É um grande senhor da BD mundial, tem 83 anos, uma energia surpreendente e contagiante e uma obra que fala por si, reconhecida internacionalmente e que atravessa gerações.
A
Comic Con Portugal, de que foi este
ano o
grande cabeça de cartaz, em cinco edições nunca tinha vista filas
para autógrafos de um autor de BD como as que Maurício de Sousa
originou nesta edição de 2018, nem nunca tinha visto um auditório
a abarrotar como aquele que o acolheu com uma imensa salva de palmas
quando entrou.
As
Leituras do Pedro: O que sentiu quando entrou no auditório?
Maurício
de Sousa: Carinho.
Um carinho que surge devido às personagens que criei, que são como
se fossem meus filhos. E que devido
a essa carinho não
estou sozinho. Não estar sozinho é a maior das maravilhas.
As
Leituras do Pedro: Alguma vez sonhou chegar onde está hoje?
Maurício
de Sousa:
Sonhar, nunca sonhei, mas planeei tudo. Quando planeamos, não
sabemos se vai dar certo, se vai resultar. No meu caso, muitos dos
projectos avançaram e materializaram-se. Mas há alguns, poucos, que
não deram certo.
As
Leituras do Pedro: Esses ficaram esquecidos ou estão à espera de
outra oportunidade?
Maurício
de Sousa:
Não estão esquecidos, ficaram a pesar-me no pensamento, foram
fracassos. E eu não estou habituado ao fracasso. Foram projectos que
não se enquadraram nas expectativas ou tiveram algum erro de cálculo
quanto ao seu contexto.
As
Leituras do Pedro: Quais foram os fracassos que lamenta mais.
Maurício
de Sousa:
Os Beatles infantis foi
um deles. Foram recusados por 3
votos a favor e 1 voto
contra, de
uma representante de um dos músicos. Nunca soube quem foi.
Mas
o fracasso que me custou mais foi o Dieguito, a versão desenhada de
Maradona. Desenvolvi uma série de personagens para o acompanharem e
enquadrarem, concebi uma campanha para o lançamento a nível mundial
do Dieguito, mas não pude avançar devido ao comportamento que
Maradona tinha na época, que o impedia de ser um exemplo para os
pequenos leitores a quem o Dieguito se destinava. Era para ter sido o
meu novo Pelezinho.
As
Leituras do Pedro: O que é a Turma da Mônica hoje?
Maurício
de Sousa:
Uma marca. Não no sentido comercial, mas como uma bandeira colocada
num território que se conquistou. É uma marca que irradia arte,
mensagens, exemplos de comportamento, entretenimento e cultura.
As
Leituras do Pedro: O que vem a seguir?
Maurício
de Sousa:
Está em gestação uma terceira via da Turma da Mônica, a Turma da
Mônica Adulta, para finalmente termos uma turma de e para cada faixa
etária.
A
partir de 2019 serão lançados diversos filmes, com as diversas
turmas, em animação ou não, para a Internet. A produção já
começou e terão circulação a nível mundial, sem fronteiras de
público.
A
par disso há uma grande aposta no lançamento de revistas e produtos
derivados no México e no Japão. Neste último caso a aposta é
grande por isso criei a Maurício de Sousa Produções Japan.
As
Leituras do Pedro: O que é que ainda lhe falta fazer?
Maurício
de Sousa:
Só vou saber amanhã (risos). Às vezes, de uma conversa, um
passeio, uma palestra, surge uma nova ideia.
(um obrigado especial aqueles que tornaram possível esta entrevista; clicar
nas fotografias para as aproveitar em toda a sua extensão)
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