13/12/2010

Margot La Folle

Muriel Blondeau (argumento e desenho)
Glénat (França, Novembro de 2010)
300 x 300 mm, 56 p., cor, cartonado


Resumo
Bokko, Marinus e Margot foram os únicos sobreviventes da epidemia de peste que dizimou a pequena aldeia onde moram.
Só que – já afectado pela febre ou apenas como dano colateral? – Bokko decide matar os outros dois para não o poderem contaminar. Animado por este intento, trespassa o coração de Marinus com uma flecha. Decidida a não perder o seu homem, que viu ser levado por alguns esqueletos, Margot parte em sua perseguição, não hesitando em procurá-lo até aos infernos, num conto medieval entre a poesia, a loucura e o delírio febril.

Desenvolvimento
Tal como Dulle Griet (Vitamina BD), de Hermann e Yves H., este álbum baseia-se – muito livre-mente, claro – num quadro (repro-duzido no final do post) com aquele título de Peter Bruegel, dito o Velho, um pintor do século XVI, natural da Flandres, célebre pelos seus quadros de paisagens e cenas campestres.
Se Hermann e o seu filho optaram por uma abordagem mais clássica, incluída na série “A Herança de Bois-Maury”, Muriel Blondeau optou por um registo de (quase) pura loucura, deixando o leitor permanentemente na dúvida se está perante um conto fantástico ou apenas a assistir ao delírio de uma Margot também já atingida pela febre.
De uma forma ou outra, a verdade é que a procura pelo seu homem, feita de entrega, abnegação e querer, revela muito de iniciático e leva a prota- gonista a cruzar-se com seres estranhos e bizarros, ao mesmo tempo que luta contra o inevitável, o horror e o que para ela é inaceitável.
Estando longe, graficamente, de ser uma obra que atraia de imediato, dado o seu traço rápido e pouco pormenorizado, e não sendo também um registo de leitura linear, ou não estivesse no limite do surreal e do absurdo, a verdade é que “Margot la Folle” (outra designação do quadro de Bruegel), possui um ritmo narrativo, uma construção dinâmica e uma grande dose de emotividade, que arrastam o leitor, juntamente com a protagonista, por infernos mais estranhos e curiosos do que assustadores, ávido(s) de saber onde o(s) levará a busca.

A reter
- O tamanho (leiam “o formato”) importa? Não é tudo, mas é marcante. Inserido na colecção “Carrement BD”, este álbum dispõe de uns generosos 30 x 30 centímetros o que, sem dúvida, faz a diferença e dá uma outra dimensão (literalmente) à obra, possibilitando diferentes recursos gráficos, graças à (maior) mancha disponível. O que a autora soube aproveitar, diversificando bastante a planificação das pranchas, alternando entre modelos mais tradicionais e outras soluções bem conseguidas, entre pranchas duplas, vinhetas sucessivamente sobrepostas ou cenas sem mais delimitação física do que os limites do próprio livro.

Menos conseguido
- Com a acção passada na Flandres, os diálogos incluem diversos termos em flamengo, devidamente traduzidos logo no início do álbum. O que obriga o leitor a avançar e recuar constan-temente, quebrando o ritmo de leitura e podendo mesmo perder o fia à meada. Fica um conselho: ignore-os; o seu contributo para a compreensão da narrativa na verdade é diminuto.

12/12/2010

Selos & Quadradinhos (9)

Stamps & Comics / Timbres & BD (9)

Tema/subject/sujet: Esportes Olímpicos
País/country/pays: Brasil/Brazil/Brésil
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2000

11/12/2010

Selos & Quadradinhos (8)

Stamps & Comics / Timbres & BD (8)

Tema/subject/sujet: The Peanuts
País/country/pays: Ilhas Caimão/Cayman Islands/ Iles Caïmans
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2002

10/12/2010

Selos & Quadradinhos (7)

Stamps & Comics / Timbres & BD (7)

Tema/subject/sujet: Science and Technology and Animation Series Nº 1 - Astroboy
País/country/pays: Japão/Japan/Japon
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2003

09/12/2010

O amor infinito que te tenho e outras histórias

Paulo Monteiro (argumento e desenho)
Polvo (Portugal, Outubro de 2010)
165 x 225 mm, 70 p., pb, brochado com badanas


