Inusitada violência (II)
Intitulei a análise aos dois álbuns anteriores de Alix Senator como 'Inusitada violência', mas estava longe de imaginar o que me esperava neste sétimo tomo, que encerra um ciclo de quatro álbuns e, mais do que isso, um primeiro arco alargado numa série que, álbum após álbum se apresenta como de leitura muito aconselhável.
[E não é de mais vincar que este heptateuco - que é como quem diz ‘conjunto de 7 livros’ - foi editado pela Gradiva, em português, em menos de ano e meio.]
Antes de mais, veja-se como o título deste volume - O Poder e a Eternidade - define bem o seu conteúdo e como grande parte desta série, derivada do Alix original de Jacques Martin, tem por mote as lutas intestinas pelo poder que ao longo de décadas devastaram Roma e impediram que o seu domínio sobre o mundo de então fosse ainda maior e mais absoluto.
Desta vez, Alix e os seus amigos são apanhados a meio da luta pelo poder político e militar e também pela confronto ‘supremo’ que opõe algumas divindades.
Traições, mesmo daqueles que são próximos ou familiares, fanatismo religioso, jogos palacianos, sonhos de autonomia ou independência e um completo desprezo pela vida humana, preenchem página após página, num relato frio e desapiedado.Com algumas situações limite - que nem sempre terão o desfecho ideal - bastantes surpresas e um desfecho que vem sublinhar o título que encabeça este texto, comprovando o que nos foi sendo mostrado cruamente ao longo do álbum, este encerrar de ciclo justifica elogios sentidos não só à argumentista, pela forma como foi guiando a acção - e as intrigas - num assinalável crescendo, mas também ao desenhador que foi crescendo em maturidade e segurança, correspondendo aos constantes desafios do enredo.
Neste contexto, soam tristemente irónicas e desencantadas as palavras com que Kephren a certa altura brinda Alix: "Tu és um herói. Sobrevives a todas as aventuras, toda a gente sabe. Tiveste sempre tanta sorte!"
Estavam longe de imaginar o preço a pagar...
Alix
Senator #7
O Poder e a Eternidade
Baseado
na obra de Jacques Martin
Valérie
Mangin (argumento)
Thierry
Démarez (desenho e cor)
Gradiva
Portugal,
Novembro
de 2022
233
x
313 mm, 48
p.,
cor,
capa dura
18,00
€
(imagens disponibilizadas pela Gradiva; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
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