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13/05/2024

Lydie

Encher a alma e aquecer o coração




Esta história tem por cenário o Beco do Bebé com Bigode. A artéria não se chama assim, claro, mas quase todos esqueceram o barão que lhe deu nome, quando um vândalo de trazer por casa decidiu pintar um farfalhudo bigode no bebé da publicidade a um sabonete, que decora o muro no fundo da rua.

10/05/2024

Undertaker #7: Mister Prairie

Religiosamente


Mesmo em tempos em que o tempo escasseia e a pilha de livros para ler parece tocar o céu, há álbuns que como movidos pelo maligno, ignoram prioridades estabelecidas e saltam para o seu topo.
Undertaker, que desde o seu inicio, antes até da edição portuguesa, sigo religiosamente - pelo menos na óptica do evangelho segundo Jonas Crow - é um desses casos.

08/05/2024

Alix Senator #11 - O Escravo de Khorsabad

A
tormentado pelo peso do mundo


Penso que já o escrevi por aqui: apesar de ter lido todos os álbuns publicados em português - e de ter tido até o privilégio de traduzir parte deles, o que potencia sempre uma leitura mais profunda, completa e atenta - nunca fui fã absoluto de Alix e a série nunca foi uma das minhas referências, embora lhe reconheça todos os méritos e qualidades - tal como algumas fraquezas.
Curioso, a princípio em relação a Alix Senator, a cada novo álbum dou por mim mais rendido a esta inteligente e consistente sequela.

07/05/2024

Jonas Fink - Inimigo do povo

Só muda a cor das ditaduras


Com a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril ainda como pano de fundo, permanece a necessidade de lembrar o que a revolução quis mudar e fazer e não deixa de ser uma coincidência agradável a publicação recente deste livro, Jonas Fink: Inimigo do povo, cuja acção decorre numa ditadura de outro tom, a Checoslováquia "vermelha" do bloco soviético da década de 1950, mas em que os métodos repressivos e os efeitos que provocavam eram indiscutivelmente similares.

02/05/2024

Clássicos da Literatura Portuguesa em BD #4 Carta a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil

Outra vez





Pode concordar-se ou não, pode gostar-se mais ou menos da opção, mas a verdade é que esta adaptação - tal como a que André Morgado já tinha feito da Farsa de Inês Pereira - tem pelo menos um grande - enorme mesmo! - mérito: tornar compreensível nos dias de hoje, obras com centenas de anos e a respectiva linguagem datada.

29/04/2024

Lonesome #4

Fim de ciclo no Velho Oeste


Se às novas gerações o western dirá pouco, houve uma época em que o género imperava e seduzia. Na banda desenhada, como no cinema, os grandes espaços naturais, o confronto entre o homem branco, dito “civilizado”, e os peles-vermelhas, ditos “selvagens”, e a necessidade de superação constante eram os principais atractivos, a par de figuras marcantes que preencheram o imaginário de muitos, do western puro e duro, com muitos tiros e poucas considerações, de que Tex será um dos melhores exemplos, aos relatos humanistas, que têm em Buddy Longway um dos mais relevantes.

23/04/2024

A estrada

Pai e filho s
em destino na estrada da morte

Cuidado com o que metes na cabeça.”

In A Estrada


Um homem e uma criança empurram com dificuldade um carrinho de supermercado ao longo de uma estrada. São pai e filho, como descobrimos rapidamente, mas a condição que sem-abrigo que intuíamos para eles revela-se errada. São sobreviventes de uma catástrofe que reduziu a humanidade a pouco mais do que à selvajaria animal e que nunca é explicada e seguem passo após passo em busca da ilusão de um local melhor para viver.

19/04/2024

Une nuit à Rome - Ciclo I

Loucas promessas de juventude

Até onde teríamos de ir se decidíssemos nos cumprir todas as promessas loucas feitas na adolescência/juventude?
Une nuit à Rome(-nos um)a resposta.

