Chega
hoje às bancas e quiosques portugueses o primeiro díptico de Largo
Winch, a nova colecção de BD ASA/Público, já apresentada em
As Leituras do Pedro.
Serve
de introdução ao protagonista e ao grupo financeiro que ele vai
gerir, baliza desde logo os parâmetros em que a colecção se vai
desenvolver e é também um exemplo de como escrever/desenhar uma boa
série de aventuras, cujo único pretexto é proporcionar uma leitura
descontraída.
Momento
1: Nos Estados Unidos, um homem envelhecido - haveremos de saber ser
Nerio, Winch, um dos maiores milionários do mundo - ameaça e é
ameaçado e acaba por falecer.
Momento
2: Um jovem turista na Turquia é atraído a uma armadilha, e acaba
preso, acusado de assassínio.
Momento
3: A morte de Nerio Winch lança o pânico no grupo de que era o
principal accionista, a que se segue a estupefacção por se saber
que tinha designado um herdeiro, até aí desconhecido de todos.
É
assim que Jean Van Hamme faz arrancar O Herdeiro, primeiro dos
tomos em BD de Largo Winch, que adaptam os romances homónimos do
próprio argumentista. Neles, entrega o protagonismo a Largo, um
jovem culto, com formação superior, impulsivo e disposto a tudo
pelos amigos, mas também implacável por aqueles que o traem ou
tentam enganar, dá-nos pormenores - os necessários - da sua
infância e juventude, forma a galeria central de personagens que,
com uma ou outra alteração, permanecerá ao longo da série e,
numas curtas 92 pranchas - quem leu XIII, do mesmo
argumentista, recorda certamente o ritmo frenético que Van Hamme
consegue impor na sua escrita - resolve o mistério inicial: quem,
dentro d’O Grupo W (título do segundo álbum), está
disposto a tudo para assumir o controlo.
Ao
tom inicial de mistério, já com as questões financeiras e de
controlo do grupo como pano de fundo, como acontecerá em toda a
série, juntar-se-à rapidamente o factor aventura, com acção
trepidante, muitos volte-faces e soluções mesmo no limite do
possível ou aceitável que estimulam a leitura, e um desfilar de
belas e sensuais jovens, que na época - início da década de 1990 -
eram sinónimo de algum arrojo e ousadia por parte dos autores,
aproveitando alguns ventos de mudança na revista Spirou, onde
Largo era pré-publicado.
E se
um ou outro pormenor revelam a idade dos álbuns, Largo Winch
continua a ser uma boa leitura descontraída, graças à sua
trama bem urdida e explanada, e também ao traço de Franq, que irá
evoluir qualitativamente ao longo da série, nervoso, dinâmico,
pormenorizado quanto baste e servido por um colorido adequado aos
diversos momentos da narrativa.
Nota
final - Estes dois álbuns já tinham sido publicados em português pela Bertrand
Editora, em 1993/1994.
Largo
Winch #1
O
Herdeiro/O Grupo W
Jean
Van Hamme (argumento)
Philippe
Francq (desenho)
ASA/Público
Portugal,
26 de Setembro de 2018
96
p., cor, capa dura
11,90
€
(pranchas da edição francesa original; clicar
nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Li à pouco os dois primeiros (muito bem reunidos num único volume). Gostei muito da história, não tendo gostado assim tanto do desenho. Os únicos LW que li foram os editados nas coleções ASA/Público, mas do que me lembro desses, fico com a noção que neste dois livros as fisionomias de Largo ainda andam à procura de estabilidade.
ResponderEliminarEm termos de argumento, confirma-se o ritmo alucinante e muito interessante.
Que a ASA e o Público continuem a editar séries completas como até aqui.