Conheci o Paulo Monteiro há seis anos, no 1º Festival de Beja – director de um festival e também autor de BD, uma dualidade que raras vezes tem funcionado bem entre nós. Depois de uns parcos mails e alguns telefonemas trocados ao longo destes anos, reencontrei-o em Maio último, no mesmo local.
A impressão que tinha dele fortaleceu-se. Alguém dedicado, empenhado no mais estimulante festival de BD do país – isto sou eu que afirmo – mas que não gosta das luzes do estrelato, mesmo que elas sejam apenas os pirilampos que alumiam a BD neste país.
Agora, com a biografia inserida neste seu primeiro livro, descubro que também escreveu para a rádio e jornais, passou filmes de terra em terra, compôs música, tocou guitarra, foi professor de Geografia, participou em escavações arqueológicas, fez teatro de sombras e de fantoches e mais um largo etc. Mas de que destaco novamente: é director do Festival de BD de Beja e autor de BD. Mas agora com uma variante, ligeira mas fundamental: sensível. Um autor de BD sensível; de uma sensibilidade e uma capacidade de transmitir aos seus relatos um tom poético, íntimo, frágil, que raras vezes tenho encontrado em BD. De uma sensibilidade única que as poucas histórias desenhadas que tinha lido dele, soltas e esparsas em publicações diversas, não me tinham permitido descobrir, confesso.
Por isso, o meu obrigado à Polvo, do Rui Brito, pela edição deste livro.
E, claro, ao Paulo, também, por não ter desistido em nenhuma das muitas vezes que isso lhe passou pela cabeça, como desvenda – expondo-se duplamente – nos (poucos…) excertos do seu diário que concluem o livro e que permitem intuir, sentir a sensação de angústia que tantas vezes o atacou face ao papel em branco ou já rabiscado.
Volto ao livro, justificação destas linhas, para dizer que sim, Paulo; ele, o livro, faz todo o sentido, a sua linha condutora é forte e perfeitamente perceptível, feita do amor, da ternura, dos sentimentos fortes e nobres que nutre pelos que lhe são próximos. E que o Paulo soube expressar magnificamente – e, sim, sem ser lamechas! - numa linguagem mista de texto e desenho que poucas vezes vi assim (tão bem) usada neste registo.
E volto ao livro, mais uma vez, para destacar, porque é de inteira justiça fazê-lo, entre a dezena de histórias incluídas, a que dedicou ao pai – “Porque este é o meu ofício” – súmula do que atrás ficou escrito, dedicatória em vida a alguém que lhe é muito importante, exposição extrema (mas pudica e contida, como tudo no livro) do autor perante o pai, perante os leitores. Uma narrativa que toca, que mexe com os sentimentos e que faz pensar o que fazemos nós com os nossos pais, com aqueles que amamos.

08/12/2010

Selos & Quadradinhos (6)

Stamps & Comics / Timbres & BD (6)

Tema/subject/sujet: X-Men
País/country/pays: 1995
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1995


Nota: Estes selos – como outras que irei mostrando aqui – na verdade não circularam na Mongólia. Trata-se, isso sim, de uma emissão para coleccionadores, da responsabilidade do IGPC - Inter-Governmental Philatelic Corporation, entidade que durante cerca de duas décadas emitiu selos com personagens Disney, a que os correios da Mongólia deram o aval, tal como fizeram os serviços postais de diversos outros países asiáticos, africanos e das Antilhas, entre outros.

Note: These stamps - as others that I will show here – haven’t really circulated in Mongolia. They’re, rather, an issue for collectors, of the responsibility of the IGPC - Inter-Governmental Philatelic Corporation, an organization that for nearly two decades has issued stamps with Disney characters; in this case the Mongolian post office have the endorsement, as in other times, postal services of many other Asian, African and West Indies countries.

Note: Ces timbres – comme d’autres que j’irai montrer ici – sont pas vraiment diffusé en Mongolie. Ils sont, plutôt, une émission pour les collectionneurs, de la responsabilité de l'IGPC - Inter-Governmental Philatelic Corporation, une organisation qui pendant près de deux décennies a émis des timbres avec des personnages Disney; cette fois, c’était le bureau de poste en Mongolie qui a donné son aval pour l’émission, comme l'ont fait, dans autres occasions, plusieurs services postaux des pays d'Asie, d'Afrique et des Antilles.

