Olhar para trás
Se
é verdade que a maior parte das histórias de Dylan Dog - e de boa
parte das das outras criações Bonelli - são auto-conclusivas e
conhecer o passado da personagem não é necessário, com certeza
muitos dos leitores (habituais) do Detective do Pesadelo já se
interrogaram sobre as suas relações com Groucho ou com o inspector
Bloch, sobre as origens da sua casa em Craven Road ou da interminável
miniatura do galeão em que se empenha tanto, ou sobre o momento em
que decidiu abandonar o consumo de álcool.
Para
estes, esta é uma edição fundamental. Para os outros, é mais um
belo caso policial - e humano.
O número duzentos, sexto livro - em dez - protagonizado por Dylan Dog na colecção Aleph, da editora A Seita, publicado exactamente na edição #200 original italiana, revela-se uma história fulcral na cronologia do detective. Surgindo na sequência do belíssimo Até que a morte vos separe, revela como Dog deixou a Scotland Yard, conheceu Groucho, se mudou para a residência que lhe conhecemos, comprou o kit do galeão e se tornou detective.
A responsável por tantas respostas é Paola Barbato, escritora de muitas das suas histórias, que consegue encadear de forma coerente e sustentada toda esta informação, com uma história trágica e humana, a tal história que pode - e deve - ser lida por conhecedores ou não de Dylan Dog.
Porque, nessa história - que obviamente é uma e a mesma já referida acima - ficamos a saber qual o acontecimento traumático que uniu de forma tão profunda Dylan e Bloch. Mas, até lá chegarmos, teremos de percorrer quase a centena de pranchas desta edição, porque Barbato, de forma hábil, para suscitar a curiosidade dos leitores vai intercalando - por vezes página sim, página não - dois relatos aparentemente desconexos mas que, no final, se tornarão uno e darão ao leitor todas as respostas
Graficamente, se Bruno Brindisi corresponde à exigência gráfica que é imagem de marca da casa Bonelli, aqui e ali, em especial nas primeiras páginas, revela alguma dificuldade em conferir a Bloch o aspecto mais realista que a restante obra ostenta. Isto não invalida o bom uso de contrastes branco e negro e um traço ágil e dinâmico.
É por isso que, mesmo sabendo que geralmente os números centenários das colecções Bonelli são publicados a cores, prefiro esta edição no preto e branco que A Seita propôs - tal e qual como foi originalmente pensada e desenhada, aliás. Pena foi que, esta alteração em relação à edição italiana não tenha também sido contemplada com uma capa diferente - que a editora portuguesa tentou - pois a que foi utilizada não é realmente feliz.
Dylan
Dog: O número duzentos
Colecção
Aleph
Paola
Barbato (argumento)
Bruno
Brindisi (desenho)
A
Seita
Portugal, Outubro de 2021
170 x 230 mm, 104
p., pb, capa dura
13,00
€
(imagens disponibilizadas pela editora A Seita; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui mostradas para as aproveitar em toda a sua extensão)
É uma pena o formato livrinho. Porque não usar o mesmo tamanho das edições Levoir (Johnny Freak com 23 ou Mater Morbi com 21,5 de mancha vertical), e cobrar mais 1-2€? Comprei o Até que a morte vos separe, e foi uma decepção com 18,8. Este é do mesmo tamanho, e por isso apesar de a história me interessar, não vou cair outra vez.
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