Cada vez mais, as edições integrais são o melhor caminho para quem quer conhecer obras do passado - mesmo que relativamente recente - ou recordar aquelas que marcaram a sua infância ou juventude - com todos os riscos que isso acarreta!
Por
isso, esta será uma semana (quase?) toda dedicada a edições
integrais, aqui em As
Leituras do Pedro.
Depois
de Natacha,
Matt Marriott
e Chevalier Ardent,
hoje regresso ao western
com Tex.
De
forma natural, associámos as edições integrais a grandes volumes,
com duas ou três centenas de páginas. Este último factor está
presente na colecção (integral) Tex
Edição em Cores,
com que a Mythos replicou no Brasil - com variações
no número de páginas - a Collezione
Storica a Colori
original italiana, que entre 2007 e 2012 (com
uma extensão mais recente) a
Sergio Bonelli Editore publicou numa parceria com o jornal La
Repubblica e
a revista L’Expresso.
Falta-lhe o grande formato, que seria ilógico, pois este integral -
sim, é disso que se trata - respeita o tamanho original italiano. E
falta-lhe, também, de forma gritante, um pequeno dossier ou um texto
que contextualize a obra na sua época ou, no mínimo dos
mínimos,
a indicação das datas originais de publicação das histórias. E,
a talhe de foice, deixo a pergunta: que sentido faz o texto (básico
e descontextualizado…) sobre
(poucos)
filmes
e séries de TV de temática western,
que desperdiça duas páginas da publicação?
Uma
vez que aquela
informação não é apresentada, deixo-a eu
aqui:
as histórias Sangue
em Laredo
e Emboscada
Fatal
(aproveitando aqui o título da primeira vinheta de cada uma delas,
uma vez que esta edição compila histórias originalmente publicadas
em cadernos com 32 tiras, cada
um deles com título próprio)
que são publicadas na íntegra, datam de Agosto/Setembro de 1965.
Quanto a México
Mortal,
que arranca no final deste volume, surgiu originalmente neste último
mês.
Esta
é uma característica algo polémica da colecção, as histórias
incompletas. Se em termos de integrais francófonos é fácil agrupar
um número determinado de álbuns, no caso de Tex, em que as
aventuras tinham
duração variável isso torna-se mais complicado. É verdade que no
caso de uma publicação de
lançamento semanal,
como aconteceu em Itália, não é gravoso para o leitor, mas
a
questão pode mudar de figura no que diz respeito à edição
brasileira (compreensivelmente)
bem
mais espaçada no tempo… Sabendo que seria muito difícil ter só
histórias completas por número, o que iria variar
significativamente o número de páginas por edição e o respectivo
preço, este aspecto pode afastar eventuais leitores… Ou,
contraporão alguns, levá-los a comprar a edição seguinte para
completarem a leitura!
De
temática semelhante, apesar de bases diferentes - uma parte da
investigação do fabrico de notas falsas com uma mensagem, a outra
da
tentativa de compra de um
rancho a
qualquer custo -
as duas aventuras referidas, da
autoria dos criadores de Tex,
apresentam um western
clássico
estereotipado, com Tex e Kit a limparem duas cidades dos bandidos que
as dominam, cujos
assalariados caem
como tordos perante o fogo contínuo dos rangers. Nada que surpreenda
no contexto da época e da série, que
haveria de evoluir para relatos mais consistente, o que não invalida
que nos quase 20 anos que já levava de existência e mesmo nos anos
similares seguintes, não publicasse alguns dos relatos que tornaram
Tex um western
tão especial e garantiram a sua longevidade.
Gianluigi
Bonelli (argumento)
Aurelio
Galleppini (desenho)
Mythos
Editora
Brasil,
Fevereiro de 2019
160
x 210 mm, 224 p., cor, capa mole, semestral
R$
44,90
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