07/12/2010

Dicionário Universal da Banda Desenhada – Pequeno Léxico Disléxico

Leonardo de Sá
Pedranocharco (Portugal, Outubro de 2010)
160 x 230 mm, 202 páginas, pb, brochada com badanas

Sabe a origem de termos como gibi, fumetti, tebeo ou mosquito? Sabe que são todos sinónimos e foram ou são utilizados para designar a banda desenhada em diversos países? E tem ideia de há quantos anos esta expressão – banda desenhada – é usada em Portugal? E quando terá sido publicado o primeiro álbum de BD? Ou imagina que a primeira bedeteca (biblioteca especializada em banda desenhada) portuguesa, foi criada no Porto?
Estas e outras dúvidas e/ou curiosidades podem agora ser esclarecidas ou descobertas no “Dicionário Universal da Banda Desenhada – Pequeno Léxico Disléxico”, um livro com duas centenas de páginas que acaba de ser lançado pela Pedranocharco.
O seu autor é Leonardo de Sá, formado em Arquitec-tura pela École d’Archi-tecture de Grenoble, em França, e um dos maiores especialistas europeus em histórias aos quadradinhos, responsável por diversas obras e exposições, em Portugal e no estrangeiro. Parcialmente pré-publicado no BDJornal, uma publicação semestral dedicada à BD, este “glossário enciclopédico”, nas palavras do seu autor, “comporta várias centenas de termos internacionais comentados e, quando relevante, colocados no seu contexto histórico”. Por isso, se esta não é uma obra sobre autores ou heróis, muitos deles acabam por ser citados, como momentos marcantes da História das histórias aos quadradinhos. Ou “em quadra-dinhos”, “variante usada também no Norte do país”.
E se, como se lê no prefácio do jornalista Carlos Pessoa, “esta não é, obvia-mente, uma obra destinada a leitura corrida”, a verdade é que a forma descontraída e até bastante bem-humorada – sem que isso signifique menos rigorosa – como está escrita, transforma qualquer consulta pontual num bem mais longo exercício de leitura, pela forma prática como estão interligadas as 378 entradas, de “A4” até “zine”, nele incluídas.

(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 5 de Dezembro de 2010)

06/12/2010

The Walking Dead #1 - Dias Passados

Robert Kirkman (argumento)
Tony Moore (desenho)
Devir (Portugal, Outubro de 2010)
170 x 255 mm, 144 p., pb, brochado


Resumo
Este é o primeiro tomo de The Walking Dead, que reúne os primeiros seis comics desta série de culto.
Passada na região de Atlanta, o seu protagonista é Rick Grimes é um ajudante de xerife que acorda de um coma provocado por um ferimento de bala e, sozinho no hospital, constata que o mundo tal como o conhecia desapareceu, com a humanidade, reduzida a alguns pequenos grupos esparsos, destroçada por um estranho mal que faz os mortos ressuscitarem. Parte então em busca da mulher Lori e do filho Carl, que desapareceram da sua casa, num mundo povoado de zombies que se alimentam de sangue humano.

05/12/2010

Selos & Quadradinhos (5)

Stamps & Comics (5) / Timbres & BD (5)
Tema/subject/sujet: The Simpsons
País/country/pays: Austrália/Australia/Australie
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2005


04/12/2010

Selos & Quadradinhos (4)

Stamps & Comics / Timbres & BD (4)



Tema/subject/sujet: El Humor y la Historieta I/II/III
País/country/pays: Argentina
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1991/1998/2003

03/12/2010

Sin City – Valores familiares

Frank Miller (argumento e desenho)
Devir (Portugal, Junho de 2010)
168 x 258 mm, 128 p., pb, cartonada com badanas

Resumo
Dwight McCarthy e Miho mergulham no lado mais sórdido de Sin City para descobrir quem esteve por trás do assassínio da noite anterior, que vitimou uma figura política proeminente. Mas não só…
E uma vez descoberto o mandante, uma violenta vingança tem lugar…

