“Oxalá pudéssemos viver eternamente em
certos momentos da nossa vida…
…mas os instantes são efémeros, por
definição.”
In Novembro
A única certeza da vida é que na vida não há certezas. E cada vez
menos, com a precariedade do emprego, a saída tardia de casa dos
pais para uma vida própria, o isolamento provocado pelas redes
sociais, a imaturidade que cada vez desaparece mais tarde.
Novembro,
é sobre isto e, acima de tudo, sobre relações, a forma de as
encarar, a forma de as viver. Que às vezes são coisas diferentes.
Novembro,
é a história de Gus. Mas também de Clara, de Mario, de Lucia…
Jovens à procura de si mesmos, de rumo(s), com dificuldade nas
escolhas - ou não - presos a sonhos imberbes (eles), firmes nas
opções, mesmo que pouco convencionais (elas). Jovens que se cruzam,
partilham, convivem, desfrutam, se afastam.
O protagonista está fechado num mundo próprio, à parte. Tem
dificuldade em relacionar-se, tem dificuldade em manter relações.
Vive mais para si do que para os outros, raramente decide, deixa que
as coisas se decidam. O encontro com Clara parece poder mudar tudo
mas, citando Oscar Wilde, como fez Cabot, ‘Ter ou não um final
feliz depende de onde decidas terminar a história.’

Porque é, possivelmente, afinal, apenas um registo realista, um
retrato vivo de uma realidade actual, cuja melhor melhor forma de
descrever seja conseguida com apenas uma palavra: ‘indefinição’.
Novembro
Sebastià
Cabot
Levoir
Portugal, 22 de Agosto
220
mm x 300 mm, 192 p., cor, capa dura
10,90
€
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda sua extensão)
Essa indefinição (palavra muito correcta para defenir o livro) fez com que não lhe achasse muita piada.
ResponderEliminarCreio que foi bem editado numa coleção de "jornal", que permitiu a sua edição e aquisição e leitura por mim. Mas se fosse editado individualmente, não me parece que fosse compra minha.
O termo 'indefinição' aplicava-se tanto ao livro como à situação real da geração retratada.
EliminarEm relação ao livro, a questão é que não existe um princípio ou um fim, só nos são contados - para o bem e para o mal - uma sucessão de momentos... O que fazemos com eles, como os aproveitamos ou não, a forma de os interpretarmos irá valorizá-lo aos nossos olhos.
Boas leituras!
Pedro,
ResponderEliminareste livro é um exemplo muito bom da estrutura narrativa do Miniplot.
Se temos três tipos de estruturas mais faladas na estruturação de histórias:
- 3 actos
- Miniplot
- Antiplot
Se o Novembro é um excelente Miniplot (por vezes é o Slice of life), os três actos é a estrutura de quase tudo o que é super-heróis e o anti-plot, uma coisa com a Garagem hermética, por exemplo.
Eu gostei muito do Novembro, mas no entanto achei que faltava qualquer coisa. Penso que o problema é que uma história desde tipo é como partir um bolo em que há fatias que podem ser melhores que outras. A fatia que o autor tirou era óptima, mas se calhar não era a melhor.
Fernando, como escrevi acima, o livro é uma sucessão de momentos, de fatias, se quiseres. Umas melhores, outras piores, também em função da nossa situação e da nossa experiência, até da disposição no 'momento em que lemos', como diz no meu texto.
ResponderEliminarO problema é que, geralmente, o leitor comum gosta de histórias com princípio, meio e fim, não de ser deixado 'à deriva'...
Boas leituras!
Sendo de referir também, que é o "leitor comum" que compra o livros.
EliminarE se não achou piada ao primeiro que leu desse autor, provavelmente ficará (eu fiquei) "de pé atrás" em relação à compra de outros livros do mesmo...
Devido a este comentário/opinião (https://24.sapo.pt/opiniao/artigos/esquadrinhar-quadrinhos)
ResponderEliminarcomprei e li o referido livro...
Na verdade, quando o acabei de ler, lembrei-me deste post do Pedro e da seu titulo: "Indefenição" (e devido a isso, comento aqui)
Porque foi na verdade como fiquei ao terminar a leitura do Sabrina.
Indefenido.
Não sei se gostei ou nem por isso.
Não sei se percebei o que o autor pretendeu transmitir, ou nem por isso.
Não sei se o livro merece estar a lista do "Man Booker Prize" ou nem por isso...
Mas acho que devia ser uma obra lida por muitos dos que varrem essa internet fora a vociferar facilmente sobre tudo e sobre todos, sem terem o minímo de noção do mal que isso faz exactamente a esses todos ou individualmente sobre alguns.
E faz pensar sobre a facilidade que é actualmente de saber quase tudo sobre quase qualquer pessoa
É o tipo de obra que me faz (cada vez mais), assinar os meus posts com o pseudónimo "pco69"
Pela resposta do MECO, percebo que o inicio do meu comentário pode induzir em erro.
EliminarA obra a que me refiro, é naturalmente SABRINA de Nick Drnaso.
Como ele muito bem indicou :-)
Por momentos pensei que estavas a falar do Novembro e, apesar de não ter lido o livro, li o resumo e não estava a perceber o teu comentário :-).
ResponderEliminarDepois fui ler o artigo e é sobre Sabrina de Nick Drnaso.
Há umas semanas tinha referido este título como "sugestão" para uma futura Colecções Novelas Gráficas, no seguimento da notícia da nomeação para o Man Booker Prize. Já estive mesmo para comprar mas hoje em dia já temos a (boa) dúvida sobre se havemos de comprar em Inglês ou aguardar uns tempos porque pode sair em PT. Ficou em standby mas irei comprar mais tarde ou mais cedo.