16/04/2024

The Walking Dead - Colectânea #2

Os mortos-vivos estão de regresso



Corria o ano de 2010 e a febre zombie de The Walking Dead espalhava-se pelos pequenos ecrãs mais depressa do que a epidemia de origem desconhecida que provocava o ressuscitar dos mortos.
Agora, já com as 10 temporada de The Walking Dead vistas - e nalguns casos revistas - bem como os respectivos spin-off, a Devir, numa atitude de louvar, regressa a esta banda desenhada, num formato cada vez mais corrente hoje em dia: tomos volumosos, no caso com mais de meio milhar de páginas, a solução escolhida para terminar a edição lusa num período de tempo razoável.

12/04/2024

Brigantus #1 - Banido

Como um vício





Como um vício - que no entanto faz cada vez menos efeito, mas ainda sem ter chegado ao ponto de o largar - continuo a ser atraído por Hermann - pela sua obra… - álbum após álbum, meio ano após meio ano…

09/04/2024

Quentin por Tarantino

A acção por detrás das câmaras e das luzes


Se começou por ser cómica, daí a sua designação americana, e se se expandiu ao vestir traço realista para narrar todo o género de aventuras, a banda desenhada, que aos poucos assumiu também o género histórico e a adaptação de romances e filmes, em décadas recentes tem demonstrado à exaustão a sua capacidade para servir todas as temáticas. A autobiografia, por exemplo ou, mais além e ousadamente, a reportagem ou reflexões sobre a sociedade, o nosso mundo, a sua viabilidade e o seu futuro, têm comprovado a pluralidade e todo o potencial de uma forma narrativa que durante muitos anos foi considerada por muitos “para as crianças”.

05/04/2024

O Sr. Gato Mágico

Primeiros passos




Para que a banda desenhada continue a ter leitores - e não fique refém daqueles por quem o tempo vai passando inexoravelmente - é necessário que as novas gerações desde cedo apreendam as suas regras e subtilezas.

02/04/2024

Bubas - Addicted to love

Memórias de
outra vida


Quem viveu por dentro do mundo da banda desenhada nos anos 1980 e 1990, antes do aparecimento das tecnologias que revolucionaram também a impressão, e tinha aspirações a ser autor, inevitavelmente ou quase passou pelos fanzines, ou seja pelas edições amadoras.
É o caso de Dário Duarte, a identidade secreta (pública) de Derradé que, entre os jornais em que colaborou, os fanzines que auto-editou e algumas edições um pouco mais profissionalizadas em que publicou, foi traçando um retrato do mundo universitário em que vivia então, que obviamente era também um retrato de um certo Portugal. Entre as suas criações da época, destacam-se duas que foram recorrente na sua obra impressa: os Bad Summer Boys, uma banda punk de garagem, e Bubas, uma projecção em que se adivinham apontamentos auto-biográficos.

28/03/2024

Noir Burlesco #2

Contar sempre a mesma história

Há quem defenda que só existe um punhado de histórias para contar e o que varia são as épocas, os locais e as roupagens com que são vestidas as personagens que as vão interpretar. E acima de tudo, a forma como são (re)contadas.
Por essa ordem de ideias, Noir Burlesco é (mais) uma variação de uma temática tantas vezes abordada, aquela que tem por base o eterno triângulo amoroso.

25/03/2024

O Mundo sem Fim

A corrida energética contra o relógio


Sabemos que o sistema antigo não resultará muito mais tempo”
In O Mundo sem Fim

Dentro do novo paradigma que vive a banda desenhada em Portugal, já aqui referido anteriormente, e que passa por mais editoras a apostar no género e por uma maior diversidade temática, O Mundo sem Fim, edição recente da Ala dos Livros, é uma das apostas mais arrojadas.

Afirmá-lo não questiona a qualidade intrínseca da obra, a sua actualidade ou o seu interesse, mas destaca a sua temática, pois aborda questões como as alterações climáticas, os vários tipos de energia, a limitação dos recursos energéticos e as opções necessárias para garantir a continuidade da espécie humana neste planeta, que muitos não esperariam ver tratados em banda desenhada.