Desenvolvimento
Sin City é a Cidade do Pecado. Uma cidade de contrastes – a começar pelo sublime preto e branco com que Miller a traça, embora neste volume o desenho surja mais esboçado, menos definido; mas em cujas pranchas, maiori-tariamente negras, o branco continua a rasgar, a cortar, a ferir os olhos, seja pela brancura imaculada da neve ou pelo sangue que jorra de feridas abertas à bala, mãos cortadas, cabeças decepadas. Pranchas que impressionam, que marcam, que surgem aos nossos olhos contidas ou espectaculares, ímpares, antológicas.
Sin City é uma cidade de contrastes, escrevia eu, onde convivem ricos e pobres, moralistas e prostitutas, políticos e cidadãos honestos, polícias e gente que respeita a lei, assassinos e quem os manda matar, oprimidos e opressores, amor e vingança, ternura e violência, sangue e carne rasgada, realismo e ficção, o crível e o incrível, artes marciais e força bruta, longas perseguições automóvel e diálogos tensos, poucas palavras e muita acção.
Sin City é – todos o sabem com certeza – um policial negro – mesmo muito negro… - com histórias breves, não originais mas narradas de forma originalíssima, estereótipos sim, mas fortes e bem construídos, onde não sendo sempre tudo aquilo que parece, no final, apesar de tudo, um certo sentido de justiça impera.
Histórias breves e fugazes que deixam impressão dura e duradoura, pela forma como são prolongadas ao longo de dezenas de páginas que decompõem em muitos momentos a acção que impera e galopa desenfreada, juntamente com a adrenalina que corre a rodos – nos protagonistas e em nós, leitores…
Por isso, finalmente, Sin City é o local onde todos um dia quisemos morar – mesmo não concordando com os princípios que a regem, mesmo temendo, abjurando a violência que a protagoniza – pela possibi-lidade de, por uma vez, tratar com os métodos de McCarthy ou Marv, os incom-petentes que nos rodeiam, os bancários e banqueiros fraudulentos, os políticos corruptos que nos governam, os animais (de duas pernas) à solta nas nossas ruas…
Por isso – ainda – Sin City é uma banda desenhada de eleição, para ler e reler, para reter, demorar o olhar, mas com moderação.

02/12/2010

As Melhores Leituras de Novembro

NewBorn - 10 dias no Kosovo (ASA), de Ricardo Cabral

Off road (Kingpin Books), de Sean Murphy

Scott Pilgrim #1 – Na boa vida e #2 – Contra o Mundo (Booksmile), de Brian Lee O’Malley

Dot & Dash (Libri Impressi), de Cliff Sterrett

Stuart - A Rua e o Riso (Assírio & Alvim + El Corte Inglés), de João Paulo Cotrim

Batman #88 e #89 (Panini Brasil)

The Walking Dead #1 - Dias Passados (Devir), de Robert Kirkman (argument) e Tonny Moore (desenho)

Jerry Spring - L'intégrale en noir et blanc - Tome 2 – 1955/1958 (Dupuis), de Jijé

O Escorpião #6 - O Tesouro do Templo (ASA), de Desberg (argumento) e Marini (desenho)

01/12/2010

Selos & Quadradinhos (3)

Stamps & Comics (3) / Timbres & BD (3)
Tema/subject/sujet: 10e Anniversaire du Centre Belge da la Bande Dessinée – 9 timbres pour la 9éme Art - Hommage
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1999

En Belgique, beaucoup d’émissions de La Poste, dédiés à la bande dessinée, sont accompagnées par la publication d'un petit livre (155 x 220 mm, 64 p. couleur) par le CBBD - Centre Belge de la Bande dessinée.
Sont habituellement des éditions numérotés, qui comprennent les timbres émis et la biographie et / ou des bandes dessinées des auteurs ou du héros en question.
Dans ce cas, de courtes biographies de Paul Cuvelier (auteur de Corentin) Jijé (Jerry Spring), Tillieux (Gil Jourdan), MiTacq (La Patrouille des Castors), Laudy (Hassan et Kaddour), Hubinon (Buck Danny), Dineur (Tif et Tondu) et Sirius (Timour).

In Belgium, many of philatelic issues of local post offices - La Poste - dedicated to comics, are accompanied by the release of a small book (155 x 220 mm, 64 p. color), by the CBBD - Centre Belge de la Bande dessinée.
They are usually numbered editions, which include stamps issued and biography and / or comic books of the authors or heroes in question.
In this case, short biographies of Paul Cuvelier (Corentin’s author), Jijé (Jerry Spring), Tillieux (Gil Jourdan), MiTacq (La Patrouille des Castors), Laudy (Hassan et Kaddour), Hubinon (Buck Danny), Dineur (Tif et Tondu) e Sirius (Timour).
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