a
Casterman compilou num único e volumoso tomo: WWII Histoires deGuerre - L'intégrale noir et blanc - com argumentos de escritores locais, entre as quais se contam duas
protagonizadas por um certo Battle Briton, (bem) mais conhecido dos
portugueses pelo nome de Major Alvega.
Battler
Britton and the Wagons of Gold,
originalmente datada de 1959, viu a luz nas páginas de O
Falcão #417
(de 3 de Setembro de 1968), tendo sido depois republicada no número
1015 da mesma publicação.
Quanto
a Battler
Britton and the Rockets of Revenge,
de 1961, aparentemente, tanto quanto consegui apurar, ficou inédita
no nosso país.
A
primeira delas, foi rebaptizada Ouro precioso, e ocupa a segunda
parte da revista destacada nesta entrada do blog. É uma história
tradicional de Britton (ou Alvega), com o piloto - britânico ou
português? - a deslocar-se à (então) Jugoslávia para evitar que
um comboio com ouro roubado chegasse às mãos dos nazis.
Geralmente com duas, por vezes com três, vinhetas por página (de pequeno formato), simples no argumento, com uma ou outra surpresa, vincando o heroísmo do protagonista e a supremacia (moral) dos aliados sobre os seus inimigos, não se espere encontrar nesta aventura - nem nos outros trabalhos similares da mesma época, anónimos e por encomenda, destinados essencialmente à sobrevivência dos autores - o grande virtuosismo que Pratt viria a demonstrar mais tarde, embora ele possa ser vislumbrado aqui e ali.
Geralmente com duas, por vezes com três, vinhetas por página (de pequeno formato), simples no argumento, com uma ou outra surpresa, vincando o heroísmo do protagonista e a supremacia (moral) dos aliados sobre os seus inimigos, não se espere encontrar nesta aventura - nem nos outros trabalhos similares da mesma época, anónimos e por encomenda, destinados essencialmente à sobrevivência dos autores - o grande virtuosismo que Pratt viria a demonstrar mais tarde, embora ele possa ser vislumbrado aqui e ali.
Vale,
sobretudo, pela curiosidade, como mais um capítulo de um percurso
que faria dele o autor hoje em dia justamente celebrado.
O Falcão #1015
Operação Átomo
Ouro Precioso
Hugo Pratt (desenho)
Portugal, 8 de Janeiro de 1980
125 x 165 mm, 64 p., pb, capa mole, semanal
(imagens
recolhidas no blog
Tralhas Várias, onde esta edição pode ser lida na íntegra;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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