Patente
- ainda! - até dia 10 de Janeiro de 2022, é imperdoável não
visitar a exposição dedicada a Hergé que está patente na Fundação
Calouste Gulbenkian.
Não
sendo a primeira em Portugal - eu tive o privilégio de pensar e
organizar uma no 5.º Salão Internacional de Banda Desenhada do
Porto, em 1989, a propósito dos 60 anos de Tintin, bem retratados
por Pedro Morais nos materiais de divulgação do evento - esta é
com certeza a maior e a primeira a ter originais do criador de
Tintin.
Para mim, assinalou um belo regresso ao seu universo, depois da (minha) rocambolesca estreia em Angoulême (com direito e entrada pela porta dos fundos e uma série de rolos fotográficos em branco), naquele mesmo ano, quando o principal salão francês exibiu todos os originais de Le Lotus Bleu.
A exposição da Gulbenkian, inevitavelmente - para o melhor e para o pior - com a concepção, execução gráfica e montagem da Moulinsart, distingue-se por propor a descoberta de outras facetas de Hergé, para lá da banda desenhada que o tornou famoso. Dessa forma, o trajecto apresentado, a par dos valiosos originais de Tintin - e de outras séries ‘menores’ do autor belga - leva-nos também através da sua actividade na publicidade e da sua paixão pela pintura, num caso e noutro com criações suas.
Quase sem darmos por ela, o percurso labiríntico - mas espaçoso, bem orientado e com alguns dos espaços devidamente sonorizados - transporta-nos ao longo de mais de meio século, com os originais, reproduções e esboços a serem complementados e enquadrados por explicações, vídeos e objectos, numa demonstração plena de profissionalismo, mas onde se adivinha também paixão.
Como nota positiva, fica uma referência para o bonito gesto de incluir Oliveira de Figueira entre os membros da Família de Papel do herói, dada a sua origem portuguesa.
Mostra para apreciar, degustar demoradamente e até voltar - pelo menos para quem mora perto… - Hergé fica como um dos acontecimentos culturais deste ano no nosso país.
E, adianto eu, espero que seja a primeira - aqui sim- de outras manifestações semelhantes que possam trazer a Portugal - à Gulbenkian ou a outros espaços - outras mostras de grandes autores de BD.
‘Para mais tarde recordar’ como dizia a publicidade, fica a versão em português do catálogo Hergé e o seu suplemento Hergé em Portugal.
Se em ambos os casos a informação pouco ou nada traz de novo para quem já faz de Tintin e do seu autor um das suas paixões, para o leitor/visitante ‘apenas’ curioso ou interessado, ambos são uma fonte de muita informação. Enquanto que o primeiro reproduz muita da iconografia presente na mostra, o segundo traça de forma muito completa o percurso editorial da obra de Hergé no nosso país, com muitas das pequenas curiosidades e peripécias que a envolveram
Exposição
Hergé
Fundação
Calouste Gulbenkian
Até
10 de Janeiro
Hergé
Catálogo
da exposição
Fundação
Calouste Gulbenkian
Portugal,
Outubro de 2021
240
290 mm, 48 p., cor, capa dura
Hergé
em Portugal
210
x 245 mm, 52 p., cor, capa mole
15,00 € (preço do conjunto)
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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