Já com mais de um milhão de exemplares vendidos em França, onde foi o livro mais vendido em 2022, considerando todos os géneros e não apenas a BD, ultrapassando mesmo a concorrência de uma novidade Astérix, tem por base uma longa conversa entre Jean-Marc Jancovici, um renomado especialista em questões energéticas e alterações climáticas, e Christophe Blain, um dos grandes autores de BD actuais.

Se o tema se poderia ter tornado maçador, pesado e até desinteressante, Blain conseguiu transformar a exposição numa narrativa viva e dinâmica, com pequenos apontamentos de humor gráfico, referências que todos podem compreender e uma capacidade de expor graficamente perante os olhos do leitor as questões tratadas, proporcionando uma leitura fluída e apaixonante que custa interromper. Para aqueles que gostam de apontar a banda desenhada como modelo de virtudes didáticas este é um ótimo exemplo, tanto capaz de seduzir aqueles que já lêem esta arte regularmente, quanto os que muitas vezes ainda continuam a olhar para ela de lado.

Em O Mundo sem fim, somos confrontados com problemas incontroláveis, questões inadiáveis, soluções aparentemente miraculosas que não o são, a ilusão das energias renováveis ou aquelas que hoje parecem o truque de magia saído da manga, questões que são polémicas, assustam e obrigam a pensar sobre o rumo que queremos tomar.

Num tom que não é catastrofista, mas apenas profundamente realista e não tem medo de opiniões fortes e pouco consensuais, este livro mostra claramente que, ao contrário do que o seu título parece indicar, não vivemos num mundo sem fim; tem limitações e recursos finitos e, em nome da nossa sobrevivência, convém estarmos alertados e tomarmos medidas, mesmo que incómodas, para não termos de assistir ao seu ocaso.


E mesmo não sabendo se o sucesso pode ser importado para um mercado que não tem os mesmos hábitos de leitura - e ainda menos de leitura de BD - esta aposta da Ala dos Livros é mais um marco num catálogo rico e distinto.


O Mundo sem Fim
Jean-Marc Jancovici (argumento)
Christophe Blain (desenho)
Ala dos Livros
Portugal, Fevereiro de 2024
235 x 310 mm, 196 p., cor, capa dura, fita marca-páginas
35,00 €

(versão revista do texto publicado na página online do Jornal de Notícias de 8 de Março de 2024 e na versão em papel do dia seguinte; imagens disponibilizadas pela Ala do Livros; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

15/03/2024

Les Franval - Destination Desertas

Aventura em Portugal


Há muito procurado, este álbum chegou-me finalmente às mãos. Se são muitas as criações estrangeiras com referências ao nosso país, algumas das quais já referidas aqui no blog em Portugal aos QuadradinhosPortugal aos Quadradinhos II ou, mais especificamente em O Porto aos Quadradinhossão mais raras as que têm Portugal como cenário absoluto. É o caso desta quarta aventura da família Franval, cujos cenários se dividem entre Lisboa, Estoril, Funchal e a Deserta Grande que surge no título e onde se dá o desfecho.

13/03/2024

O Espetacular Homem-Aranha #4/#48

Olhar para trás




Nunca fui leitor Marvel regular durante o tempo em que poderia ter sido agarrado pelo género, a adolescência e juventude; nessa época fiz apenas leituras esparsas de super-heróis e mais tarde, por uma questão de conhecimento geral de banda desenhada, procurei suprir essa minha lacuna.

12/03/2024

O Lobo

Em nome da necessária sobrevivência


Em Portugal, Jean-Marc Rochette é conhecido como autor do volume I e do volume II de O Expresso do Amanhã (Levoir, 2020), a banda desenhada que esteve na origem da série homónima da Netflix, uma história de sobrevivência de uns quantos eleitos ou privilegiados, transformada em luta de classes no interior de um extenso comboio, que circula a grande velocidade, numa viagem interminável pela superfície coberta de neve do planeta Terra.
Revelado na época áurea da mítica revista (À Suivre), Rochette tem agora editado, pela Arte de Autor, O Lobo que, curiosamente, é também uma história de sobrevivência, de novo numa paisagem regularmente coberta de neve, os Alpes franceses.

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