Irregular
Tenho
tido uma ‘relação’ irregular com Bastien Vivés.
Admirei
(moderadamente…) Le
Gout du Chlore,
achei brilhante Dans mes yeux,
abandonei Lastman
ao fim de poucos capítulos, não consegui ver em Polina
(tudo) aquilo que tantos proclamaram.
Uma
irmã
é mais um capítulo deste percurso que, se não me rendeu (outra
vez) a Vivés, me proporcionou uma leitura envolvente.
Começo
pelo que me desagradou. Desde logo, os rostos (por vezes) sem
olhos - o que os torna inexpressivos, pormenor de suma importância numa narrativa em que as emoções se sobrepõem às acções.
E,
também, a ‘maturidade’ dos protagonistas, que, para mim, não
combinam com o que a obra nos conta. Antoine, de 13 anos, parece-me
(física, mental e sexualmente) mais próximo do seu irmão Titi (de
10) do que de Héléne (de 16). Que, indubitavelmente, está bem mais
desenvolvida - e até em sintonia - com os rapazes (mais velhos) que
conhece no local onde passam férias.
Uma
irmã,
convém situar quem lê estas
linhas,
narra (mais) umas férias de Antoine, Titi e os seus pais, numa
pequena vila junto à praia. Desta vez, com a companhia de Sylvie,
que acabou de ter um aborto espontâneo, e a sua filha Héléne.
Entre
a praia, as festas populares e o muito tempo livre, esta última e
Antoine vão desenvolver uma atracção mútua que para o rapaz será
de descoberta da sexualidade e do sexo. Héléne dar-se-á -
moderadamente… - a outro rapaz local, constrangendo - mas não
afastando - Antoine, sem dúvida perdido
entre a adolescência infantil e o desabrochar de uma outra
realidade, a sensação de euforia que cada contacto com a jovem
proporciona em contraste com o ciúme e o sentimento de rejeição
que sente quando a vê com outro(s).
Vivés,
com um traço (sem expressões faciais…), simples mas muito
eficiente e de uma assinalável agilidade e dinamismo - como já nos
mostrara em Polina
- narra-nos de forma terna e contida, a relação que os dois jovens
vão desenvolvendo, com avanços e recuos, desilusões e surpresas,
iniciação e descoberta, uma relação daquelas que nunca mais se
esquece e fica como boa memória para toda a vida.
E
que o autor vai tornar ainda mais forte e significativa, quase no fim
do relato, com um pormenor - imenso… - que no momento parece
insignificante mas que terá uma importância determinante. E que,
obviamente, não vou referir mas que convido a descobrirem, porque é
ele que torna obrigatória uma leitura que já se justificava.
Uma
irmã
Bastien
Vivés
Levoir
Portugal,
11 de Julho de 2018
195
x 280 mm, 224 p., pb, capa dura
10,90
€
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
Tenho uma relação próxima (familia) com um rapaz de 13/14 e uma rapariga de 16/17 e a "maturidade" das personagens bate pefeitamente com a maturidade observada na "bida real" :-)
ResponderEliminarPor vezes a falta de expressão nas caras é realemtne irritante, mas nos momentos necessários as caras são bem expressivas. E isso é verdadeiramente visível na vinheta da segunda página que apresentas. No olhar espantado/admirado do rapaz ao ver a desenvoltura com que Helene se despe e nomeadamente os seios no soutiã mesmo ao lado da sua cara...
Ainda não li o Polina. Quando vejo/leio por "meia internet fora", grandes louvores a uma obra... costumo ficar de "pé atrás". Pelo que acabo por ir adiando a sua leitura.
Para mim o melhor livro desta última coleção das Novelas gráficas.
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